DefesaNet Matérias da série publicadas pela Folha de São Paulo, em 01 Outubro 2012: PCC – Lamenta prejuízos por ações da polícia em SP Link PCC – Arquivos chegam a 'chefes' na prisão por pen drive Link PCC – Para disfarçar, maconha vira morango nos relatos de facção Link |
DE SÃO PAULO
DO "AGORA"
Pera, figo e morango são frutas, certo?
Não para o PCC. Para tentar enganar as autoridades, os criminosos usam os nomes dessas frutas para denominar as drogas que vende em suas bocas de fumo.
Maconha vira morango, pedra (de crack) é pera e farinha (gíria para cocaína), figo.
A cebola é um falso nome para mensalidade. Tem essa denominação porque a pessoa "chora" para pagar.
Em parte dos 400 documentos a que a Folha teve acesso, estão ainda outros nomes que são usados como forma de disfarce.
Os bandidos chamam os advogados de gravatas, os veículos são os pés de borracha, o dinheiro é arame, as armas são ferramentas, os recados repassados a outros comparsas são as pipas, as informações enviadas a toda a facção ou a grupos específicos são os salves, os imóveis do bando chamam-se tijolos.
As funções ocupadas por membros do grupo criminoso também têm apelidos. O vapor é quem vende a droga. O campana é o olheiro da boca-de-fumo. O toca é aquele que esconde a droga em sua casa. Além disso, tem o sintonia (uma espécie de chefe e contato de determinado setor da facção) e os torres (os que mandam em presídios ou em alas de penitenciárias).
SAIBA MAIS
Desde a década passada policiais têm apreendido documentos contábeis do PCC. Até o momento, contudo, nenhum dos arquivos retidos continha detalhes como os dos obtidos pela Folha.
Com base em documentações anteriores, policiais concluíram que a facção criminosa estabelece contatos com traficantes no Paraguai e na Bolívia e já fez parcerias com o grupo criminoso Comando Vermelho, do Rio.
Esses documentos mostraram também a compra de fuzis e que a facção usa contas bancárias de "laranjas" para movimentar dinheiro.
O PCC foi criado em 31 de agosto 1993 por oito criminosos que estavam presos na Casa de Custódia de Taubaté (a 130 km de São Paulo). Entre 1998 e 2001, algumas das lideranças foram transferidas para presídios do Paraná, do Mato Grosso do Sul, do Distrito Federal e do Rio de Janeiro.
Em maio de 2006, depois do isolamento de 755 presos da facção da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, o PCC fez uma megarrebelião, atingindo 74 dos 144 presídios de São Paulo, e atacando forças de segurança. Na ocasião, 47 assassinatos foram atribuídos ao grupo criminoso.