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PCC – Age no Porto de Santos

Publicado 16 Junho 2014

O Ministério Público paulista acusa um sindicato de caminhoneiros do Guarujá (litoral paulista) de ameaçar trabalhadores e empresas do porto de Santos citando ligações com a facção criminosa PCC.

Investigações da Promotoria apontam que o grupo fixa fretes acima do valor de mercado e pressiona companhias para garantir uma carga diária mínima para o sindicato.

Empresas que não atendem às demandas têm seus terminais fechados por protestos. Concorrentes são agredidos e, em alguns casos, têm caminhões danificados ou incendiados, conforme a acusação.

O grupo é descrito pelos promotores paulistas como "assombroso, assustador, incontrolável, devastador".

Segundo o Ministério Público, ele "invoca o apoio da facção criminosa conhecida como Primeiro Comando da Capital (PCC) para ameaçar as vítimas, invadindo cooperativas e associações de caminhoneiros, exigindo que tais entidades cessem suas atividades para que o Sindcon possa manipular as empresas transportadoras".

O grupo, diz o Ministério Público, é liderado pelo ex-vereador do Guarujá José Nilton de Oliveira (PP), o Doidão.

Desde 2011, procuradores pedem a prisão do ex-vereador e de outras seis pessoas ligadas ao Sindcon (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Contêineres do Litoral Paulista). Procurados pela Folha, Doidão e Sindcon não responderam até a conclusão desta edição.

A ação da Promotoria paulista não foi julgada ainda. A Justiça de São Paulo diz que a ação deve ser federal, por envolver crimes federais, o que é contestado pela Justiça Federal. Caberá ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidir sobre a competência.

A Folha conversou com sete empresas e trabalhadores e uma autoridade que atuam no porto que fizeram relatos sobre a atuação do sindicato. Temendo represálias, pediram para não ser identificados.

Segundo eles, cerca de mil caminhões da região do Guarujá (86 km de SP) e de Santos (72 km de SP), usados para levar contêineres vazios entre os dois lados do porto, estão sob controle do grupo, com faturamento estimado em R$ 8 milhões por mês.

A tática começou com ameaças a cooperativas e caminhoneiros autônomos que trabalhavam no setor. Depois, o grupo passou a pressionar terminais portuários, sempre usando o nome da facção criminosa PCC.

Investigações de 2013 do Ministério Público apontam que, depois de sofrer uma ação de busca e apreensão por parte da polícia, o Sindcon se dividiu em outras duas associações, que continuam usando as mesmas práticas.

Em depoimento à Promotoria em 2013, uma testemunha contou que Doidão determinou a paralisação do terminal da empresa Rocha Top, no Guarujá, por um dia.

Com ameaças, eles impediram até mesmo que carros de passeio deixassem a empresa, segundo o relato.

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