Reportagens publicadas nesta segunda-feira na imprensa internacional avaliam que a operação de ocupação da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, foi "espetacular", "determinante" e "ambiciosa".
Os relatos publicados nos jornais europeus e americanos destacam ainda que a retomada de territórios então controlados pelo tráfico de drogas será importante para garantir a segurança da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.
"Foi a operação mais ambiciosa até agora, em um esforço de aumentar a segurança antes que o Rio receba os jogos da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016", destacou o americano Washington Post.
"O governo está contando com esses eventos para sinalizar a ascensão do Brasil como potência econômica, política e cultural."
Ainda nos EUA, o Wall Street Journal ressaltou que a operação foi "cuidadosamente orquestrada".
Para o jornal, ainda que o Rio permaneça sendo "uma justaposição caótica de bairros, ilustrando a divisão sócio-econômica do Brasil", a "pacificação" das favelas "aumenta a esperança de que a cidade, após décadas de desespero, consiga manter o crime sob controle" para os eventos.
Já o New York Times destaca que a ocupação da Rocinha e do Vidigal foi um "esforço determinante" e uma "fase crucial no combate aos traficantes de droga que controlam favelas da cidade".
O diário lembra que a operação realizada nas primeiras horas foi diferente de anteriores que viram uma verdadeira batalha campal entre forças do tráfico e do Estado, deixando dezenas de mortos – como a ocupação do Morro do Alemão.
"Críticos dizem que a operação Choque de Paz pareceu um pouco exagerada, dada a tranquilidade da Rocinha em comparação com a atmosfera de outras favelas do Rio", escreve o jornal.
"Ainda assim, a operação permitiu às autoridades destacar os avanços na segurança nos últimos anos, que tornaram partes da cidade consideravelmente mais seguras."
'Cena de guerra'
Na Europa, o espanhol El País descreveu a operação como "espetacular". A ocupação "contou com uma cenografia própria de um Estado de guerra", escreveu o correspondente do jornal.
"O grosso da operação se produziu de noite e com o máximo sigilo, quebrado depois pelo estrondo dos voos rasantes dos helicópteros e o avanço dos tanques."
O britânico Independent descreveu a tomada da Rocinha como importante, dada sua "posição estratégica" para controlar o tráfico na zona sul do Rio.
Já o The Guardian descreveu com detalhes a suposta residência do traficante Sandro Luiz de Paula Amorim, o Peixe, apontado como um dos chefes do tráfico na facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA).
A visita dos jornalistas brasileiros e estrangeiros à residência de Peixe foi organizada pela própria polícia, em um esforço de marketing que conseguiu espaço na imprensa desta segunda-feira.
Muitos dos jornais também lembraram que a chegada da polícia foi recebida de maneira distinta pelos moradores: uns estavam otimistas, outros, pessimistas, e uma parte simplesmente não sabia o que pensar.
Como escreveu o El País, "quase ninguém espera grandes mudanças, e muitos comentam que sob o reinado do traficante Nem não viviam tão mal".
Para o jornal, "parece que ainda será necessário esperar um pouco para que o plausível processo da reconstrução social empreendido pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, deite raízes na favela".