Com o objetivo de conter atos terroristas e até a violência nas manifestações programadas para o período da Copa do Mundo, o governo montou um esquema de segurança, envolvendo as pastas da Defesa, da Justiça e da Casa Civil, que funcionará durante o mundial que ocorre em junho.
O esquema para a Copa inclui até a participação da presidenta Dilma Rousseff, a quem cabe, constitucionalmente, a tarefa de dar a palavra final de atuação das Forças Armadas em casos extremos, como os de ataques terroristas, por exemplo. Por isso, a participação da Casa Civil foi incluída no planejamento das ações de segurança para a Copa, já que é a pasta mais próxima da presidenta da República.
Para as partidas da primeira fase da competição, nas 12 cidades-sede, o tempo de restrição começa uma hora antes do início do jogo e vai até três horas depois do início da partida. Nas demais fases, o espaço aéreo será fechado uma hora antes e até quatro horas depois. Nas áreas restritas, voarão caças, helicópteros, aviões-radar e que reabastecem as aeronaves no ar.
Considerando as três forças, 57 mil militares foram mobilizados para atuar pela defesa nas cidades-sede. De acordo com o Ministério da Defesa, 21 mil militares ficarão de prontidão na chamada força de contingência e, em caso de “pico de crise na segurança”, só serão acionados com a autorização da presidenta.
Na abertura e no encerramento da Copa do Mundo, o espaço aéreo das cidades-sede será fechado três horas antes do início da festa e quatro horas após. Isso ocorrerá em São Paulo e no Rio de Janeiro.
De acordo com o Ministério da Defesa, a força de contingência só será utilizada em situações nas quais haja o esgotamento da capacidade de atuação dos órgãos de segurança pública. Para que ela seja acionada, também terá que haver uma solicitação dos governadores que terão que comprovar a incapacidade de lidar com determinada situação limite.
“Esperamos que a Copa do Mundo transcorra sem qualquer incidente, mas tomamos precauções e nos preparamos para fazer a nossa parte”, disse o ministro da Defesa Celso Amorim.
Custos
A segurança da parte interna dos estádios será totalmente particular, exigência apresentada pela Fifa. As polícias e militares somente atuarão do lado de fora com o objetivo de garantir que os acessos. Mesmo assim, ao todo, a segurança da Copa custou ao governo brasileiro R$ 1,9 bilhão. Deste volume de recursos, R$ 709 milhões foram só para a Defesa.
O restante foi destinado a ações das forças de segurança coordenadas pelo Ministério da Justiça, como a Polícia Federal (PF) a Polícia Rodoviária Federal (PRF), além da Força Nacional. De acordo com informações do Ministério da Defesa, os repasses estão sendo feitos desde 2012 e a maior parte dos recursos foi destinada a aquisição de equipamentos e treinamentos.
Ataques cibernéticos
Um ponto de atenção do governo é a possibilidade de ataques cibernéticos durante o mundial. Essa preocupação cresceu após as revelações de espionagem norte-americanas que atingiram dados até da presidenta Dilma Rousseff, no ano passado. Diante disso, boa parte dos equipamentos adquiridos pelo governo para a Copa são computadores, softwares para o chamados centros de defesa cibernética, que ficará sob controle do Exército.
O trabalho, de acordo com o governo, será de identificar possíveis ameaças que coloquem em risco as estruturas controladas por sistemas digitais, os sistemas de tecnologia da informação e ainda as comunicações institucionais do Estado.
De acordo com o planejamento do governo, o trabalho de inteligência para prevenir possíveis ataques envolverá a Abin e a Polícia Federal que atuarão em parceria com Interpol.
Ataques químicos
Além dos computadores, que também servirão para a montagem dos centros de operações nos estados, o governo também adquiriu kits para defesa química, biológica, radiológica e nuclear para serem utilizados pelos militares que irão vistoriar e fazer a varredura de todos os locais diretamente envolvidos na Copa.
As varreduras estão programadas para serem feitas nos estádios, hotéis e centros de treinamento das seleções, aeroportos, bases aéreas e comboios das delegações oficiais.
Fronteira
Às vésperas da Copa do Mundo, o Ministério da Defesa mandará cerca de 30 mil militares das três Forças Armadas para toda fronteira terrestre brasileira. Será a oitava edição da chamada operação Ágata.
A data de início da operação, prevista para durar três semanas, está sendo mantida em sigilo por questão de segurança, alegada pelos militares. O objetivo é “blindar” 16,8 mil quilômetros de fronteira com dez países da América do Sul. A operação, de acordo com o Ministério da Defesa, inclui ações de bloqueios de rodovias em pontos estratégicos e terá foco na repressão ao tráfico de drogas, contrabando, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, além de imigração ilegal.
Centros integrados
De acordo com o Ministério da Defesa, em cada uma das 12 cidades-sede será montado um comitê de defesa integrado, coordenado por um representante das Forças Armadas. Este comitê também será integrado pelo superintendente da Polícia Federal no estado e pelo secretário de Segurança Pública do estado.
No caso do Rio de Janeiro, que realizará em 2016 as Olimpíadas, o comitê também será integrado pelo secretário municipal de Segurança Pública, atendendo a um pedido feito pela prefeitura. Caberá a esse comando a coordenação dos trabalhos de segurança. Além das 12 cidades que sediarão os jogos, as forças armadas também atuarão em mais três capitais: Vitória (ES), Aracaju (SE ) e Maceió (AL), que também receberão delegações de atletas.
Já em Brasília, a instância estratégica para a orientação será um comitê executivo constituído pela Casa Civil da Presidência da República e pelos Ministérios da Justiça e da Defesa, com o assessoramento permanente do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI PR).