Teo Cury
“Eu estava no banho quando ouvi um estouro e o alarme do carro tocando.” Assim que saiu de casa, o advogado José Luis Brazuna viu o Honda City prata de sua vizinha em chamas. O carro pertence a Tânia Assumpção, que mora a poucos metros da casa do presidente Michel Temer, no Alto de Pinheiros, bairro nobre de São Paulo.
De acordo com Maria Rosa, empregada da casa, por volta das 21h20 deste domingo, ela e a patroa ouviram um barulho muito alto, que pareceu ser de rojão, e correram para a porta da casa para saber o que havia acontecido. Ali, o único o carro da decoradora, pegava fogo. “Os vizinhos tentaram ajudar a apagar as chamas e ligaram para os bombeiros”, conta.
O engenheiro José Marcos Konder Comparato, que mora em frente a Tânia, diz que os vizinhos se mobilizaram para conter o fogo. “Nosso vizinho tinha uma mangueira longa e a ligou na minha casa, que é bem em frente, mas não conseguimos apagar só com água.” Com medo de que o carro explodisse, os vizinhos usaram também os extintores de seus veículos, mas nada surtia efeito. “Só quando dois carros do Corpo de Bombeiros chegaram, o fogo foi controlado”, explica Comparato.
Assim que os bombeiros apagaram as chamas, uma das filhas de Tânia, Elisa, buscou a mãe. “Ela estava totalmente em choque, andava de um lado para o outro sem saber o que fazer. Depois que ela ligou para o seguro, alegando vandalismo, foi para a casa da filha, até porque o cheiro de fumaça era insuportável”, conta a empregada, que diz que Tânia, assim como ela, não se interessa por política. “Temer ou Dilma, para mim, tanto faz. O importante é deixar a vida dos outros em paz.”
Não foi apenas Tânia, no entanto, que sentiu medo. “Todo mundo ficou muito inseguro. A maioria dos carros fica à vista, principalmente porque aqui no bairro muitas garagens são abertas”, diz Comparato. “O maior medo era que se espalhasse e atingisse as casas.”
O vizinho de parede José Luis Brazuna diz que pouco tempo antes do ocorrido sua esposa havia visto um carro ‘estranho’ parado na esquina uma hora antes. “Era um carro preto que estava com os faróis apagados”, disse. “Os passageiros lançaram um rojão na casa da esquina, pichada com as frases ‘fora temer’.”
De acordo com os dois vizinhos, o caso foi atípico. “Moro aqui desde 1962, e nunca tinha acontecido nada desse tipo”, conta Comparato. Brazuna conta que, desde que Temer assumiu, houve algumas manifestações. “Já bloquearam os acessos à praça, picharam várias casas, mas nada comparado ao que aconteceu. Acho legal protestarem perto de onde mora o presidente, mas vandalismo não, né? Foi um ato terrorista.”
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