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Mercenários – Portugueses operam na Líbia e em outros lugares

 

Semanário Expresso

Lisboa

11 Maio 2019

Os contratos costumam ser de quatro a nove semanas.

Quem os contrata? Empresas e governos de países africanos e do Médio Oriente. Salário de pilotos pode superar 15 mil euros, revela o Expresso.

 

Na última semana, o autoproclamado Exército Nacional Líbio (Libyan National Army),uma milícia de oposição ao governo do país, revelou fotografias e vídeos de um alegado "piloto mercenário português" capturado no país.

 

Preferem ser chamado de contractors, podem ganhar 1.000 dólares por dia e são habitualmente conhecidos pelo termo mercenários. Só os pilotos de avião, como “Jimmy Reis”, o alegado português que foi detido esta semana pelas forças rebeldes líbia, podem ganhar 18.000 euros mensais.

 

Citando fontes militares, um “mercenário” português que pediu para manter a sua identidade em anonimato e documentos das Nações Unidas, o semanário Expresso revela na sua edição de este sábado alguns dados sobre os portugueses (e não só) contratados por empresas mas também governos, maioritariamente de países africanos e do Médio Oriente “reconhecidos e não reconhecidos internacionalmente.” Estão em ação pelo mundo, “espalhados por cenários de conflito armado como a Líbia, Iraque, Síria ou Afeganistão” mas também “em países em fase de reconstrução ou a bordo de navios de multinacionais petrolíferas”.

 

Conhecemo-nos quase todos. Somos um núcleo muito fechado. Não haverá mais de um ou dois portugueses ativos em cada um dos principais conflitos”, revelou ao Expresso um antigo ranger português de 37 anos, identificado como R.R., que é um destes contractors espalhados pelo mundo.

 

Os contratos celebrados com estes contractors, cuja esmagadora maioria “pertence às tropas de operações especiais (paraquedistas, comandos ou fuzileiros)” portuguesas, são habitualmente de quatro a nove semanas, aponta o Expresso. Os valores variam consoante o grau de risco (sempre presente) e dificuldade técnica (ou especialização exigida) de cada missão, mas há exemplos concretos: o resgate de alguém em perigo vale a um mercenário português “um pagamento diário de 890 euros“, isto é, mais de mil dólares, enquanto “uma operação de segurança mais rotineira, como levar um alto quadro de uma empresa do aeroporto até ao centro de uma cidade insegura, rondará os 220 euros“.

 

Os valores praticados semanalmente e mensalmente são variáveis, mas “de acordo com documentos das Nações Unidas” a que o semanário teve acesso, “na Líbia os mercenários estrangeiros recebem salários não muito diferentes deste grupo de portugueses”: os pilotos de avião, por exemplo, podem auferir quase 18 mil euros por mês, enquanto os engenheiros de aviação auferirão quase nove mil euros mensais.

 

Quem contrata estes mercenários para operar em zonas de risco são “sobretudo empresas britânicas, norte-americanas e holandesas”. Os clientes dessas empresas, por sua vez, são sobretudo “petrolíferas sediadas em países em guerra ou em reconstrução após um conflito armado e grandes companhias de navegação que são alvo recorrente de pirataria”, além de governos de África e Médio Oriente.

 

A Líbia é um dos países em que trabalham mercenários. O autoproclamado Exército Nacional da Líbia, força de oposição militar ao governo do país que é liderada por um antigo aliado de Khadafi, terá capturado um piloto mercenário na última semana. Este, num vídeo curto e divulgado pelos captores, afirmou ser português e chamar-se Jimmy Reis, mas a identidade ainda não foi confirmada. Ao Expresso, o antigo ranger que trabalha como mercenário afirmou: “A cara deste Jimmy não me é familiar. E conheço quase todos os contractors portugueses“.

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