Um militar do Exército que atua na Força de Pacificação do Complexo da Maré foi baleado, na manhã de ontem, dentro da favela Nova Holanda. Atingido por um tiro nas costas, abaixo do colete, ele teria sido ferido em uma troca de tiros com traficantes.
Sem informar a patente do militar, a assessoria da Força de Pacificação garantiu que ele não corre risco de morrer. Socorrido com a ajuda de policiais do 22º BPM (Maré), a vítima foi levada ao Hospital Central do Exército.
De acordo com moradores da Nova Holanda, os tiroteios têm sido constantes, como na madrugada de ontem.
– A situação está muito tensa. Confrontos entre o exército e traficantes viraram rotina na Maré – diz um morador, sem se identificar.
O governador Luiz Fernando Pezão disse ontem que o estado precisa da presença do Exército na Maré:
– Esses grandes conglomerados são verdadeiras cidades: Alemão, Rocinha, Manguinhos e, especialmente, a Maré. Nós temos muitas dificuldades. A gente sabe que não vão ser três ou quatro meses de uma ocupação que vão tirar 30 anos que essas pessoas ficaram submetidas à violência do tráfico de drogas ou da milícia. A gente precisa da ajuda do Exército. Eu pedirei até quando eles puderem ficar. Pedi, a princípio, até julho. Pedi até outubro e pedirei até quando precisar.
Após reunião, na semana passada, entre o governador, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; e o ministro da Defesa, Celso Amorim, ficou decidido que as Forças Armadas permanecerão por mais tempo no Complexo da Maré. O encontro, no Palácio Guanabara, teve o objetivo de avaliar a atuação dos militares no conjunto de favelas, onde chegaram em abril.
CRONOGRAMA DE TRANSIÇÃO
Segundo Amorim, eles pretendem montar um cronograma de transição entre as Forças Armadas e a Polícia Militar.
Questionado se o governo recebeu alguma demanda sobre a violência que continua no Complexo do Alemão, apesar de o local já ter tido a ocupação dos militares, o ministro José Eduardo Cardozo não quis se pronunciar, alegando que a reunião foi apenas para tratar sobre a Maré. O ministro também optou por não divulgar o efetivo de militares que continuará na Maré:
– No total, temos 2.400 homens atuando no Rio, fora os policiais que cuidam da segurança pública da cidade. Além disso, iremos manter cerca de 150 homens que já estão atuando no Morro Santo Amaro.