Vinícius Lisboa
O secretário extraordinário de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, Andrei Rodrigues, disse hoje (25) que o governo do Brasil dará destaque à cooperação com outras nações para enfrentar ameaças terroristas. Apesar disso, Andrei afirmou que não será necessário modificar o planejamento previsto.
"A cooperação será acentuada com a França e com outros países", informou Andrei a representantes de 78 países que participaram da apresentação sobre segurança dos Jogos Olímpicos de 2016. "Isso não é mudança de planos. Apenas se acentua, por exemplo, em relação à Copa do Mundo. Temos mais gente trabalhando com foco específico no combate ao terrorismo."
Segundo o secretário, os jogos do Rio serão os primeiros a contar com um centro de segurança exclusivo de combate ao terrorismo, o Centro Integrado Anti Terrorismo.
Andrei também destacou que a liberação de vistos para estrangeiros para os Jogos Olímpicos, sancionada hoje pela presidenta Dilma Rousseff, não trará riscos. "Não traz nenhum impacto negativo para a segurança", assegurou. "Vemos com bons olhos essa abertura, feita de maneira adequada e tranquila".
O secretário acrescentou que a medida precisa ser regulamentada pelos ministérios do Turismo, Justiça e Relações Exteriores e que a liberação não deve valer para todos os países.
Andrei lembrou que, durante a Copa do Mundo, países com liberação de visto, como a Argentina, tiveram cidadãos barrados na fronteira, o que também ocorreu com pessoas que tinham visto para entrar, como um torcedor dos Estados Unidos.
Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, relator da fiscalização dos jogos no tribunal, destacou que a Olimpíada ocorrerá em um momento delicado por causa dos atentados em Paris. Segundo ele, é preciso haver solidariedade entre os países, pois os jogos são de toda a comunidade internacional. "Temos de ter todo o cuidado possível."
Para Augusto Nardes, há necessidade de mais integração entre as secretarias estaduais de Segurança Pública do país. De acordo com o ministro, uma auditoria preventiva realizada pelo TCU indicou que 68% das secretarias estaduais não se comunicam. Ele classificou como intermediária a situação da política de governança em 20 dessas secretarias.
"Falta integração nas secretarias de Segurança." Nardes afirmou ainda que uma auditoria preventiva do TCU encontrou falhas na integração das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal em relação ao policiamento das fronteiras.
O ministro evitou detalhar os problemas para não expor fragilidades que ainda podem ser corrigidas, mas mencionou questões como evasão de divisas, falta de controle sobre a imigração no Acre e a necessidade de integrar mais o Ministério das Relações Exteriores à questão, por meio de acordos bilaterais com os vizinhos.
Secretária estadual de Segurança Pública, Regina Miki, reconheceu que há diferenças entre as instituições, mas afirmou que a missão de garantir segurança para os grandes eventos é maior".
"Não posso garantir que temos o melhor dos mundos na segurança pública ou que todos convivem harmoniosamente, mas nosso empenho e papel são maiores que qualquer vaidade corporativa." Regina Miki afirmou que o país está preparado para garantir a segurança dos jogos. "Foi a melhor das copas e será o melhor dos jogos. Temos condições de fazer isso."
Regina disse também que há 20 anos o Brasil tem agentes treinados para combate ao terrorismo, com um centro dedicado ao tema na Polícia Federal. "Esse contato [com agentes estrangeiros] já existe há 20 anos. Temos agentes e delegados capacitados para atuar."
Considerado o primeiro grande evento para apresentação do esquema de segurança, o briefing abordou temas como enfrentamento de terrorismo, segurança nas instalações olímpicas, operações aeroportuárias e policiamento de pontos estratégicos.
O planejamento da segurança conta com 85 mil agentes, sendo 47 mil das forças de segurança pública e ordenamento urbano e 38 mil das Forças Armadas. Somente o Ministério da Justiça investirá R$ 350 milhões na compra de equipamentos de proteção individual, ferramentas de treinamento e capacitação das forças de segurança. Desde a Copa das Confederações, em 2013, o ministério já investiu R$ 1,1 bilhão em segurança.