As tropas da Força Nacional de Segurança que desembarcaram na tarde desta sexta-feira em Santa Catarina para reforçar o combate à onda de criminalidade no estado terão uma missão sigilosa. Na entrevista coletiva convocada para tratar do assunto, o secretário de Segurança Púbica do estado, César Grubba, e o comandante da Polícia Militar catarinense, coronel Nazareno Marcineiro, foram evasivos sobre o modo de atuação, o tamanho das tropas convocadas e o prazo de atuação da Força Nacional.
"Nós estamos com um planejamento traçado, elaborado, que está dentro de um padrão de confidencialidade. Portanto, detalhes não podem ser levados a público sob pena de nós frustrarmos o resultado pretendido", disse o coronel, que terá as tropas federais sob seu comando.
Marcineiro sinalizou que a Força Nacional não se dedicará a fazer o patrulhamento rotineiro, a cargo das autoridades locais, mas cumprirá tarefas que exijam nível maior de preparo: "A demanda por intervenção carece de uma atuação de uma força estruturada que ultrapassa as nossas competências e exige competências de outros segmentos".
A secretária nacional de Segurança Pública, Regina Mink, está em Florianópolis, mas não participou da entrevista coletiva.
As tropas federais chegaram ao estado no mesmo dia em que o número de ataques registrados desde 30 de janeiro chegou a 100. O governo local considera que, desses, comprovadamente ao menos 74 foram atentados. Os ataques atingiram 30 cidades do estado. Ao todo, 71 pessoas foram presas e 22 adolescentes foram apreendidos por ligação com os episódios.
Os ataques no estado, atribuídos à facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC), normalmente têm um roteiro comum: bandidos incendeiam veículos, especialmente ônibus. Uma das medidas adotadas pelo governo para desarticular os criminosos será a transferência de ao menos vinte detentos para presídios federais.
Ônibus – Depois de anunciar que só trabalhariam das 7h às 19h, os motoristas de ônibus da grande Florianópolis decidiram voltar a cumprir toda a jornada de trabalho – das 6h às 23h. Nesta sexta, o governo anunciou reforço na quantidade de viaturas utilizadas para a escolta de coletivos durante a noite. O número de veículos passou de 40 para 80. Apesar da medida e do compromisso dos motoristas de ônibus, a normalidade do atendimento ainda não está garantida: não há viaturas para garantir a segurança de todas as linhas no horário noturno.
O anúncio de redução no horário de circulação de ônibus levou o governo a suspender as aulas de estudantes do período noturno nesta sexta-feira.