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Foguetes e Decapitações: a rebelião em Goiás é só a ponta de um Iceberg

Vítor Hugo Almeida*
JORNAL HORA EXTRA (GO)
Via: Notimp / Agência Força Aérea – FAB

O ano em Goiás começou tenso. Decapitações, corpos carbonizados e fugas em estabelecimento penal de Aparecida de Goiânia logo no primeiro dia. Proposital: dificultaria a reação estatal o fato de ser um feriado dessa importância.

É preciso entender, de plano, que a rebelião em tela ocorre num contexto maior desolador de nossa segurança pública nacional: quase 50 mil estupros anuais notificados (e quanto aos não registrados por medo ou vergonha?!); mais de 60 mil mortes violentas com a mesma frequência; mais de 700 mil pessoas encarceradas, sendo esse o dobro do número de vagas que o sistema é capaz de absorver, nas cadeias das delegacias, nos presídios federais ou nos estaduais; centenas de policiais mortos anualmente; e por aí vai…

Iniciar, assim, uma coluna que pretende comentar assuntos da segurança pública goiana não poderia ser mais desafiador. É o que faço hoje. Nesse compasso e extrapolando a questão prisional, discutiremos, por aqui, assuntos como a criação de polícias municipais; a questão do (des)armamento da população e suas consequências sobre os índices de criminalidade; a “militarização” das escolas públicas estaduais; as razões para Goiatuba ser considerada, pelo Instituto Mauro Borges, a cidade com maior “Índice de Desempenho dos Municípios Goianos” (IDM) na dimensão segurança pública, e Alto Paraíso de Goiás, a pior; entre tantos outros assuntos extremamente importantes…

Entretanto, nossa participação semanal no Hora Extra não se aterá ao campo temático já apresentado. Existe outro conjunto de temas, com alguma ligação com a segurança pública, que merece ser esmiuçado: a defesa nacional.

Trazer para o cotidiano de Goiás informações e críticas sobre a defesa, nesse sentido, é outro desafio de monta. Como apontado pelo presidenciável Jair Bolsonaro em recente entrevista para o HE, Goiás é estratégico: a defesa da Capital do País gira em torno de nosso Estado. Unidades militares das Forças Armadas de grande relevo se encontram cravadas em solo goiano.

Proposital também: localizado no “coração” do País, servido por relevantes estradas e ferrovias, com uma economia saneada e pujante, Goiás circunda territorialmente o Distrito Federal, constituindo-se numa barreira natural em caso – ainda que remoto – de conflitos armados.

Daí o porquê de termos aqui em Goiás o Comando de Operações Especiais, com sede em nossa capital, Goiânia, que abriga os Combatentes Comandos e os Operadores de Forças Especiais do Exército Brasileiro; a Ala 2 (antiga Base Aérea de Anápolis), que receberá os novos caças Gripen NG, principais plataformas futuras do combate aéreo brasileiro; e o Forte Santa Bárbara, em Formosa, casa dos modernizados Astros 2020, que aglutinará talvez o maior poder de combate em termos de artilharia de foguetes e mísseis da América Latina em muito breve.

Não podemos nos esquecer, ainda, do Polo da Base Industrial de Defesa, estruturado na promissora cidade de Anápolis…além de tantas outras unidades militares existentes no território goiano.

Procuraremos, nesse segundo tema, discutir assuntos como o emprego das Forças Armadas na segurança pública; o papel das Forças Especiais no contexto atual brasileiro; a necessidade de desenvolvimento da base industrial de defesa brasileira; os programas estratégicos das Forças Armadas e suas conexões com nosso Estado de Goiás; entre outros.

Em síntese: está claro que o que ocorreu no início da semana é só a ponta de um imenso iceberg. Temos muito o que trabalhar. Sejam extremamente bem-vindos às nossas discussões.

Sintam-se à vontade para discordar, comentar e agregar conhecimentos e críticas. A troca de ideias, em especial, as de cunho conflitante, jamais nos ofenderá; ao contrário, deixará mais densas nossas manifestações.
 

ADSUMUS. Força!

*Major das Forças Especiais do Exército Brasileiro (reserva não remunerada) e advogado.

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