RIO – As favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, na Zona Sul do Rio, foram ocupadas pelas forças de paz no início da manhã deste domingo. O anúncio oficial da ocupação foi feito por volta das 7h pelo chefe do Estado Maior da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto. Ele afirmou que a situação estava sob controle na Rocinha, e que não houve incidentes nem tiros disparados. Uma bandeira do Brasil foi hasteada no alto da Rocinha, que deve receber em breve a 19ª Unidade da Polícia Pacificadora do Rio.
A operação começou por volta das 4h10m, quando os veículos blindados da Marinha entraram nas comunidades. Segundo a Secretaria de Segurança do Rio, cerca de três mil homens das polícias militar, civil e federal, além de militares do Corpo de Fuzileiros Navais participaram da operação, que teve o apoio de quatro helicópteros da PM e três aeronaves da Polícia Civil. Também participaram da ocupação 13 cães farejadores da PM.
Durante a ação, um blindado do BPChoque teve que retornar ao pé do morro do Vidigal por causa da grande quantidade de óleo que foi derramada pelos traficantes na localidade conhecida como Largo do Santinho, na parte alta da favela. Apenas os blindados da Marinha conseguiram prosseguir. Retroescavadeiras da Prefeitura foram usadas para retirar barricadas que pudessem prejudicar a entrada dos militares na comunidade.
O comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tenente coronel Wilmam René Gonçalves Alonso, afirmou que policiais estão em vários pontos da comunidade, fazendo incursões na mata, à procura de traficantes, de drogas e de armas e de munições. Durante a madrugada, um homem foi detido na favela da Rocinha, de acordo com informações da CBN. Ele saiu de dentro da comunidade carregado por dois homens em uma motocicleta, aparentando estar passar mal. Mas após ser atendido no hospital de campanha montado na quadra da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, os policiais decretaram sua prisão. Igor Tomás da Silva, de 29 anos, é foragido do presídio Bangu 8, e tem passagem na polícia por assalto a mão armada.
Desde as 22h de sábado, toda a região deixou de ser comandada pelo 23º BPM e passou a ser controlada pela a corregedoria da Polícia Militar. As principais ruas de São Conrado, na Zona Sul do Rio, foram fechadas a partir da madrugada para a ocupação, e só foram liberadas no início da manhã, após a retirada dos blindados da Marinha de dentro da comunidade. As principais saídas da cidade também foram bloqueadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) para impedir a eventual fuga de traficantes.
O comércio nas ruas da Rocinha, que desde sábado estava fechado, começa timidamente a reabrir. O movimento de moradores, no entando, ainda é pequeno. Os policiais que desde o meio da madrugada controlam as vias de acesso à favela, revistam quem entra e quem sai do local. O morador Domingos Silva, há oito anos na Rocinha, teve que se atrasar em uma hora para ir ao trabalho para a esperar a ocupação da Favela da Rocinha. Segundo ele, o trabalho dele começa às 5h como porteiro de uma escola na Rua Faro, no Jardim Botânico:
– Perguntei se eles queriam revistar a minha casa. Eles foram educados, olharam e ainda agradeceram a minha atitude. Deu tudo certo, que continue assim.
A situação das favelas da Rocinha e do Vidigal é semelhante à que existia na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão, já pacificadas. Traficantes transformaram as duas comunidades da Zona Sul no entreposto de drogas, armas e munição de uma facção criminosa. Há pelo menos um ano, policiais do Rio têm conhecimento de que bandidos foragidos de outras favelas da Região Metropolitana teriam buscado refúgio na Rocinha. Só na comunidade, estimava-se que havia mais de 200 traficantes e 200 fuzis em poder da quadrilha