FABIO COSTA PEREIRA
Tribuna Diária
Ao assistir aos noticiários em geral e a análise de nossos “especialistas em Segurança Pública”, cuja vivência no dia a dia operacional é zero, em regra tenho o desprazer de ver e ouvir equivocadas análises sobre a área e os seus operadores.
Quando a análise se centra na atuação das policias brasileiras e de nossos policiais, o cenário analítico, então, apenas faz piorar.
Não raras vezes as polícias brasileiras são retratadas como violentas, por demais letais e que não respeitam os direitos e garantias individuais.
A virulência, a crueldade dos criminosos e a sua capacidade de causar danos ao contexto social pura e simplesmente é esquecida.
No verdadeiro julgamento público a que são submetidos, os policiais são colocados no banco dos réus e os criminosos tratados como vítimas.
É muito revoltante.
Falácias e mais falácias seguidas por afirmações ideologicamente construídas são vertidas como verdades.
Dizem os “analistas” que a nossa polícia mata por demais e que a maior parte dos policiais morre estando de folga, dando a entender, assim, que não morreram por sua singular condição de agentes da Lei e da Ordem, a justificar os crimes ao diluírem-nos nas estatísticas gerais.
O melhor, no entanto, como a cereja do bolo de construções abstratas, é que não falta quem sustente que a violência por parte da polícia gera mais violência , fazendo com que os criminosos, por esse motivo, tornem-se mais violentos.
Entenderam do que se trata? É o velho e bom discurso do vitimismo. Do afirmar que Bandidos são bons de “per si” e que o Estado, com a sua intolerância e repressão, torna-os bestas-feras.
Dessa forma, a responsabilidade pessoal do agente criminoso é coletivizada, criminalizando o opressor, no caso a polícia, e exculpando o bandido.
“Oh my God”, em que mundo este pessoal vive para fazer tais afirmações?
Não sabem eles que no Brasil policial é e deve ser policial 24h por dia? Que criminosos, ao matarem policiais, ganham prestígio no mundo da criminalidade e que isso fomenta a morte de mais policiais? Que o crime organizado, violento e de rua, é comandado por corporações criminosas que contam com milhares de “colaboradores”? Que a nossa polícia é obrigada a combater sicários fortemente armados com recursos materiais inferiores?
Os meus questionamentos, por óbvio, são meramente retóricos. Eles sabem, e sabem muito bem, de tudo isso do que falei, mas objetivo de suas afirmações é a construção de uma narrativa que enfraqueça a polícia enquanto instituição.
O dia em que a mídia nacional quiser fazer uma reportagem séria sobre o assunto deverá ouvir os verdadeiros especialistas em segurança pública, os policiais que tomam tiros todos os dias para nos proteger, e não acadêmicos que conhecem o fenômeno pelas gravuras de seus livros ou fotos da internet.
Quando eles tiverem coragem de dizer que os policiais brasileiros têm mais do que o dobro da possibilidade de serem mortos por bandidos do que a população normal, começarei a ver a luz no fim do túnel (e não será o trem).
Até lá continuarei usando o jocoso Barão de Itararé como guia: “ de onde menos se espera, daí que não vem nada mesmo”.
E que Deus tenha piedade de nós!