A Brigada Paraquedista do Exército voltará hoje ao Complexo do Alemão para agir nos pontos onde ainda há resistência do tráfico. Será uma intervenção pontual e feita com inteligência, para evitar traumas aos moradores das localidades que ainda sofrem com a presença de bandidos armados vendendo drogas. Cerca de 600 homens vão acampar na Serra da Misericórdia, um dos pontos mais altos da região, para não interferir na rotina da comunidade e dos militares do Exército que integram a Força de Pacificação. Os paraquedistas ficarão na região por duas semanas.
Mais soldados poderão reforçar a equipe
O objetivo é mostrar força e, se houver necessidade de mais soldados, outros grupos já estão prontos para deixar o quartel. A Brigada Paraquedista, que tem seis mil homens, é uma tropa de pronta resposta, uma espécie de Bope do Exército. A ordem para a operação que dará apoio à Força de Pacificação, chefiada pelo general Rêgo Barros, partiu do Comando de Operações Terrestres, em Brasília, e do Ministério da Defesa. As manobras da brigada começam às 8h de hoje. Os paraquedistas sairão da Vila Militar.
Segundo o comandante da Brigada Paraquedista, general de brigada José Lavaquial Sardenberg, a missão da sua tropa é "a garantia da lei e da ordem".
– Faremos um trabalho cirúrgico em apoio ao comando que está lá no momento. Será uma ação de inteligência para assegurar o controle dos locais onde a força ainda é necessária – explicou o general.
Com a experiência de quem liderou o primeiro grupo de militares que ocupou os complexos do Alemão e da Penha, em novembro do ano passado, o general Sardenberg preparou uma estratégia para atuar em diferentes pontos onde ainda há bandidos armados e venda de drogas. Esses locais estão sendo mantidos em sigilo pelo comando da Força de Pacificação. Mas já se sabe que, dentro da zona de ação da tropa, está a localidade da Pedra do Sapo, onde militares já fizeram filmagens de venda de drogas.
Em setembro deste ano, integrantes da Força de Pacificação chegaram a prender dois homens que vendiam cocaína na Rua 9, na Vila Cruzeiro, na Penha. O local havia sido filmado, por quatro horas e meia, por uma equipe de vigilância do Exército. Eles flagraram toda a movimentação da boca de fumo.
Um dos vídeos mostra uma verdadeira feira de drogas. Nas imagens, alguns usuários chegam a pé e outros são levados por mototáxis. A filmagem mostra um dos criminosos contando dinheiro após vender cocaína. Com a chegada de militares, todos fogem.
Ontem, integrantes da Força de Pacificação reforçavam a segurança nas estações do teleférico do Alemão. Desconfiados, moradores disseram que a situação estava calma, mas que, em alguns pontos do complexo, ainda havia homens armados e tráfico.
– Alguns deles ainda teimam em ficar nessa vida. Eles têm que se adequar à nova realidade – disse um morador, sem se identificar.
Um outro, mais orgulhoso, disse que a situação melhorou bastante:
– Antes eu morava na região mais perigosa do Rio. Hoje moro num ponto turístico.
Soldado foi baleado durante ataque de traficantes.
A cada dois meses, o Exército troca o batalhão que comanda a Força de Pacificação. No último ano, as tropas de ocupação enfrentaram problemas. No dia 24 de novembro passado, um grupo de militares foi atacado a tiros por traficantes nas proximidades do Morro da Caixa D"Água, em Ramos, e um soldado foi baleado no antebraço. O policiamento foi reforçado, mas ninguém foi preso.
No início de setembro ocorreu um tiroteio na região, inclusive com balas traçantes cruzando a parte baixa do Complexo do Alemão. Na ocasião, bandidos que estavam no Morro da Baiana, favela vizinha ao Alemão, em Ramos, teriam disparado contra policiais militares e integrantes da Força de Pacificação. O tráfego na Estrada do Itararé, na altura da Avenida Itaoca, foi fechado. Ninguém se feriu.