Fábio Grellet
Uma nota sobre a intervenção federal na Segurança Pública do Estado do Rio, divulgada na noite desta terça-feira, 20, pelo Comando Militar do Leste (CML), afirma que "o processo demandará, de todos e de cada um, alguma parcela de sacrifício e de colaboração, em nome da paz social e da sensação de segurança almejadas". Segundo o texto, "o interventor (general Walter Souza Braga Netto) destaca a necessidade da participação da sociedade fluminense nesse esforço conjunto".
Segundo o CML, a equipe que trabalhará com o interventor está sendo formada e será anunciada nos próximos dias. "De igual modo, as primeiras ações serão divulgadas oportunamente. Salienta-se que a intervenção é federal; não é militar. A natureza militar do cargo, à qual se refere o decreto, deve-se unicamente ao fato de o interventor ser um oficial-general da ativa do Exército Brasileiro", continua a nota.
Várias reuniões vêm sendo realizadas para a obtenção de um diagnóstico da segurança pública no Estado, informa o CML. "O trabalho iniciou-se a partir do conhecimento já acumulado por meio do acompanhamento da conjuntura, das análises de cenários e da experiência adquirida com as operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), autorizadas por outro decreto presidencial, assinado em 28 de julho de 2017. Há que se ressaltar que um decreto não revoga o outro. Tampouco há conflito entre eles".
De acordo com o CML, "os órgãos de Segurança Pública estadual seguem funcionando normalmente". "A intervenção tem caráter colaborativo e visa ao aperfeiçoamento gerencial e operativo de tais estruturas. Dessa forma, os resultados de natureza institucional serão percebidos a médio e longo prazos", afirma o texto.
"Simultaneamente à intervenção, o Comando Conjunto das Operações em Apoio ao Plano Nacional de Segurança Pública, ativado desde julho de 2017, continuará operando em ações de Garantia da Lei e da Ordem. Essa vertente dos esforços federais e estaduais seguirá sendo notada mais de perto pelo cidadão, em especial a cada vez que for deflagrada uma operação empregando tropas federais", completa o CML.
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Estados marcam reunião para avaliar medidas contra migração de criminosos do Rio¹
A hipótese da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro motivar criminosos a escaparem do território fluminense para estados vizinhos motivou as autoridades públicas do Espírito Santo, Minas Gerais e de São Paulo a discutir medidas para reforçar a segurança na divisa entre os estados.
Nesta quinta-feira (22), o ministro da Justiça, Torquato Jardim, se reúne em São Paulo com os secretários de Segurança Pública dos três estados a fim de discutir ações preventivas. O encontro foi pedido pelos secretários na última sexta-feira (16), logo após o presidente Michel Temer assinar o decreto de intervenção e a nomeação do comandante militar do Leste, general Walter Souza Braga Netto, como interventor.
As autoridades mineiras já tornaram público o plano de reforçar a vigilância nas vias de acesso ao estado. “É importante frisar que a nossa polícia está com muita atenção, com um olhar cuidadoso, sobretudo na região de divisa com o estado do Rio de Janeiro”, disse o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Helbert Figueiró de Lourdes, logo após participar ontem (19), em Belo Horizonte, de reunião com o governador Fernando Pimentel e a cúpula da segurança pública estadual.
“Já desenvolvemos estratégias de reforço e de monitoramento das divisas. Vamos, agora, analisar eventuais reflexos [da intervenção], que até agora não foram percebidos. Todo o plano já está formatado”, acrescentou o comandante-geral.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais confirmou à Agência Brasil que “o governo estadual está atento e planeja ações para evitar qualquer resquício negativo [para o estado] oriundo da situação no estado vizinho”. Também em nota, a Secretaria de Administração Prisional informou que faz o costumeiro monitoramento das unidades prisionais mineiras e, “por meio do compartilhamento de informações com os órgãos de segurança pública, está apta a fazer frente às demandas do sistema prisional”. Por questões de segurança, as autoridades mineiras não detalharam seus planos.
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo também confirmou que o secretário André Garcia vai participar do encontro em São Paulo, com o propósito de discutir pontos do decreto de intervenção. Durante a reunião, o secretário capixaba apresentará detalhes do plano de contingência estadual, um “plano proativo de prevenção” que foi elaborado mesmo não havendo, até o momento, “nenhuma movimentação que aponte necessidade imediata de atuação”.
Garcia ainda deve aproveitar a ocasião para pedir ao ministro que os policiais rodoviários federais que atuavam no Espírito Santo e que, desde o ano passado, estão cedidos à superintendência do Rio de Janeiro, regressem a seus antigos postos a fim de reforçar o patrulhamento na divisa entre os dois estados. Segundo a Superintendência da Polícia Rodoviária Federal capixaba, 15 policiais rodoviários capixabas atuam no estado vizinho atualmente.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou a participação do secretário Mágino Alves Filho na reunião desta quinta-feira, mas, até o momento, não se manifestou sobre eventuais medidas de reforço na segurança na divisa com o Rio de Janeiro.
¹Alex Rodrigues – Repórter Da Agência Brasil