Como uma empresa familiar e 100% brasileira, fabricante de armas projetadas para não matar, cresceu e se tornou líder global em seu segmento é a história contada no livro O Valor da Vida, uma experiência das tecnologias não letais no Brasil. A empresa em questão é a Condor Tecnologias Não Letais e seu fundador e presidente, Carlos Erane de Aguiar, assina a obra. A Condor, que hoje exporta para mais de 60 países – e também para a ONU – está instalada desde 1985 no distrito de Adrianópolis, Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e emprega 600 funcionários
É lá, numa fazenda de um milhão de metros quadrados cercada de verde, aos pés da Reserva Biológica do Tinguá, onde são fabricados 120 diferentes produtos que têm ajudado agentes de segurança e forças armadas de todo o mundo a conterem conflitos ao mesmo tempo em que preservam vidas. Entre os produtos fabricados pela Condor, estão as armas elétricas modelo Spark, granadas de efeito moral, luz e som, além de lacrimogêneos, lançadores e munições de borracha, entre as quais a Precison, patenteada no EUA e considerada a bala de borracha mais precisa do mundo.
Natural de Itaocara, no noroeste Fluminense, Carlos Erane, que hoje preside o Sindicato Nacional das Indústrias de Defesa e participa de fóruns de segurança na Firjan e na Fiesp, foi ainda garoto estudar no Rio, na época ainda Distrito federal. Formou-se advogado, trabalhou no mercado imobiliário e de captais até que, em 1982, foi chamado para ser diretor comercial da antiga Química Tupan, tradicional fornecedora de armamento e materiais de salvatagem para o Exército e a Marinha do Brasil nos anos 60/70.
A Tupan, que funcionava no mesmo lugar onde hoje está a Condor, acabou falindo, mas Carlos Erane decidiu levantar das cinzas da antiga fábrica uma nova indústria, mas que, diferentemente da anterior, só fabricasse armas projetadas não para matar, mas para salvar vidas. No livro, ele conta por que tomou essa decisão e relata os esforços que empreendeu para divulgar a Doutrina do Uso Proporcional da Força, tal qual defendida pela ONU em 1990.
“As pessoas estranhavam porque, em vez de mostrar armas, eu as oferecia livros e promovia seminários”, lembra. A repercussão de episódios como o Massacre do Carandiru, em 1992, e Eldorado dos Carajás, em 1996, foram decisivos para convencer autoridades brasileiras para a necessidade de haver equipamentos alternativos ao cassetete e o fuzil, capazes de conter situações de conflito sem a perda de vidas humanas. “A necessidade fez o sapo pular”, resume ele, no terceiro dos dez capítulos do livro.
O Valor da Vida fala do emprego essas armas pelo Exército brasileiro na Missão de Paz do Haiti e narra, de maneira divertida, a aventura da primeira grande exportação da Condor para a Argélia, em 2001. Apesar do tema aparentemente árido, trata-se de uma narrativa leve e educativa, que ressalta todo o tempo a necessidade de treinamento para o correto uso dessas tecnologias.
O prefácio é assinado pelo coronel da reserva John B. Alexander, comandante dos boinas verdes na Guerra do Vietnã e consultor do Departamento de Defesa americano, considerado o maior especialista em não letais do mundo.
A primeira edição do livro será lançada no stand da Condor durante a LAAD, maior feira de Defesa e Tecnologia do Mundo, que acontece entre 2 e 5 de abril, no Riocentro, Rio de Janeiro.
Nota DefesaNet
Leitura indispensável para os responsáveis e que planejam operações policiais. É uma leitura cativante qe nos leva a caminha pela história do Brasil. Acontecimentos e fatos e suas consequências interagindo com as respostas da tecnologia para superar os impactos operacionais da Segurança Publica.
Recomendado e com primoroso acabamento da jornalista Daniella Sholl.
O Editor