A China negou nesta terça-feira (11) seu envolvimento em um caso de roubo maciço de dados nos Estados Unidos, depois que quatro militares chineses foram indiciados pela Justiça americana.
Em 2017, dados pessoais de 145 cmilhões de pessoas foram roubados da Equifax, uma agência de crédito americana, informou o procurador-geral dos EUA, Bill Barr, na segunda-feira (10).
A Equifax é uma empresa que coleta os dados pessoais de consumidores que solicitam crédito para avaliar sua solvência.
Após dois anos de investigações, quatro pessoas (Wu Zhiyong, Wang Qian, Xu Ke e Liu Lei) foram indiciadas na semana passada, em Atlanta, por organização criminosa para cometer fraude informática, espionagem econômica e fraude em comunicações.
Os quatro seriam membros de uma unidade de pesquisa do Exército chinês e estão na China, portanto não podem ser presos.
Eles são acusados de tirar proveito de um bug no programa usado pela Equifax em seu site de resolução de disputas.
Quando entraram no sistema da agência, conseguiram obter nomes, datas de nascimento e números de Previdência Social de 147 milhões de pessoas, segundo o procurador-geral.
"Esse roubo não apenas causou danos financeiros significativos à Equifax, como também (…) acarretou custos e cobranças substanciais a todos os que precisaram tomar medidas para se proteger contra a usurpação de sua identidade", afirmou Bill Barr.
A China negou categoricamente as acusações e disse que é "uma grande defensora da segurança cibernética".
"O governo chinês e o Exército, assim como as pessoas a ele relacionadas, nunca realizaram ou participaram do roubo de segredos comerciais pela Internet", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang.
Os Estados Unidos atribuíram vários ataques cibernéticos a Pequim, incluindo o acesso a um banco de dados do grupo de hotéis Marriott, em 2018.
Segundo Bill Barr, houve também "invasões de computadores apoiadas pelo Estado contra segredos industriais e informações econômicas confidenciais".
O secretário da Justiça também mencionou investigações abertas nos setores da indústria nuclear, aeronáutica e metalúrgica.
Segundo ele, 80% das investigações iniciadas nos últimos anos por espionagem econômica envolvem o governo chinês, e 60% dos casos de roubo de segredos comerciais estão relacionados à China.
Geng Shuang acusou os Estados Unidos de serem o maior responsável pela espionagem cibernética no mundo, com "vigilância em larga escala, organizada e indiferenciada" de governos, empresas e indivíduos estrangeiros.
"Dos casos WikiLeaks ao de Edward Snowden, a hipocrisia dos Estados Unidos em termos de segurança cibernética é evidente há muito tempo", disse o porta-voz chinês.
Apesar do roubo de dados da Equifax, os especialistas não viram os dados à venda no mercado negro.
A empresa também foi investigada, porque o bug que permitiu a entrada no sistema havia sido identificado dois meses antes do roubo, mas não foi corrigido.
A agência recebeu críticas por seus sistemas de segurança insuficientes, assim como por ter levado muito tempo para revelar o roubo.
O caso levou à renúncia de seu presidente, Richard Smith. Em julho, a Equifax concordou em pagar pelo menos US$ 575 milhões em indenizações pelo caso.