VANNILDO MENDES
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou ontem que, apesar dos problemas causados pelo ajuste fiscal e pela crise mundial, o governo manterá em 2012, sem cortes, o calendário de investimentos em segurança pública e no Plano Estratégico de Fronteira em 2012. Isso inclui realização de concursos para contratação de mais de 3,9 mil pessoas nas Polícias Federal e Rodoviária, melhorias nas instalações físicas e pagamento da gratificação prometida aos policiais que atuam na fronteira.
O anúncio é uma resposta à operação-padrão que os policiais de fronteira farão hoje em 12 Estados e no Distrito Federal, em protesto contra o não pagamento de uma gratificação de até 40% prometida pelo governo, a falta de investimentos nos 16,8 mil quilômetros entre o Brasil e seus dez vizinhos. Lançado em junho e entregue ao vice-presidente Michel Temer, o plano praticamente não saiu do papel, conforme noticiou o Estado na edição de ontem.
"O plano prevê ações de longo prazo até 2014. O calendário está em dia e novos investimentos serão feitos nos próximos anos", garantiu Cardozo, para quem "o governo segue firme no plano de fronteiras, que tem sido um êxito, uma vitória". Ele disse que o adicional de fronteira está aprovado, mas esbarrou em problemas legais porque a remuneração da PF é por subsídio, que legalmente não permite gratificação de nenhum tipo.
Cardozo advertiu que, embora respeite a manifestação de servidores, a fronteira é região de relevante interesse da segurança nacional e o governo não vai permitir que o policiamento seja prejudicado por rebeliões.
Após três anos sem aumentar o quadro, a PF abrirá uma nova temporada de concursos em 2012 para contratação de 1.300 pessoas. A primeira turma, de 650 policiais, será incorporada ainda em 2012, após seis meses de treinamento na Academia Nacional do órgão, em Brasília. Os demais, em 2013.
Omissão. Para o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Marcos Winck (Fenapef), "há uma omissão do governo como um todo", na questão de segurança. Em entrevista à rádio Estadão ESPN, Winck disse que o modelo está errado: "É um modelo de repressão, que vem quando o crime já aconteceu. Precisa é cuidar da prevenção." Disse que "o trabalho para a Copa já devia ter começado" e que, com fronteiras frágeis, "corre-se um sério risco de terrorismo"