O diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, foi eleito, hoje (1º), em Buenos Aires, secretário-executivo da Comunidade de Polícias das Américas (Ameripol). A presidência atualmente é exercida pela Argentina. A eleição ocorreu durante a 9ª Cúpula da Ameripol, que contou com a presença do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e autoridades de vários países da região.
“Em termos de segurança, nenhuma outra entidade tem a legitimidade e a capacidade de articular, em escala continental, as forças policiais, coordenar e promover ações de prevenção, investigação e repressão ao crime, além de programas de intercâmbio, formação e aperfeiçoamento das polícias”, afirmou Jungmann.
Status jurídico
Galloro defendeu que é necessário que a Ameripol adquira status jurídico e autonomia técnica, sem subordinação política. O Brasil defende que a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) e a Europol (Serviço Europeu de Polícia) sejam os referenciais.
“A institucionalidade da Ameripol deverá encontrar caminho entre a Interpol e Europol, incorporando elementos de ambos. Ou seja, um convênio entre países-membros que lhe assegure personalidade jurídica, autonomia, caráter regional, com ênfase na cooperação e construção de capacidades nacionais”, afirmou.
Fortalecimento
Raul Jungmann destacou que a Ameripol possui atuação limitada pois suas decisões “não representam a vontade dos estados e sim das suas respectivas instituições policiais e entidades análogas”. Ele sugeriu que o estatuto da entidade seja reformado e levado à discussão na próxima cúpula, em 2019.
“Não podemos nos limitar a acusações recíprocas, mas sim somar esforços nesta guerra contra um crime que não respeita fronteiras nem instituições. O fortalecimento da Ameripol nos ajudará a mudar o rumo desse jogo. Não podemos perder o jogo contra a insegurança, não temos segunda opção. Vamos juntos ganhar o jogo e recuperar a paz social”, afirmou.
De acordo com o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, o Brasil atuará diretamente nesse movimento de fortalecimento e instituicionalização da Ameripol. “O Brasil tem liderado uma série de operações de combate ao crime organizado, inclusive sediando o Centro de Cooperação Policial Internacional no Rio de Janeiro, e passa agora, como secretário-executivo da Ameripol, a poder utilizar esse espaço para realizar operações internacionais”, explicou Galloro.
Iniciativa de segurança
O Brasil também propôs, durante a 9ª Cúpula da Ameripol, o lançamento de uma iniciativa sul-americana de segurança, para impulsionar ações concretas de cooperação, inteligência, capacitação e operações conjuntas, principalmente em regiões de fronteira.
A iniciativa de segurança impulsionaria a criação e multiplicação de centros integrados binacionais ou trinacionais nas fronteiras com a participação de policiais, agentes de imigração, da Receita Federal, inteligência e Forças Armadas.
Ameripol
A Comunidade de Polícias das Américas (Ameripol) foi criada em 2007 com a assinatura de 18 países integrantes, entre eles o Brasil, durante encontro de polícias da América Latina e Caribe, em Bogotá, Colômbia. Fazem parte da Ameripol, 33 unidades de polícias e 25 órgãos observadores, entre eles a Interpol.