Cerca de 750 policiais militares iniciaram por volta das 6h da manhã deste domingo (19) a ocupação do Morro da Mangueira, na zona norte do Rio de Janeiro. Coordenada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a ação marca o início da pacificação da comunidade, que ganhará a 18ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da capital fluminense.
De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança, a ocupação ocorreu com tranquilidade e não houve troca de tiros entre policiais e traficantes. Uma bandeira do Brasil foi hasteada no Morro da Caixa D´Água, que integra o Complexo da Mangueira, para marcar a presença do Estado no local.
O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, acompanha a ocupação em um centro de operações montado em uma base do Exército, próximo à Mangueira. A ação deste domingo conta com quatro helicópteros equipados com câmeras que filmam a ação e enviam as imagens em tempo real para o centro de operações.
Nesta ocupação, foram instalados pela primeira vez aparelhos GPS em viaturas e radiotransmissores para acompanhar a localização e a distribuição dos policiais pela comunidade. Um centro de atendimento também foi montado em uma escola estadual próxima à Mangueira. Lá, defensores públicos de plantão recebem possíveis queixas de moradores da favela.
A operação policial conta com 14 veículos blindados das polícias Militar e Civil e dos Fuzileiros Navais da Marinha. Além do Bope, participam da operação soldados do Batalhão de Choque, da Companhia de Cães, do 3º BPM (Méier), 4º BPM (São Cristóvão) e 6º BPM (Tijuca).
A Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) da Polícia Civil acompanha a ação com reboques para remover veículos irregulares, sem documentação, suspeitos furtos. Já a Secretaria Municipal de Obras analisa algumas construções irregulares que poderão ser demolidas futuramente.
Pacificação de favelas
Além da Mangueira, as comunidades Morro dos Telégrafos, Candelária e Tuiuti também serão ocupadas. Quando inaugurada, a 18ª UPP fechará um conjunto de favelas que compreende todo o Maciço da Tijuca. A região também compreende as comunidades dos morros do Turano, Salgueiro, Formiga, Andaraí, Borel, Macacos e São João, todas já pacificadas.
A pacificação dessa região beneficiará indiretamente cerca de 550 mil pessoas, segundo a Secretaria de Estado de Segurança. Diretamente, a pacificação do Complexo da Mangueira beneficiará aproximadamente 21 mil moradores.
Essas comunidades do Maciço da Tijuca ficam próximas ao estádio do Maracanã e do ginásio do Maracanãzinho, dois equipamentos esportivos que serão usados na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016. Com o fechamento do cinturão de segurança, o trajeto até o complexo esportivo vai poder ser feito desde a zona sul do Rio, passando pelo centro da cidade, sem que se passe ao lado de favelas dominadas por traficantes.
Hoje, o Rio possui 17 UPPs. As unidades instaladas são: Santa Marta, em Botafogo; Cidade de Deus, em Jacarepaguá; Batan, em Realengo; Chapéu Mangueira/Babilônia, no Leme; Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, em Copacabana/Ipanema; Ladeira dos Tabajaras/Cabritos, em Copacabana; Providência, na zona portuária; Fallet/Fogueteiro, em Santa Teresa; Prazeres/Escondidinho, em Santa Teresa; São Carlos/Mineira, no Estácio; Turano, no Rio Comprido; Salgueiro, Formiga, Andaraí e Borel, na Tijuca; Macacos, em Vila Isabel; e São João/Matriz, no Engenho Novo.
Com 18 UPPs em funcionamento, 315 mil pessoas serão beneficiadas diretamente e cerca de 1,5 milhão indiretamente, segundo estimativas da Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro.