No dia 19 de junho, um grupo internacional de hackers, o LulzSec, anunciou o lançamento da Operação Antissegurança (#AntiSec na novilíngua do Twitter).
Em texto irônico e ameaçador, a cara desses Anos 10, que você lê aqui, LulzSec conclama os hackers do mundo a se unirem na batalha pelo "oceano internético" depois de o governo Obama e outros países terem endurecido o combate aos cyberataques, qualificando-os de atos terroristas.
A declaração mundial de cyberguerra (via site http://lulzsecurity.com/ e twitter @LulzSec) pede que hackers ataquem sites governamentais e corporativos e conclui desaforado que "a história começa hoje".
Três dias depois desse chamamento geral, o governo brasileiro admitiu que os sites da Presidência da República, da Receita Federal e do Portal Brasil sofreram fortes ataques que os tiraram do ar ou os prejudicaram temporariamente. O braço brasileiro do LulzSec reivindicou o feito no Twitter @LulzSecBrazil.
LulzSec, o nome é uma brincadeira com a expressão LOL, abreviação de "laughing out loud" ou "curtindo", "gargalhando", é o tipo de fenômeno web transnacional, anárquico, horizontal, irônico, apaixonado, romântico, irresponsável, legal/ilegal, que ocupará espaço crescente do radar geopolítico.
O poder nacional, como o conhecemos, herança antiga da criação do Estado moderno, limitador por natureza, está em declínio comercial e político.
Uma organização como a WikiLeaks, da posse de documentos secretos da diplomacia americana, consegue divulgá-los maciçamente pelo mundo, abalando posições de empresas e relações entre países poderosos sem ter nenhuma arma além de informação e ferramentas novas de comunicação.
Numa aliança sintomática dos neoalinhamentos globais, o grupo de hacker Anonymous, do qual LulzSec é uma dissidência, se aliou ao WikiLeaks na defesa do site quando ele foi atacado pelo governo dos EUA e grandes corporações.
Mas enquanto Anonymous parece ter uma agenda mais política e responsável, LulzSec, como seu nome diz, busca entretenimento na cyberguerra.
É a geração que cresceu e se educou com games, referências e troféus na cyberguerra. Um dos maiores alvos de LulzSec foi justamente a rede de games da Sony, que saiu do ar por semanas.
Esses cyberguerrilheiros são geralmente homens e jovens, entre 16 e 20 e poucos anos. E já estão entre nós, como mostra o ataque aos sites brasileiros.
Mas enquanto nos EUA o governo americano contrata ex-hackers para aconselhá-lo na cyberguerra e o Pentágono e a CIA lidam com esses cenários há anos, no Brasil, só no segundo semestre as Forças Armadas inaugurarão o primeiro CDC (Centro de Defesa Cibernética). Na área civil, a criação de uma Política Nacional de Segurança Cibernética caminha a nanopassos pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República do Brasil.
E cyberguerrilheiros serão sempre mais rápidos que burocratas brasileiros.
Protejam suas senhas!