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A quem interessa o fim da Polícia Militar, exatamente neste momento?

A quem interessa o fim da Polícia Militar, exatamente neste momento?

 

Dimas Mecca Sampaio

(Dep Est  PSL/SP)

Flávio César Montebello Fabri

Ambos Policiais Militares (Reserva PMESP)

 

Em um discurso emocionado, perante centenas de policiais, disse o então Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Cel PM Marcelo Vieira Salles, “não espere reconhecimento daqueles que não conhecem o cheiro da pólvora ou o calor dos incêndios”.

Da mesma forma, em formidável trabalho monográfico, deixou em sua dedicatória o competentíssimo e com vasta experiência operacional, Cel PM Cássio Araújo de Freitas, hoje Comandante do CPI-6 (comando que abrange todo o litoral paulista e Vale do Ribeira, área extensa e, por suas características, complexa) uma reflexão mais ampla sobre: ”Ao Soldado Anônimo, graduação genérica de todo militar, sinônimo daquele que milita e que, no caso do soldado policial, sustenta a ordem, o estado de direito e a democracia. Jamais lembrado nos grandes discursos. Homenageado com flores nos países líderes, negligenciado nos países submissos”.

O que seguiremos a expor tem como base este pensamento do Cel PM Cássio. E, indo além, principalmente quando vemos as manifestações do presente ano e, também, recordamos as de 2013.

 

Interessante notar a estatística alusiva a somente o mês de abril de 2020 da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Qual “empresa” possui uma demanda tão elevada de atendimentos?

(Fonte: http://www.policiamilitar.sp.gov.br/servicos/oque-pm-faz-por-voce)

O enfraquecimento ou a extinção de uma força como a Polícia Militar (legalista, treinada e coesa), como alguns pregam tão intensamente, interessa principalmente a qualquer grupo que deseje alterar o ordenamento do país, principalmente por vias não democráticas e subjugando a vontade da maioria da população. Até, infelizmente, facções criminosas, com notória dedicação ao tráfico de drogas, como ocorre no Rio de Janeiro, organizam grupos com características paramilitares, para manter o controle de áreas e impor “sua ordem”. No site YouTube os vemos gritando em diversos vídeos “- Aqui é tropa!”.

Lembremos que tivemos vários outros movimentos, alguns com viés ideológico, como em 2015 com a ocupação de escolas (que tal recordar da Rebelião dos Pingüins, no Chile em 2006?). DefesaNet, inclusive, já citou anteriormente este evento

(http://www.defesanet.com.br/ghbr/noticia/26484/Flavio-Fabri—Informacao-e-desinformacao–um-dos-aspectos-da-Guerra-Hibrida/).

A PM foi acionada. Como foi também em 2000, para desobstruir rodovias. Ela é a primeira resposta do Estado para a manutenção da ordem e, por vezes, a única.

KORYBKO, autor de obra que versa sobre Guerras Híbridas, aborda sobre as Revoluções Coloridas, que envolvem a derrubada de governos (considerados antiamericanos, no caso) e cita:

O objetivo de uma Revolução Colorida… é tomar o poder e derrubar a liderança do Estado. Ela é muito eficiente para essa finalidade… une a população… faz com que ela subjugue as instituições públicas que representam o governo...”

(Korybko, Andrew. Guerras Híbridas – Das Revoluções Coloridas aos Golpes – Editora  Expressão Popular – 2018)

 

É óbvio que o mesmo princípio é usado pelo outro lado. Ainda mais pelo fato da PM ser uma força de Estado. Não de governo e muito menos de partidos políticos.

Notório que nas manifestações atuais, a maioria da população é simpática a Polícia Militar. E têm sido rotineiro que muitos cidadãos acabem por, nestas mesmas manifestações, procurarem os integrantes da PM para posarem em fotos que são amplamente divulgadas nas redes sociais. Por curiosidade, semanas a fio, durante as manifestações populares na área central da capital paulista, a Polícia Militar não necessitou fazer uso de um único artefato antimotim.  

Por outro lado isso causou, principalmente para alguns atores políticos (particularmente os com viés político / ideológico contrário) incômodo. Tanto que alguns desses mesmos políticos acabaram por fazer uso ou apoiar movimentos como ACAB (acrônimo da frase em inglês “all cops are bastards”, todos os policiais são bastardos, lema que é usado por alguns grupos violentos de torcedores de futebol da Europa, grupos anárquicos e de rua) e, levianamente, os associar a movimentos “democráticos”. Idem os ANTIFA.

O uso da desinformação como estratégia é recorrente pelos que querem a extinção da Polícia Militar da mesma forma que outros se utilizam da desinformação nesse momento quando uma das “pautas”, de “alguns” é a derrubada ou enfraquecimento do governo federal.

 

 

Meios de comunicação citaram como ato pró-democracia aqueles cujos participantes, ao menos em parte, ostentavam “siglas” como ANTIFA e ACAB (fonte: internet)

 

 

Alguns integrantes de manifestações “Pró-Democracia” (termo usado pela mídia leiga e alguns políticos) ostentavam (camisas, bandeiras etc) com o acrônimo ACAB.

“Este lema é usado por torcedores de futebol da Europa (hooligans, ultras etc) grupos ligados a ideologia Anarquista, grupos de rua (Skinheads e Punks, Rappers). Recentemente se popularizou por grupos Esquerdistas e anarquistas (principalmente pelos Antifas) pelo Brasil.” (fonte: https://delegados.com.br/noticia/novos-tipos-de-tatuagens-acab-e-1312-remetem-violencia-contra-policiais)

 

Não somente a pura e simples idéia de extinção das Polícias Militares ocorre. Se não diretamente, ocorre solapamento (o enfraquecimento) da Polícia Militar de outras formas.

Em São Paulo, por exemplo, desde a “era Covas”, isso é feito de forma sistemática. Mantendo os salários sempre baixos, apresentaram uma “vitória” (termo usado à época) para valorizar o policial: que ele vendesse suas folgas para as prefeituras, atuando fardado à disposição do ente municipal. Depois, a DEJEM (fazendo o mesmo para o Estado).

Dessa forma, com salários baixíssimos, os policiais militares paulistas passaram a empenhar a quase totalidade de suas folgas ou em missões que não as suas (como atuando contra comércio ambulante, missão da prefeitura, seus fiscais e guardas municipais) ou, trabalhando exatamente no mesmo serviço extenuante (e exposto aos riscos inerentes da missão), o qual poucas horas antes havia deixado para repouso. Na ótica governamental, ficou a idéia de que o policial possui muitas folgas, não é necessário o repouso ou convívio familiar, é desnecessário investimento pessoal (como, por exemplo, aprimoramento mediante a freqüência em um curso superior), tão como a “vantagem” (para o Estado) de que não era necessário reajustar salário, tão como dedicar o erário aos policiais veteranos.

O “bônus” salarial surgiu depois, para que nem todos o recebessem (principalmente os policiais veteranos). Serve como “maquiagem” de reajuste.  O governador se referiu aos policiais aposentados, quando confrontado, como vagabundos. A situação de penúria faz com que o pessoal da ativa às vezes se esqueça dos companheiros da reserva. A necessidade imediata fala mais alto. E é assombrosa a quantidade de “vaquinhas” em redes sociais, onde se busca que outros policiais contribuam para que um companheiro (ou parente deste) em necessidade seja atendido.

O governo sabe que com o tempo isso se torna “normal” e é “necessário”, para o integrante da Polícia Militar, aceitar essas aberrações. Essa é UMA FORMA DE SOLAPAMENTO, pois causa exaustão, baixa auto-estima, manutenção de um efetivo eternamente tenso, com pouco convívio familiar, sem a possibilidade de investir em aprimoramento próprio (em São Paulo não há qualquer valorização ou incentivo, diferente de outros Estados ou carreiras, para que um policial militar busque um curso superior ou especialização, por parte do ente estatal)  e, relegando ao esquecimento, os veteranos (que possuem um longevidade inferior à população em geral).

Se surgem não conformidades, poucas instituições são tão céleres para as devidas apurações. E poucas promovem uma depuração interna como a Polícia Militar. Seus milhares e milhares de integrantes são extremamente críticos com desvios de conduta. E afirmamos que poucas áreas estatais o fazem como na Polícia Militar.

Por curiosidade, da mesma forma das manifestações de 2013, como agora, voltam a surgir “manuais” para que grupos radicais (para alguns, manifestantes “pró-democracia”) promovam o enfrentamento a policiais militares. Citamos trechos de um, de fácil consulta, na internet para quem o desejar:

 

“De Gênova à Seattle, do Egito ao Rio de Janeiro o que se pode ver é a repressão violenta estatal institucionalizada como único meio de “diálogo” para com as massas e seus anseios. Os Black Blocs, em seu “estado de conservação original” de métodos e táticas, são o mais puro exemplo de como é dever de todo o revolucionário se organizar de forma a efetivar um revide não pacífico às forças de repressão do estado. Não há a possibilidade de abertura para um diálogo com armas ou fardas… Uma flor não vence um canhão. Não importa o quão grande, belo e legítimo seja o jardim de rosas e margaridas, um único canhão fará estrago suficiente para que naquele lugar não nasça mais flores.”

 

Por sinal, ao citarem Seattle, é extremamente fácil entender a necessidade de alguns grupos de verem extintas as Polícias Militares, tão como o que ocorre com a inexistência ou mesmo interferência política das forças policiais.

 

 

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/seattle-protestos-tiroteios-em-48-horas-morto/

 

Fomentar a extinção da Polícia Militar interessa àqueles que, querendo alterar o ordenamento da nação ou a desestabilizar, buscando caminhos não democráticos, usando da desinformação e outras técnicas, encontraram um óbice: a própria PM.

Óbice este, por sinal, que a população que ama nossa bandeira (não quem as queima), faz questão de tratar bem quando das manifestações. Democracia está na vontade popular. E a PM é seu principal apoio. Como sempre foi e continuará a ser.

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