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Vulnerabilidade nas fronteiras abre caminho para tráfico de arma e droga

A fragilidade da segurança nas fronteiras, que permite a entrada de armas e drogas, também facilitou o crescimento das facções criminosas. Investigações já mostram como a maior facção do país se aliou a traficantes de outros países.

Especialistas ouvidos pelo Bom Dia Brasil dizem que tudo isso também está relacionado às rebeliões que o Brasil vem assistindo desde o começo do ano em presídios do país.

É uma guerra por poder e também por mercado. A matança entre grupos rivais dentro dos presídios das regiões Norte e Nordeste esconde uma intensa disputa pelo controle das rotas internacionais do tráfico de drogas.

Uma carta apreendida pela polícia de São Paulo em 2008 é o primeiro registro da relação dos chefes da facção paulista com traficantes bolivianos. Ela traz detalhes da viagem que o então contador da facção fez em fevereiro daquele ano à cidade Puerto Quijarro, na fronteira do Brasil com a Bolívia. As investigações revelaram que, na ocasião, traficantes bolivianos acertaram a entrega de até 70 Kg de cocaína por mês para a quadrilha paulista, além da venda de armas e explosivos.

“Eles tem escritórios mesmo. Tem gente trabalhando lá para essas duas coisas: para comprar as drogas, para movimentar a parte do dinheiro e também para a compra de armas. Algumas dessas armas que foram usadas aqui, metralhadoras .50, que foram usadas aqui nos grandes assaltos a transportadoras de valores, aparentemente elas são armas antigas do exército boliviano”, disse o analista criminal Guaracy Mingarde.

Em junho do ano passado, um assassinato mostrou, mais uma vez, que o crime organizado atravessou fronteiras. Jorge Rafaat, apontado como chefe do tráfico na fronteira do Brasil com o Paraguai, foi alvo de uma emboscada nas ruas de Pedro Juan Cabalero. As investigações indicam que a ordem para matar Rafaat partiu da facção paulista, que queria eliminar os intermediários e assumir o controle das rotas de tráfico na região.

Quem investiga o crime organizado diz que os criminosos só conseguem trazer armas e drogas, porque a nossa fronteira de quase 16 mil km é vulnerável e que duas medidas ajudariam a acabar com a violência dentro e fora dos presídios: reforçar a vigilância e estreitar as relações com países vizinhos.

O juiz federal Odilon de Oliveira, que há mais de dez anos combate organizações criminosas na fronteira do Brasil com o Paraguai, diz que o policiamento hoje nas fronteiras é insuficiente. “O Brasil coloca apenas metade dos policiais federais, que deveriam estar na fronteira, são 13% do contingente da Polícia Federal. Se tem 1/3, se a fronteira corresponde a 1/3 do território nacional teria que ter 1/3 da Polícia Federal na fronteira. Se a união federal não cuida da fronteira, por ela vão passar livremente drogas e armas”, disse o juiz.

Para o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, falta integração entre as forças de segurança. “Não há uma integração entre os órgãos de inteligência para que nós façamos um trabalho preventivo nessas regiões e também um trabalho investigativo a partir das informações de inteligência. Então há uma ação descoordenada”, disse o presidente da FENAPEF, Luis Antonio Boudens.

Em nota, o Ministério da Justiça informou que um dos objetivos do Plano Nacional de Segurança é integrar os sistemas de inteligência federais e de todos os estados. Segundo o projeto, núcleos de inteligência policial em cada estado vão integrar as Policias Federal, Rodoviária, Civil e Militar.

O ministério também prometeu intensificar ações conjuntas no combate ao tráfico de drogas e armas, identificação de pistas clandestinas, depósitos de armas e de laboratórios de cocaína e plantações de maconha.

O Ministério da Defesa disse que participa de ações integradas, mas que não é função das Forças Armadas patrulhar as fronteiras. “Nós cooperamos com os órgãos responsáveis, porque nós estamos nas fronteiras. Então, para isso, nós temos, nesses postos fixos na fronteira, que são 24 na Amazônia, se não me engano, e cinco no Centro-Oeste, nós temos cerca de dois mil homens fixos nas fronteiras.

Em unidades na faixa de fronteira, nós temos cerca de 9 mil homens e próximo a faixa de fronteira, nós temos cerca de 45 mil homens, que podem ser empregados nessa tarefa de combate aos crimes transfronteiriços na fronteira”, disse o chefe da EMCFA, almirante Ademir Sobrinho.

Também em nota, o Ministério da Justiça informou que todas as informações a respeito de apreensão de armas serão canalizadas e centralizadas na Polícia Federal, que vai criar um banco de dados com essas informações.

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