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Temer deve manter atual cúpula militar

Tânia Monteiro


Na tentativa de evitar inquietações e transmitir tranquilidade a uma área considerada "sensível" e "estratégica", o vice-presidente Michel Temer fez chegar aos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica o aceno de que eles permanecerão em seus cargos, caso assuma o Palácio do Planalto, se for confirmada a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, pelo Senado.

Ao transmitir este recado aos três comandantes militares, Temer quis mostrar que o setor, que é totalmente hierarquizado, estaria preservado e não enfrentaria nenhum tipo de turbulência ou influência política. Mas este não foi o único sinal que a área militar recebeu de um possível governo Temer que agradou à caserna.

O vice-presidente compartilha da tese de que o País precisa de uma área de inteligência fortalecida e sob uma outra chefia, que não a atual Secretaria de Governo, atualmente comandada por Ricardo Berzoini. A ideia inicial é que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) volte para o guarda-chuva do atual Gabinete Militar que, a princípio, poderá passar a se chamar Gabinete de Segurança Nacional, com as atribuições semelhantes ao antigo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) desativado por Dilma.

O desejo da Abin era ficar vinculado diretamente ao gabinete presidencial, mas esta possibilidade foi descartada por interlocutores de Temer. Apesar da vinculação da Abin a um setor nos moldes do GSI, a ideia não é que a pasta tenha característica eminentemente militar, como tem sido nos governos Dilma e Lula, mas funcione como um órgão de Estado. Todas as propostas foram bem recebidas pela área militar.

Os três comandantes militares compartilham da ideia de que todos precisam ter uma área de inteligência forte e bem preparada. Num segundo passo, a intenção é que o setor seja reestruturado, justamente para ganhar mais musculatura.

Fronteiras. Temer se aproximou da área militar, ironicamente, por determinação da presidente Dilma Rousseff, que o nomeou coordenador de um Plano Estratégico de Fronteiras, criado em 2011. Por isso mesmo, o vice conhece e conviveu de perto com os três comandantes militares.

Em razão das viagens pelas fronteiras do País e em várias reuniões, Temer pôde conhecer de perto as dificuldades enfrentadas pelos militares, principalmente em decorrência dos cortes orçamentários que a área vem sofrendo. Para os militares, o sentimento é de que, apesar da turbulência política, não há sinais de que ela virá com tumulto nas ruas -em caso de uma transição.

Eles acreditam que não precisarão ser acionados para garantia da lei e da ordem. Os movimentos sociais, que ameaçaram incendiar o País, têm se comportado dentro da normalidade."

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