LAURO NEY BATISTA
Empresário do setor aeroespacial, especialista no setor e
ex- coordenador da Comissão Empresarial para o Desenvolvimento Aeroespacial (CEDAER)
As notícias na mídia não mencionam, mas na verdade a defasagem orçamentária da Defesa é de cerca de 16 bilhões. E isso apenas para garantir a operacionalidade e manutenção dos programas básicos das Forças Armadas. O adicional de 7,5 bilhões, solicitados pela Defesa esta semana na audiência do Congresso, foi uma "medida de desespero", pois sem isso as Forças Armadas entrariam em colapso.
A situação é ainda mais grave, se considerarmos que o próprio titular da pasta da Defesa, ministro Celso Amorim, não participou da audiência, deixando os comandantes das três Forças numa situação de quase "órfãos" do governo.
O governo federal não pode alegar falta de recursos, pois todos os dias vemos exemplos de dinheiro público sendo gasto ao bel prazer, desde as conhecidas mordomias dos políti cos, até as "benevolências" do governo petista com vários países "camaradas". Isso, obviamente, sem mencionar as obras da Copa.
Também não podemos considerar que esse absurdo esteja ocorrendo por mera burrice ou incompetência do Palácio do Planalto, pois trata-se de um problema extremamente grave, que inclusive pode abalar a solidez das Forças Armadas e, em consequência, a própria estrutura constitucional do país (qualquer pessoa que não tenha faltado às aulas de História do Brasil deve saber disso).
Por esse motivo, a única explicação possível é que existe um plano deliberado, por parte do governo do PT, para destruir as Forças Armadas Brasileiras. Longe de ser mais uma "teoria da conspiração", os fatos falam por si.
Começou no governo Lula, com exemplos grotescos, como o caso F-X2, entre outros, e piorou ainda mais no governo Dilma, cuja principal medida, imediatamente após tomar posse, foi reduzir drasticamente as verbas para o Ministério da Defesa, com a "justificativa" de "dar prioridade para o combate da pobreza". Isso até poderia ser verdade, não fosse pelo fato de que as despesas com gastos supérfluos, corrupção e outras mazelas governamentais terem aumentado à enésima potência durante a estadia de Dona Dilma no Planalto, sem que a chamada "mãe dos pobres" tenha o mínimo de pudor em torrar levianamente o dinheiro do contribuinte, como na visita à Roma, entre muitos outros (maus)exemplos.
É importante lembrar que os cortes de verba para a Defesa não afetam somente o combustível para as viaturas e aeronaves, mas até mesmo o "rancho" (alimentação) do pessoal (em várias ocasiões, em anos passados, as Forças Armadas tiveram que reduzir o número de recrutas, simplesmente por falta de comida – e aqui em São José, o próprio DCTA já teve que trabalhar meio expediente simplesmente porque não tinha verba para servir o almoço).
Além disso , sem verbas para os projetos em desenvolvimento (armas, equipamentos e veículos nacionais), perde-se a sempre tão comentada "soberania" e aprofunda-se a dependência de tecnologia estrangeira (veja-se desde o recente exemplo dos casos de espionagem, até a redução dos dados de satélites meteorológicos).
Da mesma forma, as empresas brasileiras deixam de participar do processo e muitas delas acabam até indo à falência – como já houve dezenas, senão centenas de casos na última década.
Dois excelentes exemplos são os programas F-X2 e KC-390 (e isso apenas na FAB, sem mencionar as outras forças).
O F-X2 tornou-se uma piada de repercussão mundial, causou um imenso prejuízo aos concorrentes estrangeiros (Boeing, Dassault e Saab) e à imagem do nosso país, e deixou a ver navios dezenas de empresas brasileiras que participariam do programa (inclusive a minha, que acabou falindo no ano passado, devido principalmente à dívidas con traídas para atender às exigências do Programa).
O KC-390 foi provavelmente o ápice da falácia governamental, com o Ministério da Defesa (ainda na época do Jobim) e Comando da Aeronáutica fazendo eventos pomposos, aqui no Parque Tecnológico de São José dos Campos e até na Fiesp, em SP, prometendo que a meta era ter o máximo possível de empresas nacionais no programa, que o projeto era parte de um tal "Plano Nacional de Defesa", para recuperar a indústria nacional de defesa, etc., etc., etc.
Mas, com os cortes de verba feitos por dona Dilma desde o seu primeiro dia de governo, o F-X2 foi para a gaveta (senão para o lixo) e a Embraer, sem verbas para o KC, para conseguir tocar o projeto precisou "passar o chapéu" mundo afora, em busca de "parceiros de risco" (leia-se: empresas para entrar com dinheiro no projeto). Como resultado, hoje não existe uma única empresa brasileira no programa KC e o "cluster" das empresas do segmento aeronáut ico (também chamado de "APL Aeroespacial") da região de São José dos Campos foi reduzido a quase zero.
É ESSE o trabalho que o governo do PT está fazendo em prol da segurança e do desenvolvimento social, econômico e tecnológico do nosso país.