Em 2017, o Brasil contará com um novo sistema de comunicação por satélite, capaz de abrigar o tráfego de informações das Forças Armadas e ainda permitir a ampliação da banda larga, tornando possível, desta forma, o acesso mais rápido e eficaz à Internet para brasileiros de regiões longínquas.
Nesta quinta-feira (1º), o ministro da Defesa, Raul Jungmann, junto com o presidente da Telebras, Antonio Loss, recebeu o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), dedicado às comunicações do governo brasileiro e integralmente controlado pelo Brasil. O evento ocorreu em Cannes, no sul da França, onde fica a sede da Thales Alenia Space (TAS), empresa fornecedora do equipamento.
“Esse Satélite está pronto e, quando for lançado em órbita, em 2017, terá a função civil, que é levar a banda larga a todos os brasileiros, acabando, assim, com a exclusão. Na área militar, vai nos assegurar a soberania e impedir que ocorram casos de espionagem. Isso tudo representa um grande salto de inclusão social do Oiapoque ao Chuí, da Cabeça do Cachorro a Fernando de Noronha”, disse o ministro.
Para acompanhar a etapa final de entrega deste importante equipamento, Jungmann embarcou para a França acompanhado do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, e de assessores e auxiliares envolvidos no projeto do Satélite. Recebido oficialmente da empresa Thales Alenia, o equipamento, agora, passa por processo de embalagem e, até o primeiro trimestre de 2017, chegará a Kourou, na Guiana Francesa. É de lá que o Satélite será colocado em órbita, no próximo dia 21 de março, conforme previsão do grupo responsável pelo desenvolvimento do equipamento.
Em Cannes
O ministro da Defesa desembarcou em Nice, cidade próxima a Cannes, no sul da França, no final da tarde de quarta-feira (30). À noite, a delegação brasileira participou de cerimônia e o ministro Jungmann se reuniu com executivos da Thales Alenia Space.
Na manhã desta quinta-feira (1º), a comitiva seguiu para a sede do grupo francês, onde conferiu a apresentação do projeto SGDC, bem como a exibição de filme que mostra a participação de um grupo de 51 engenheiros e técnicos brasileiros envolvidos na troca de experiências tecnológicas sobre o desenvolvimento do Satélite e de suas funções.
A reunião foi comandada por Bertrand Maureau, um dos principais executivos do grupo Thales. “Quero afirmar aqui que conseguimos realizar este trabalho em parceria com engenheiros e empresas brasileiras. A partir de agora, nossa estratégia é incluir empresas em outras cadeiras, assegurando a integração total”, afirmou Bertrand.
Em seguida, o grupo entrou na chamada sala limpa, local onde o Satélite se encontrava pronto para o acondicionamento em containers. A próxima etapa é o translado para a Guiana Francesa. Se as previsões se confirmarem, o equipamento será lançado em 21 de março e permanecerá cerca de 60 dias em teste, entrando em operação definitiva no final do primeiro semestre do próximo ano.
A expectativa da Thales é de que o governo brasileiro proceda a encomenda de um segundo satélite, assunto que ainda está em discussão. Para as autoridades brasileiras, o importante é fechar mercado para canalizar toda a comunicação neste equipamento. Atualmente, as Forças Armadas utilizam os satélites Star One, da Embratel, empresa privada. Com a operação do SGDC, as comunicações militares deixam o equipamento da multinacional, ficando apenas com o satélite sobressalente.
Satélite Geoestacionário
O projeto é uma parceria entre os ministérios da Defesa e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e envolve investimentos da ordem de R$ 2,1 bilhões. O Satélite, adquirido pela Telebras, terá uma banda KA, que será utilizada para comunicações estratégicas do governo e implementação do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), e uma banda X, que corresponde a 30% do equipamento, de uso exclusivo das Forças Armadas. O Ministério da Defesa investiu cerca de R$ 500 milhões para utilização da banda X pelos próximos 18 anos, tempo de vida estimado do produto.
Com isso, o Brasil passará a fazer parte do seleto grupo de países que contam com seu próprio satélite geoestacionário de comunicações, não tendo mais a necessidade de alugar equipamentos de empresas privadas, o que vai gerar uma economia significativa aos cofres públicos e maior segurança em suas comunicações.
Além disso, por ampliar a segurança das comunicações de defesa, o SGDC expandirá a capacidade operacional das Forças Armadas, por exemplo, em operações conjuntas nas regiões de fronteira terrestre, em eventuais operações de resgate em alto mar e ainda no controle do espaço aéreo.
“Esse primeiro satélite representa um salto enorme em termos de comunicações de defesa, ampliará a nossa capacidade de forma segura e, por isso, representa um enorme avanço ao País”, ressaltou o ministro da Defesa.
Além de assegurar independência e soberania nas comunicações de defesa, o Satélite, assim como todos os projetos estratégicos das Forças Armadas, não se restringiu à mera aquisição do equipamento. O acordo firmado com a França envolveu largo processo de absorção e de transferência de tecnologia. Na parte de absorção, houve o envio de mais de 50 profissionais brasileiros para a sede da Thales, em Cannes e Toulouse, na França. São especialistas
Esses profissionais, engenheiros e técnicos, puderam aprender a operar o Satélite e a realizar o controle do equipamento em solo, que será feito por militares a partir do 6º Comando Aéreo Regional (VI COMAR) da Aeronáutica, em Brasília, e da Estação Rádio da Marinha, no Rio de Janeiro.
Na etapa de transferência de tecnologia, empresas nacionais poderão concorrer e, se selecionadas, serão capacitadas pela Thales Alenia Space a desenvolver satélites da mesma classe.
A aquisição do equipamento ocorreu após uma competição internacional, via contrato com a Visiona, uma joint venture entre a Telebras – estatal federal do setor de telecomunicações – e a Embraer – empresa privada líder nos setores aeroespacial e de defesa. A criação da Visiona, em 2012, corresponde a uma das ações selecionadas como prioritárias no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) para atender aos objetivos e às diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE) e da Estratégia Nacional de Defesa (END).
Além do comandante da Aeronáutica e do presidente da Telebras, também acompanharam o ministro da Defesa na viagem à Cannes o chefe de Assuntos Estratégicos do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), brigadeiro Alvani Silva, o secretário de Produtos de Defesa, Flávio Basilio, o chefe da Assessoria Parlamentar do Ministério da Defesa, general Marco Rosa, o embaixador Paulo César de Oliveira Campos, além de executivos da Visiona e da Embraer.
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