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Neste 19 de agosto, a ONU marca os 15 anos do ataque à sede da organização em Bagdá; no atentado com um carro-bomba morreram 22 pessoas incluindo o chefe da Missão, Sergio Vieira de Mello; na época, ela ocupava o posto de alto comissário da ONU para Direitos Humanos e havia sido enviado ao Iraque, meses após a queda do regime do ex-presidente Saddam Hussein.
Sergio Vieira de Mello nasceu em 1948, o mesmo ano também do nascimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Com apenas 21 anos de idade, e recém-formado pela Universidade de Sorbonne, ele ingressou nas Nações Unidas. Seu primeiro posto: trabalhar com refugiados diretamente no terreno com os que mais precisavam.
Em 2002, quando acabava de assumir o posto de alto comissário de direitos humanos, Sergio se apresentou assim a novos funcionários da ONU.
Equipe
O tempo foi passando, e Sergio foi subindo os degraus de uma carreira tragicamente interrompida aos 55 anos de idade por um carro-bomba contra a sede da ONU em Bagdá, em 19 de agosto de 2003.
Ele chegou ao país com uma ideia clara do que queria fazer com a sua equipe, que escolheu a dedo entre os mais brilhantes da organização. Um dia, o secretário-geral que nomeou Sergio para o posto, Kofi Annan, disse que aquela equipe era composta dos maiores e melhores da ONU. Mas para Sergio Vieira de Mello, nenhum deles tinha o direito de dizer aos iraquianos o que deveriam fazer. É Sergio mesmo quem explica.
Com a ajuda de um intérprete árabe, Sergio falou como chefe da Missão da ONU no Iraque aos jornalistas, logo no começo, lembrando que o que a ONU havia aprendido é que um processo como aquele, de reconstrução do país, tinha de ser feito pelos próprios iraquianos e jamais ditado pela ONU ou quem quer que seja.
Para Sergio era muito claro que nenhum estrangeiro poderia dizer aos iraquianos como reerguer o seu país. E para ele, esta era uma decisão que tinha de ser tomada, rapidamente, para não aumentar o nível de impaciência e frustração, que existe após um conflito ou guerra.
Carisma
Assim, ele demonstrava o respeito da organização pela soberania do Iraque e também pela população que devia decidir o seu próprio destino.
E Sergio era mesmo assim: onde quer que servisse, se preocupava em estabelecer esta conexão direta com as pessoas. Gostava delas, fazia perguntas, sorria, tocava os seus interlocutores com a ajuda de um carisma, que era a sua marca.
Sergio Vieira de Mello era filho de um embaixador, e mesmo sendo conhecido por suas qualidades diplomáticas ímpares, jamais quis ser definido como diplomata. Gostava da ONU, de ser servidor civil internacional. E foi exatamente isso que fez no Camboja, em Bangladesh, Moçambique, no Peru e por tantos lugares onde passou.
Mas um em especial, marcaria a carreira do brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, uma nova nação que acabava de nascer, e que ele ajudou à frente da ONU a restaurar sua independência: o Timor-Leste.
Aqui, Sergio confirma a data da primeira eleição para presidente do Timor-Leste. O país de língua portuguesa no sudeste da Ásia.
Timor-Leste
Quem conheceu Vieira de Mello no Timor-Leste e outras partes por onde passou incluindo Nova Iorque, a sede da ONU, conta que ele era amável, competente, carismático e brilhante. Dizem que ele escutava as pessoas com atenção e respeito e que era amigo de todos especialmente dos mais vulneráveis. O único sobrinho de Vieira de Mello e único afilhado, André Simões, disse à ONU News, neste depoimento em 2017, que aprendeu a dividir o padrinho com milhares de pessoas pelo mundo.
"Sergio era meu tio e padrinho. Era padrinho meu e de milhares de pessoas que cruzaram o seu caminho de várias maneiras.
E em toda reflexão por um mundo melhor inspirada por ele.
Na ONU, suas equipes, suas missões sempre buscaram minimizar o sofrimento dos vulneráveis.
"O trabalhador humanitário, herói da paz, anônimo, arriscando sua vida por pessoas que nunca viu e muitas vezes nem sua língua falam, é motivo de orgulho."
Para André Simões, o tio deixou sua marca na história da ONU e na vida de muitas pessoas.
Para ele, Sergio Vieira de Mello tinha um compromisso com o diálogo para solucionar conflitos. O que Simões defende como uma linha de pensamento, que deve ser estudada.
Sergio nasceu junto (no mesmo ano) com a Declaração dos Direitos Humanos, no ano de 1948, e dedicou sua carreira a dar sentido a cada um dos seus 30 artigos.
Não foi o ideal, mas conseguiu transmitir o que ele queria: a promoção do diálogo para solução do conflito como linha de pensamento Sergio Vieira de Mello.
Sonhos
Mas é o próprio Sergio que fala sobre a escolha de vida que fez e como, sem saber, impactou tantos vidas pelo caminho.
Neste depoimento, ele diz que a ONU é a melhor oportunidade que alguém tem na vida de atingir seus sonhos. E lembra que os desafios e as recompensas reais de se servir à ONU estão no terreno.
Terreno que ele amava e no qual acabou dando a sua vida, juntamente com outros 21 colegas, a serviço de muitos.
Neste samba, um ritmo tradicional de seu país natal, o Brasil, os compositores Waldir Lopes e Belo de Muriaé fazem sua homenagem póstuma a Sergio…
This Int’l Day of Remembrance of & Tribute to the Victims of Terrorism, we celebrate the legacy of those who lost their lives in the terrorist attack against @UN's HQ in Baghdad in 2003, including Brazilian Sergio Vieira de Mello, High Commissioner for #HumanRights. #NotATarget pic.twitter.com/XMffX2Ur0z
— Brazil Mission UN (@Brazil_UN_NY) 17 de agosto de 2018
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