Opção do governo pela aquisição de aviões suecos, que disputavam a preferência com franceses e norte-americanos, motivou Ricardo Ferraço a propor o debate, que deve acontecer em fevereiro
Tão logo o Congresso retome as atividades, em fevereiro, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) fará uma audiência pública com o ministro da Defesa, Celso Amorim, e o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, para que sejam esclarecidos detalhes relativos à decisão do governo brasileiro de comprar 36 caças da empresa sueca Saab.
Foi o que informou o presidente da CRE, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), à Rádio Senado. O senador afirmou que as ações de espionagem realizadas pelo governo dos Estados Unidos no Brasil, reveladas pelo ex-analista de inteligência norte-americano Edward Snowden, prejudicaram a Boeing, que disputava a preferência das autoridades brasileiras com a Saab e a francesa Dassault.
— Ainda que nossas autoridades não admitam, é evidente que houve uma reflexão sobre isso. Quando você faz uma aquisição como essa, é como se você estivesse fazendo um casamento. Então a geopolítica foi considerada, juntamente com as questões de eficiência e performance — ponderou.
Anunciada na quarta-feira, a escolha dos caças suecos pôs fim a uma disputa de quase duas décadas. Em 1996, o governo Fernando Henrique Cardoso comunicou a intenção de adquirir as aeronaves. O objetivo orientou o lançamento, em 2001, do programa FX-2.
Durante o governo Lula, o então presidente chegou a declarar que o Brasil compraria os equipamentos da Dassault.
Na opção pelos Gripen NG, da Saab, pesaram, conforme o Ministério da Defesa, a qualidade dos equipamentos, os custos de aquisição — US$ 4,5 bilhões — e de manutenção e, sobretudo, os compromissos de transferência de tecnologia e de nacionalização de boa parte do processo de produção. Isso porque a parte de estrutura do avião e outros componentes deverão ser produzidos em São Bernardo do Campo (SP).
No Senado, foram positivas as primeiras reações à escolha.
Ana Amélia (PP-RS), por exemplo, elogiou a decisão, mas lamentou a demora na definição e os baixos investimentos do Brasil nas áreas de defesa e de tecnologia.