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Segurança perceptível

Transparência na divulgação de dados sobre criminalidade em São Paulo contribuirá para devolver debate público e ação policial a rumo correto As estatísticas sobre criminalidade e a percepção pública da violência não raro seguem caminhos separados, até divergentes. As primeiras refletem transformações de maturação lenta, como os efeitos de uma política de segurança consistente, que parece estar por trás dos bons resultados colhidos no Estado de São Paulo.

O outro fenômeno, de percepção, costuma ser influenciado por crimes de grande impacto, como a tragédia de Realengo. Tais episódios aumentam a sensação de insegurança na população, na medida em que evidenciam que a violência pode irromper a qualquer momento e em qualquer lugar.

Vulnerabilidade abstrata, contudo, não implica aumento de probabilidades reais. Elas só se confundem nos debates enviesados que costumam suceder eventos traumáticos, como fica patente no disparate de realizar novo plebiscito sobre proibição de armas.

Para desfazer tais associações espúrias existem os dados estatísticos. Interpretados de maneira correta, fornecem uma base mais sólida seja para a discussão pública, seja para nortear a ação da polícia no combate à criminalidade.

O governo estadual de São Paulo avança nessa direção ao passar a divulgar dados da violência detalhados, mês a mês e por distrito policial. Sempre é mais fácil implantar a transparência quando os números são positivos, como agora: nos últimos 12 meses, a taxa de homicídios dolosos caiu 19%, para 9,9 por 100 mil habitantes. Pela primeira vez o dado fica abaixo do nível considerado epidêmico pela OMS (Organização Mundial da Saúde), 10 por 100 mil. De todo modo, notícia duplamente boa.

Não seria o caso, porém, de exceder-se na comemoração. Os números absolutos ainda são assustadores: 4.088 assassinatos num ano, 11 por dia. A média estadual esconde uma divergência entre capital e interior, que tiveram taxas de queda bem diferentes, respectivamente 41% e 9%. E delitos graves apresentaram altas, como latrocínios (2,7% de aumento) e roubos de veículos (8,5%).

A Secretaria da Segurança Pública paulista, tudo indica, colhe frutos de política mais firme de repressão ao crime -inclusive nas fileiras policiais, para reduzir a corrupção e a violência excessiva.

As corporações reagem, é claro. Há descontentamento aberto com a subordinação da Corregedoria da Polícia Civil diretamente ao secretário Antonio Ferreira Pinto, e não mais à cúpula policial. Causa estranheza que o retrocesso seja encampado na Assembleia Legislativa pelo petebista Campos Machado, em teoria aliado do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

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