BRASÍLIA. Três atiradores de elite foram posicionados ontem no teto do Palácio do Planalto por causa de um pequeno mas barulhento grupo de ex-servidores da Aeronáutica que reivindica ser readmitido no trabalho. De manhã, três dos manifestantes subiram na torre da Bandeira Nacional, de cem metros de altura, na Praça dos Três Poderes, em frente ao Planalto, para pressionar o governo. Ficaram lá o dia todo; no fim da tarde, acabaram retirados pela Polícia Militar e presos para averiguação.
A manifestação – feita por 20 representantes da Associação Nacional de Ex-Soldados Especializados da Aeronáutica (Anese) – obrigou a presidente Dilma Rousseff a mudar a rotina de trabalho. Desde a tarde de terça-feira, a presidente, muito gripada, está despachando no Alvorada, para fugir do barulho incessante das vuvuzelas dos manifestantes. Ontem, além dos atiradores de elite no Planalto, barreiras de segurança foram montadas nos arredores do Alvorada.
Os manifestantes fizeram concurso para a Aeronáutica entre 1994 e 2001, mas, no edital, não constava que as vagas eram temporárias. Foram demitidos e agora reivindicam voltar aos postos. O governo aceita negociar, mas só depois de concluído o parecer da Advocacia geral da União (AGU), e se a manifestação for suspensa.
Anteontem, a própria Dilma mandou um emissário pedir para que parassem o cornetaço durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Ontem, os três atiradores de elite chegaram no meio da tarde, dirigindo uma ambulância pequena, entraram no Planalto carregando maletas especiais para fuzis, com a marca Sauer estampada, e ficaram cerca de 40 minutos lá. No Alvorada, a segurança da Presidência fechou as duas vias de acesso ao Palácio, com homens da PM e da segurança presidencial. Os acessos estavam bloqueados por cones, barreiras metálicas e grades.
No fim da tarde, o Planalto informou que estava normal o esquema de segurança da Presidência. Disse que os atiradores estavam portando só lunetas, para observar os manifestantes. No entanto, o coronel Alberto Pinto, da PM do Distrito Federal, que comandava a operação, confirmou que eram mesmo três atiradores de elite. As lunetas estavam acopladas nos fuzis.