Júlio Ottoboni
Especial para DefesaNet
Uma movimentação interessante dos países nórdicos em relação ao Brasil chamou a atenção após a viagem do presidente Michel Temer a Noruega na busca por investimentos para reaquecer a economia nacional. As ações foram percebidas por empresários do setor aeroespacial, mas nem tanto pela visita de Temer e sim pelas últimas conquistas da EMBRAER apresentadas em Paris. E a ações que estão abrindo o mercado brasileiro.
As companhias nacionais e subsidiárias internacionais sediada, principalmente, no polo aeroespacial de São José dos Campos começaram a se mexer para mostrar que apostar neste segmento no Brasil ainda é um bom negócio e o país não reduziu sua atividade econômica apenas à agropecuária – segmento esse que também beira o colapso dada a nova crise comercial com a qualidade da carne brasileira sendo novamente contestada e por processos de fraudes e corrupção de grandes frigoríficos.
A expectativa é o ingresso da Noruega, que já é um dos principais parceiros do Brasil, na parte de defesa, satelitária como também na de tecnologias no setor petrolífero, de embarcações e de maquinários. A indústria naval da Noruega conta com mais de 50 estaleiros que produzem desde grandes embarcações comerciais até navios-tanques, navios pesqueiros e frigoríficos.
A Suécia está entre suas principais parceiras no segmento econômico, tanto em importação como em exportação. A formação do estado da Noruega, se desmembrando da Suécia, se deu em 1905 e ambos os países mantém ótima relação. Das 150 empresas norueguesas presentes em solo brasileiro, 75% atuam na indústria de petróleo e gás e na indústria naval. Mas esse cenário pode ser alterado e ampliado rapidamente, o que empolga os empresários nacionais.
Um possível ingresso norueguês no segmento aeronáutico seja em parcerias na produção de partes de aviões de caça ou cargueiros, é muito bem visto e esperado. Além de também abrir as portas para ocupar outra posição estratégica no Brasil, a exploração de petróleo.
O sucateamento do setor espacial, que sempre enfrentou problemas com os Estados Unidos e com os próprios governos brasileiros, também poderá receber esse novo aliado. A Noruega tem particular interesse na preservação da floresta amazônica e nas terras produtivas do país, as quais são subutilizadas atualmente e servem apenas para manter 220 milhões de cabeças de gado e na constituição de latifúndios ilegais.
A Noruega também foi o primeiro doador do Fundo Amazônia e é responsável por seus principais colaboradores. Nos últimos cinco anos, o governo norueguês aportou cerca de R$ 2,8 bilhões ao fundo.
No segmento de mineração, que está em plena concessão de áreas de exploração pelo governo federal, o país nórdico também demonstra interesse. Destaca-se, ainda, na produção de metais, como alumínio, magnésio e ligas de ferro, e na produção de celulose e papel. Tudo com tecnologia extremamente avançada.
No ano passado, a Noruega foi o oitavo maior investidor no Brasil, com investimentos na ordem de US$ 2,1 bilhões. O país tem uma área de 324 mil quilômetros quadrados, um pouco menor que o estado do Goiás com seus 340 mil km². Sua população é estimada em cinco milhões de habitantes ( menos da metade da população da cidade de São Paulo) e detém uma das maiores rendas per capitas do mundo.