Maristella Marszalek
O apoio do Governo Federal às comunidades indígenas no enfrentamento à Covid-19 não para. Com destino à cidade de São Luis, no Maranhão, mais uma missão interministerial das pastas da Defesa, da Saúde e da Justiça partiu de Brasília (DF), nesta segunda-feira (21), levando militares da área de saúde das Forças Armadas, testes para a Covid-19, medicamentos e insumos.
Trata-se da segunda fase da Missão Maranhão, que vai intensificar o atendimento nas aldeias Axinguerendá e Ximborendá, do Polo Base Zé Doca; e Januária e Maçaranduba, do Polo Base Santa Inês, localizadas a cerca de 170 km do 24º Batalhão de Infantaria de Selva (24º BIS), situado na capital do Estado e base da operação.
Para a missão, foram destacados profissionais de Saúde da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, oriundos de Organizações Militares do Rio de Janeiro (RJ), do Campo Grande (MS), de Brasília (DF) e do Recife (PE). São 21 militares, entre eles, clínicos gerais, pediatras, ginecologistas, infectologistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Para o deslocamento da equipe até o Maranhão, foi utilizada uma aeronave C-99 da Força Aérea, que também levou 1,5 toneladas de insumos, particularmente medicamentos, equipamentos de proteção individual (EPI) e insumos para os atendimentos a serem realizados na região e também para abastecer os Polos Base da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI).
Nessa segunda fase da missão humanitária de atendimento às comunidades indígenas no Maranhão, a intenção é assistir, durante oito dias, cerca de seis mil pessoas. Ao final, será realizada uma Ação Cívico Social (ACISO) em prol da população do município de Bom Jardim, situado na região onde estão localizados os Polos Base a serem atendidos.
Os militares ficarão baseados no 24º BIS e, por meio do apoio aéreo de helicópteros Cougar e Caracal, da Marinha e da Força Aérea respectivamente, serão transportados para as terras indígenas diariamente.
A Organização Militar, que possui a denominação histórica de Batalhão Barão de Caxias, ficará responsável por todo o suporte logístico da missão. “Fizemos a montagem de postos de triagem e de locais de atendimento. Tivemos o cuidado com a desinfecção das áreas que serão ocupadas, bem como com os materiais que serão utilizados.
Estamos prontos para oferecer todo o apoio necessário, particularmente de hospedagem, transporte e alimentação, para que a operação ocorra conforme o planejado e para que os militares possam prestar o melhor atendimento à população indígena da nossa região”, ressaltou o Comandante do 24º BIS, Coronel Luciano Freitas e Sousa Filho.
Para entrar nas terras indígenas, todos os integrantes da missão precisaram apresentar o exame molecular de RT-PCR negativo, sendo que, a partir do momento da coleta, passaram a ficar em quarentena.
Além disso, antes do embarque, nos locais de origem, foram realizados testes rápidos imunológicos (IgM e IgG) e uma inspeção sanitária para comprovar a ausência de sinais e sintomas que pudessem sugerir a Covid-19.
“Seguimos os protocolos condicionantes para o embarque dos integrantes da missão. Todas as medidas foram tomadas para protegermos a população indígena que será assistida.
Além disso, também temos uma grande preocupação com a integridade de nossos militares, preconizando o uso de EPI e ressaltando todos os cuidados necessários para a segurança e o sucesso da atividade”, disse o Secretário de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto do Ministério da Defesa, Manoel Luiz Narvaz Pafiadache, coordenador da missão.
A Tenente da Marinha Ana Claudia de Carvalho Bragança, ginecologista do Hospital Naval de Natal, integrante da operação, tem uma filha de um ano e espera poder cumprir a sua missão, ajudando aqueles que necessitam, neste momento de pandemia, da melhor forma possível.
“Estou tranquila e confiante de que dará tudo certo! Estou amamentando, sou mãe, mas também sou militar e médica e o dever me chama”, disse.
Também na missão, o Capitão da Força Aérea Rodrigo Albuquerque Leitão, clínico, gastroenterologista e Chefe da Seção Operacional do Hospital de Aeronáutica de Recife ressalta a importância da ação, principalmente nesta época em que a soma de esforços é fundamental para a mitigação da Covid-19.
“A expectativa é a melhor possível, por se tratar de uma missão peculiar e de suma importância. O indígena, assim como o sulista e o nordestino, é um brasileiro. Todos nos vestimos de verde e amarelo. Enquanto houver um brasileiro precisando de apoio, nós, integrantes das Forças Armadas estaremos à disposição e prontos para dar a nossa contribuição! Força, fé e honra, isso é o que nos move.”, disse o Capitão.
Missão Maranhão
A Missão Maranhão foi deflagrada no dia 14 de setembro, quando teve início a sua primeira fase, com o intuito de intensificar o atendimento de saúde nas aldeias do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Maranhão. Este DSEI concentra a sétima maior população indígena do País, conforme dados do Sistema de Informação de Atenção à Saúde Indígena – SIASI, com mais de 37 mil pessoas, distribuídas em 629 aldeias, localizadas em 22 municípios.
Dividida em três fases, a missão terá a duração de 21 dias de intenso trabalho envolvendo equipes das Forças Armadas e dos Ministérios da Saúde e da Justiça, além dos profissionais do DSEI Maranhão, que mapearam todos os Polos Base e identificaram, previamente, quais as necessidades de cada aldeia, estabelecendo um cronograma e prioridades de ações.
Para abastecer a missão, estão sendo levados cerca de 60 mil itens de medicamentos e 32 mil equipamentos e testes para a COVID-19. A previsão é de que, até 4 de outubro, data final da operação, sejam beneficiados mais de 33 mil indígenas.
Segundo o Secretário Especial de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva, além da urgência de levar insumos para o tratamento da COVID-19, com a logística e o apoio de profissionais das Forças Armadas será possível complementar o atendimento de saúde básica ofertado pelo DSEI.
“Vai ser uma oportunidade importante frente não só a essa pandemia, mas também a outras necessidades que o DSEI Maranhão possui. Estaremos lá fazendo busca ativa, realizando testes e levando atendimento especializado”, explicou o Secretário.
A ação interministerial no estado do Maranhão é a 15ª missão voltada para apoiar a população indígena no contexto da operação Covid -19.
Fotos: Luís Oliveira/SESAI-MS