Sylvia Martins
O canteiro de obras do Centro de Operações Espaciais, COPE/P, do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), em Brasília, foi o local escolhido, nesta quinta-feira, para a inauguração, à distância, de três gateways (estações de acesso) que darão continuidade à operação do Satélite.
O ministro da Defesa interino, general Joaquim Silva e Luna esteve no evento, que contou também com o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, o presidente da Telebras, Maximiliano Martinhão, e o comandante de Operações Aeroespaciais da Aeronáutica (COMAE), brigadeiro Carlos Vuyk de Aquino (representando o comandante da Aeronáutica), além de representantes do setor.
Em 2014, o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Ministério da Defesa (MD), cumprindo premissa do projeto SGDC, definiu quais organizações militares receberiam em suas áreas os centros de operação e as estações de acesso.
Simbolicamente foram descerradas as placas das três gateways da Telebras, que correspondem a Campo Grande (MS), no 3º Batalhão de Aviação do Exército (BAVEx); Florianópolis (SC), no Destacamento de Telecomunicações e Controle do Espaço Aéreo (DTCEA-FL); e Salvador (BA), na Ala 14 (Base Aérea de Salvador). Ao todo, com os gateways de Brasília, na Ala1, e do Rio de Janeiro, na Estação Rádio da Marinha (ERMRJ), serão 5 em funcionamento.
“A partir do lançamento do satélite, no ano passado, agora é mais uma etapa. É fazer com que a imagem captada seja recebida e transferida para o usuário, no caso da Defesa, na Banda X. E permitir que as Forças Armadas disponham de uma comunicação segura para suas operações de toda natureza, inclusive de inteligência, em diversas áreas do Brasil” disse o ministro Silva e Luna ao visitar as obras das instalações no COPEP/P.
O ministro da Defesa lembrou que a inauguração é uma conquista do esforço conjunto, da integração entre Casa Civil da Presidência, ministérios, empresa e demais órgãos envolvidos no projeto SGDC.
As estações de acesso da Telebras possuem antena, infraestrutura crítica – energia elétrica, condicionamento de ar, e equipamentos de rádio frequência e banda base. Elas são exclusivamente para a Banda Ka (civil).
Segundo o presidente da Telebras, Maximiliano Martinhão, as gateways estão sendo entregues dentro do prazo e seguindo o cronograma de atividades. “Este COPE aqui de Brasília é um COPE que recebeu a certificação TIER 4, classificação de mais alto nível de disponibilidade, de confiabilidade para uma infraestrutura de instalação crítica”, ressaltou.
Isso significa que o nível da infraestrutura do local destinado ao controle e monitoramento do satélite é tolerante a falhas e permite ultrapassar os piores cenários de problemas técnicos sem interromper a disponibilidade dos serviços.
Para Maximiliano, deve ser assim, para atingir a meta proposta pelo MCTIC de prover, com o satélite, na Banda Ka, internet em Banda Larga para todo País. Além, de atender a Defesa, pela Banda X, às aplicações militares.
A Banda X (militar) funciona em gateways próprias do MD. Em Brasília, por exemplo, encontra-se com o Destacamento de Telecomunicações por Satélite, organização da Aeronáutica.
O ministro Gilberto Kassab lembrou que o projeto beneficiará diversas áreas do País como educação, saúde, conectividade em regiões isoladas e fronteiras. “O Brasil viverá uma nova realidade, no que diz respeito à tecnologia, conforto, segurança”, disse.
SGDC 1
O projeto SGDC teve sua governança estabelecida pelo Decreto Presidencial 7.769, de 28 de junho de 2012, e desde então, o projeto tem avançado em etapas para cumprir seus objetivos: comunicações militares do Ministério da Defesa (MD) na Banda X (militar); comunicações estratégicas do governo em Banda Ka (civil); atender o programa nacional de Banda Larga em Banda Ka; e realizar absorção e transferência de tecnologia para o setor aeroespacial brasileiro.
Entre as condicionantes do projeto SGDC, em relação ao controle (manter o satélite em órbita), foi acordado entre MD e Telebras que ocorra compartilhado, mas exclusivamente em território brasileiro. Para isso, foram concebidos dois centros de operações: um principal, em Brasília (COPEP/P) e um secundário, no Rio de Janeiro (COPEP/S), ambos em áreas militares.
Para comandante de Operações Aeroespaciais da Aeronáutica, brigadeiro Aquino, a “questão da exploração do espaço, nos dias de hoje, é fundamental para a manutenção da soberania nacional”. Ele afirmou que o aproveitamento da necessidade do Brasil ter uma capacidade de comunicação mais ampla e de alta velocidade pode alavancar o projeto espacial como um todo.
O SGDC 1 foi lançado em maio de 2017 com sucesso e entregue pronto pela empresa construtora em 30 de junho. Hoje, o satélite encontra-se em testes operacionais, ou seja, em funcionamento experimental, que deve seguir até junho deste ano.
A Banda X está sendo utilizada em caráter experimental visando preparar e adaptar os processos e ajustar os parâmetros de utilização do SGDC.
SGDC 2
O anteprojeto do segundo satélite já está pronto e a fase atual é de RFI (Request For Information), que caracteriza a pesquisa de preços de mercado. A partir dessas informações seguirão os próximos passos do projeto, que prevê ainda um terceiro satélite.
Fotos: Tereza Sobreira/MD