Nielmar De Oliveira
A operação montada pelas Forças Armadas para garantir a segurança e a tranquilidade dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Rio envolveu 43 mil homens, dos quais 23 mil somente no Rio de Janeiro, durante os três anos de preparação da logística de atuação. Os 58 dias restantes trabalharam nos dias em que efetivamente a cidade sediou o evento. A informação foi prestada pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann.
Em balanço feito hoje (19), no Comando Militar do Leste, Jungman falou sobre a atuação do Exército, da Marinha e da Aeronáutica no patrulhamento e na garantia da segurança do megaevento no estado do Rio e nas outras cinco capitais onde foram disputados jogos de futebol.
Ele disse que, inicialmente restrita a determinadas áreas que demandavam mais segurança, a operação foi revista e ampliada em função da necessidade de aumentar o grau de segurança do evento, incluindo no cálculo os três meses em que as tropas efetivamente garantiram, em conjunto com as forças de segurança locais, o revezamento da tocha olímpica pelo país.
De acordo com o ministro, no Rio, além de atuar efetivamente nos locais onde foram realizadas competições olímpicas e paralímpicas, as Forças Armadas ampliaram sua área de atuação, passando a proteger as principais vias da cidade, como as Linhas Amarela e Vermelha, e vias das zonas oeste e sul, como a Transolímpica e o Aterro do Flamengo, além dos aeroportos e das estações ferroviárias.
Jungmann disse que o governo federal chega ao fim dos Jogos com a certeza do dever cumprido. “Estamos chegando com êxito ao fim de um ciclo de grandes eventos, que começou em 2007 com os Jogos Pan-Americanos e culminou com os Jogos Olímpicos, agora no Rio de Janeiro. Foram todos os eventos realizados a contento, com o Brasil e, em particular o Rio de Janeiro, mostrando ao mundo sua vocação e capacidade para sediar grandes eventos.”
Também estiveram sob proteção das Forças Armadas as principais áreas de competição, como a Arena de Vôlei, montada na Praia de Copacabana; o Parque de Deodoro; o Parque Olímpico; a Vila Olímpica; o Estádio Olímpico, que funcionou no Engenhão, e o Estádio de Remo da Lagoa, onde foram disputadas provas de remo, e a Marina da Glória, com a disputa da vela.
O balanço mostrou que as tropas federais fizeram mais de 1.200 patrulhas somente na capital fluminense. Destas, 6.457 foram patrulhas a pé, 4.539 motorizadas e 896 marítimas, além de 90 mecanizadas com o uso de blindados. “Os números envolvendo a segurança nos Jogos são todos gigantescos e demonstram a complexidade da operação. Foram realizadas 632 escoltas, muitas para proteger dignatários de 19 países que se fizeram representar na Rio 2016”, ressaltou Jungmann.
Todo o aparato de segurança exigiu a mobilização de 26 navios, 3.083 viaturas, 109 blindados, 51 helicópteros, 370 motocicletas, 81 embarcações de menor porte e 80 aeronaves. Os 43 mil homens das tropas federais consumiram 860 toneladas de alimentos, mais de 46 mil peças de vestuário, cerca de 875 mil litros de óleo diesel e 151 mil litros de gasolina.
Eleições
O ministro da Defesa aproveitou o balano sobre os Jogos para informar que as Forças Armadas estarão presentes 107 municípios de sete estados, para garantir a ordem no primeiro e no segundo turno das eleições municipais, nos dias 2 e 30 de outubro, respectivamente. Jugmann alertou que o número de municípios ainda pode aumentar porques outros pedidos de tropas ainda estão em analise.
De acordo com o ministro, que os militares de outros estados que vieram ao Rio para trabalhar durante os Jogos começaram a retornar hoje aos estados de origem. No Rio, um dos estados que terão a segurança do Exército durante o pleito, a ordem será mantida por militares baseados no próprio estado. “Hoje à noite, as Forças Armadas começam a chamada Operação de Reversão, pois recebemos aqui militares de várias partes do país e eles retornam a suas cidades, principalmente para as regiões Norte e Nordeste. Mas os militares lotados no estado garantirão a ordem no pleito. O que tem início hoje è a reversão deste pessoal que precisa voltar para suas casas.”
A presença do Exército na cobertura das eleições, principalmente na Baixada Fluminense, onde 13 pessoas, direta ou indiretamente ligadas à política, já foram assassinadas somente neste ano, foi confirmada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, em entrevista coletiva na última sexta-feira (16).
Jungmann admitiu, porém, que, se for necessário, o governo federal voltará a deslocar tropas de outros estados para reforçar a segurança no estado, o que, a princípio, segundo sua própria avaliação, não se configura uma necessidade. “Para as eleições, se houver necessidade de complementação, nós solicitaremos mais [militares] de outros estados. É preciso primeiro definir as necessidades reais.”