A Marinha do Brasil, com o apoio do Exército, realiza em Mato Grosso a Operação Celeiro. O objetivo é treinar as tropas em caso de invasão inimiga em território brasileiro. Os navios de combate navegam pelo Rio Paraguai, em Cáceres, a 220 km de Cuiabá, na região de fronteira com a Bolívia.
Nas embarcações têm atiradores de elite e armamento pesado. No treinamento, a Marinha simula a missão de recuperar uma área tomada por inimigos de outro país. Trezentos militares participam desse treinamento. Uma equipe de inteligência acompanha toda a ação e planeja os detalhes para a retomada da área ocupada.
Na simulação, acompanhada pela repórter da TV Centro América, Eunice Ramos, os inimigos aproveitam o momento de fragilidade para surprender a tropa e um fuzileiro é atingido. A ideia é reproduzir uma situação mais próxima possível de um conflito armado de verdade.
"À noite tem duas grandes dificuldades, uma é a detecção da ameaça do inimigo, que procura se ocultar na escuridão da noite. Por isso, temos que usar vários equipamentos eletrônicos para esse tipo de detecção e tomar alguns cuidados para evitar os alardes falsos. E outra dificuldade é não deixar nenhum tipo de luz vazar do lado de fora para nos ocultar e dificultar ser visto pelos inimigos", disse Marcelo Antônio Rocha Afonso, comandante do navio.
No treinamento, às 4h, o fuzileiro naval suboficial Rogério Oliveira simula ser do lado inimigo e fica em uma área supostamente ocupada pelos invasores. "Fazemos uma simulação do inimigo na questão de droga e embarque de armamentos e nós fazemos essa ocupação para fazer esse treinamento da possibilidade de ataque. Vamos fazer o possível para dificultar o ataque deles", explicou. A operação segue até o dia 16 de abril.
Rio Paraguai tem grande importância no Brasil e na América do Sul
O Rio Paraguai nasce no município de Alto Paraguai, região central de Mato Grosso, e desce, rumo ao sul, passando por Cáceres. O Paraguai é a caixa d’água do Pantanal e quando chega ao Mato Grosso do Sul, delimita a fronteira com a Bolívia em um trecho curto e também a divisa entre os dois estados. Corta o município de Corumbá e volta a marcar fronteira com a Bolívia, em Porto Bush.
Sempre no rumo sul, dá o contorno da fronteira com o Paraguai até encontrar o Rio Apa, quando deixa o Brasil e segue pelo interior paraguaio, até a capital Assunção.
Em seu trecho final, o rio define nova fronteira, agora entre o Paraguai e a Argentina, até desaguar no Rio Paraná. São 2,6 mil quilômetros desde a nascente.
Um campo de soja abriga nascentes de um dos rios mais internacionais. O Rio Paraguai nasce no Planalto dos Parecis, a 400 quilômetros ao norte de Cuiabá, capital de Mato Grosso. Desde o começo, ele provoca uma discussão: qual seria sua verdadeira nascente?
O Rio Paraguai nasce em uma área pantanosa da antiga fazenda Sete Lagoas no município de Alto Paraguai. O pântano vai formando lagoas, cada uma delas com ponto de escoamento que se interliga com a próxima, de forma que, no final, se cria o córrego Sete Lagoas. Essa seria a nascente do Rio Paraguai.
Em outro ponto de vista desta história, o professor e doutor em ecologia, Rodolfo Curvo, acompanha a busca. A vegetação rica e exuberante é um sinal de que tem água por perto e não demora muito para ela aparecer. Para o professor, o Rio Paraguai é formado por todo um complexo de nascentes.
Em outra vertente é possível constatar a primeira agressão sofrida pelo Rio Paraguai, onde a água quase secou.
O professor tem uma explicação. “Uma pressão do homem devido às atividades econômicas, da agricultura, pecuária e do garimpo, essas regiões estão sendo impactadas devido às ações".
Em 2006, o estado decretou Área de Proteção Ambiental quase 78 mil hectares entre os municípios de Alto Paraguai e Diamantino, onde estão concentradas as nascentes do Rio Paraguai e afluentes.
Um grupo de assentados que vive dentro da área se uniu para plantar sementes e fazer reflorestamento em mutirão. O trabalho envolve 22 famílias de quatro comunidades.
Na primeira área que teve as nascentes do Rio Paraguai recuperadas, o plantio foi feito em 2009 e o manejo adequado acelerou o desenvolvimento das espécies. Adolfo de Oliveira, o dono da área, comemora a mudança na paisagem.
Em todo seu percurso de 2,6 mil quilômetros até a foz, na Argentina, o Rio Paraguai só tem uma cachoeira, na divisa dos municípios de Diamantino e Alto Paraguai. É uma queda de cerca de 30 metros em vários degraus. A água é usada também por uma pequena usina hidrelétrica, que gera energia para cerca de 20 mil habitantes.