Mariana Alvarenga
Para garantir o êxito da missão, a Operação Regresso mobilizou militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica na assistência aos repatriados de Wuhan, China. As Forças Armadas empregaram esforços nas áreas de transporte e logística, segurança biológica e instalação de um Hospital de Campanha na Ala 2 (Base Aérea de Anápolis) com vistas a recebê-los e acolhê-los durante dezoito dias.
Na chegada dos aviões com os brasileiros repatriados, seis militares do Exército e seis da Marinha os orientavam na saída das aeronaves e na entrada nos ônibus na pista de pouso. Eles também ficaram responsáveis pela Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR). Após o desembarque, essa mesma equipe executou a descontaminação das aeronaves. A fim de proteger-se de qualquer tipo de contaminação, utilizaram roupas impermeáveis, botas e luvas de borracha e máscaras.
Os repatriados entraram no Hotel de Trânsito e os militares procederam à descontaminação das viaturas que os levaram para esse local. Finalizada essa fase, o efetivo foi reduzido.
“Estes ficam de prontidão 24 horas por dia na Ala 2 da Base Aérea de Anápolis para atuar em qualquer eventual necessidade de defesa NBQR que possa surgir, como, por exemplo, alguma nova urgência de descontaminação”, esclareceu o Capitão de Mar e Guerra Márcio Pragana Patriota, Comandante do Centro de Defesa NBQR.
Ele explica que esse trabalho de descontaminação tem como característica a dualidade.
“Essa capacidade pode ser empregada tanto no combate, onde existam agentes químicos ou biológicos de guerra, como também utilizada em apoio à sociedade, sempre que solicitado pelo governo federal, que é o caso agora”, acrescentou.
As Forças atuam juntas no Hospital de Campanha, que fica localizado atrás do Hotel de Trânsito, onde funcionava o Hotel de Trânsito de praças. Além de estarem preparados para qualquer manifestação que possa indicar coronavírus, a equipe médica visa assisti-los em qualquer problema de saúde que venha ocorrer durante a estadia de 18 dias na Base Aérea.
A Coronel Médica Carla Clausi, responsável pelo Hospital de Campanha, explica que, normalmente, esse tipo de hospital é desdobrado em estruturas móveis, como barracas e contêineres, já que foi pensado para situações onde não há condições adequadas.
“A partir do momento que a equipe que está dentro do Hotel decidir que tem alguém lá, passando mal, que realmente precise de cuidados mais específicos na área de saúde, seremos acionados”, disse.
Ela enfatiza que uma doença como o coronavírus é transmitida por meio de gotículas de secreção, e não pelo ar.
“A população acaba muitas vezes entrando em pânico, porque não sabe como vai se contaminar. Muitas pessoas acham que se respirarem o mesmo ar que o outro está respirando, vão ficar contaminadas, e não é assim. Como o vírus é transmitido por uma gotícula, quando sair da boca da pessoa, vai cair no chão, e não fica suspensa no ar, porque é diferente do vírus que faz contágio pelo aerossol – como é o caso da gripe comum. Quando o vírus é contagioso por aerossol, pode ficar flutuando pelo ar e você passa a aspirá-lo”, explicou.
A Coronel Carla relatou que a equipe é formada por dois médicos, uma pediatra e um clínico geral, uma enfermeira, dois técnicos de enfermagem e um técnico de raio x. Ela disse, ainda, que se os repatriados precisarem de um atendimento mais “robusto”, eles serão encaminhados para o Hospital das Forças Armadas por ambulância aérea, helicóptero ou avião, a depender da gravidade do paciente.
Fotos: Keven Cobalchini