O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou, em entrevista ao G1, que a operação Dose Dupla, realizada nesta quarta-feira (16) pelas Forças Armadas e pelas polícias Civil e Militar do Rio em Niterói, na Região Metropolitana, representou um avanço em relação a última ação conjunta, realizada no Complexo do Lins no dia 5 deste mês.
Jungmann afirmou que o percentual de prisões em relação aos mandados "teve percentual de sucesso alto", e minimizou o fato de não terem sido apreendidas armas durante a operação, afirmando que o objetivo eram justamente os mandados de prisão.
Segundo balanço divulgado pela Secretaria de Segurança do Rio, a operação desta quarta terminou com o cumprimento de 16 mandados de prisão e dois mandados de busca e apreensão de adolescentes infratores. O objetivo da ação foi cumprir 26 mandados de prisão preventiva, além dos dois de busca e apreensão de menores e outros mandados de busca e apreensão. Na ação do início do mês, 14 pessoas foram presas e duas mortas.
"Acho que teve avanço [em relação a ação do dia 5] porque o objetivo, e foi esse que foi colocado, era de cumprir mandados de prisão – eram 26, fizemos cerca de 20, então alcancamos percentual de sucesso alto. Segundo a Secretaria de Segurança, pelo menos 2 chefes do tráfico foram localizados e capturados", disse Jungmann.
"Além das prisões, a polícia não conseguia entrar naquelas comunidades do Complexo do Caramujo. A operação demonstrou que não tem santuário, não tem onde [o criminoso] se homiziar, retiramos de circulação grupo expressivo que dominava aquela área. Tivemos uma melhora e vamos tentar um nível que se aproxime do ótimo", afirmou.
Sobre o fato de não terem sido apreendidas armas – a Secretaria divulgou que foram apreendidos oito carregadores de fuzil, dois coletes balísticos, três radiotransmissores, um quilo de maconha, 100 pinos de cocaína e material de contabilidade – Jungmann afirmou que a operação tinha como foco cumprir os mandados de prisão.
"A ideia de um arsenal de armas reunido como se tem na polícia e no exército não existe. O bandido porta e cuida de sua arma, segundo informações de inteligência, é comum, quando ele não está com a arma, colocá-la num tubo de PVC e enterrá-la na terra. Essa ideia de grandes arsenais tem que ser hoje na estratégia do trafico relativizada. Isso não quer dizer q a gente abandonou a ideia de chegar até os fuzis, mas isso virá com o tempo", disse o ministro.
A Operação Dose Dupla foi realizada após seis meses de investigação. A Polícia Civil afirma que comprovou que a quadrilha presa tinha dupla atividade criminosa e atuava tanto no tráfico de drogas quanto em roubos de veículos e pedestres na região.
Perguntado se as próximas operações com a participação das Forças Armadas no Rio terão sempre como base investigações já consolidadas pela Polícia Civil, para o cumprimento de mandados, Jungmann disse que o "cardápio" de ações vai variar.
"Vamos ter operações em estrada, operações urbanas, operações móveis, enfim, operações em outros objetivos que a gente não pode dizer porque são estratégicas", acrescentou.
Jungmann defende punição maior para porte ou posse ilegal de fuzis
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, defendeu na quinta-feira passada (10) a aprovação, pelo Congresso Nacional, de um projeto de lei que puna com maior rigor o porte ou a posse ilegal de fuzis. A afirmação foi feita após reunião de Jungmann com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
De acordo com a legislação brasileira, posse é ter uma arma em casa e porte é carregá-la pela rua. Para defender uma maior punição para esses crimes, Jungmann utilizou o exemplo do Rio de Janeiro, que enfrenta uma grave crise na segurança pública. Na avaliação do ministro, a questão dos fuzis “é um dos grandes problemas” da capital fluminense.
Desde a semana passada, militares das Forças Armadas estão nas ruas do Rio com o objetivo de combater o crime organizado. Operações conjuntas entre forças federais, estaduais e municipais têm sido realizadas diariamente no estado.
“Hoje, um dos grandes problemas do Rio de Janeiro é a letalidade dos fuzis e, por isso mesmo, colocamos como prioridade a aprovação de uma legislação que agrave a pena para quem estiver portando fuzis ou que tenha fuzis”, declarou o ministro.
“Não é possível que o Rio de Janeiro continue vivendo com essa grande quantidade de armas que o crime organizado dispõe”, completou.
Segundo o ministro, há “vários projetos” em tramitação no Congresso que podem agravar a pena para o porte ou a posse ilegal de fuzis.
Punições
Atualmente a legislação prevê diferente tipos de penas para esses crimes. Para a posse irregular de arma de fogo de uso permitido a pena é de detenção de 1 a 3 anos de detenção, além do pagamento de multa.
Já para o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido a pena é de reclusão de 2 a 4 anos e multa.
As penas aumentam nos casos da posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, variando de 3 a 6 anos de reclusão.
Recursos
Durante entrevista a jornalistas, Jungmann também falou sobre o contingenciamento de recursos para o ministério da Defesa. Ele disse que isso ainda não afetou a atuação das Forças Armadas, mas disse que a pasta poderá ter “problemas em setembro”.
“Tivemos uma liberação emergencial para cobrir o mês de agosto, mas setembro é crítico. Precisamos de fato que haja um descontingenciamento. E a promessa da equipe econômica é que até setembro teremos essa situação resolvida. Mas repito, até aqui nossa capacidade operacional não foi afetada, mas ela poderá ter problemas se em setembro não chegarem novos recursos”, projetou.