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JO RIO-2016 – Forças Armadas se preparam para combater ataques QBRN durante os Jogos Olímpicos

Patrícia Comunello
 

Como os melhores atletas do país, as Forças Armadas do Brasil estão ocupadas com a preparação para os Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro de 5 a 21 de agosto.

Além do treinamento para as competições de atletismo, as Forças Armadas estão se preparando para lidar com qualquer ataque ou acidente biológico, químico, radiológico ou nuclear que possa ocorrer durante o evento.

As diferentes instituições das Forças Armadas – Exército, Força Aérea e Marinha – estão trabalhando juntas no Sistema de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN) para os Jogos Olímpicos.

Autoridades das Forças Armadas estão envolvidas no planejamento detalhado que ajudará os militares a realizar reconhecimento, reunir informações, identificar ameaças, prevenir ataques e reduzir danos de quaisquer agressões, de acordo com o major Luiz Carlos Lott Guimarães, chefe da Seção de DQBRN do Comando de Operações Terrestres do Exército (COTER), com sede em Brasília.

As Forças Armadas brasileiras ativaram o sistema conjunto DQBRN para garantir a segurança durante os Jogos Militares Mundiais de 2011 e depois para a Copa do Mundo de 2014.

No entanto, a seção DBQRN do Exército, que tem um centro de treinamento no bairro do Realengo, no Rio, consiste de duas unidades militares: um batalhão com 409 soldados, localizado no Rio; e uma companhia com 100 soldados, localizada em Goiânia. O centro é usado para treinar membros das Forças Armadas brasileiras, além de oficiais das Forças Armadas de outros países.

Forças Armadas brasileiras se preparam para um desafio sem precedentes

A tarefa de proteger contra ataques não convencionais envolvendo armas biológicas, químicas, radiológicas ou nucleares durante os Jogos Olímpicos será um desafio maior do que qualquer outro já enfrentado pelas Forças Armadas.

“As pessoas acham que os Jogos Olímpicos são como outra Copa do Mundo, mas não são. Os Jogos Olímpicos são várias Copas do Mundo”, diz o major Guimarães. “O Brasil não é tradicionalmente um alvo importante [para ataques terroristas], mas não podemos eliminar nenhum risco.”

Ataques terroristas recentes, como o realizado por dois homens armados à revista satírica francesa Charlie Hebdo em 7 de janeiro, elevaram o nível de alerta das Forças Armadas brasileiras, mesmo faltando mais de um ano para as Olimpíadas do Rio.

"O ambiente consiste em reduzir a violência", diz o major Guimarães. “Tivemos um ataque terrorista durante os Jogos Olímpicos de Munique em 1972”. O militar refere-se ao ataque terrorista do grupo palestino Setembro Negro, que matou 11 atletas israelenses e um policial alemão. A polícia alemã matou cinco dos oito terroristas do Setembro Negro e capturou os três sobreviventes.

Os preparativos do DBQRN do Brasil começaram após uma conferência de quatro dias promovida no início de dezembro em Brasília, onde os membros das Forças Armadas brasileiras se reuniram com oficiais das Forças Armadas do Reino Unido. As autoridades militares britânicas compartilharam suas experiências na prestação de segurança para os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.

A importância da tecnologia

A tecnologia é uma parte crucial dos esforços para evitar um ataque com bomba suja, outros tipos de ataques não convencionais e acidentes danosos que envolvem a liberação de substâncias perigosas para o ambiente.

Como parte do esforço de prevenção, o Exército Brasileiro utilizará três laboratórios móveis, que terão a bordo amostras de substâncias perigosas e seus antídotos. O Exército já conta com um desses laboratórios, que foi utilizado durante a Copa do Mundo de 2014.

Os outros dois laboratórios estão sendo adquiridos de uma empresa privada nos Estados Unidos, a um custo total de US$ 1,8 milhão. Esses laboratórios serão transportados para o Brasil e também enviados para o Rio.

Força Aérea se prepara para as Olimpíadas do Rio

Enquanto o Exército supervisionará a utilização dos laboratórios móveis, a Força Aérea está se preparando para o transporte de vítimas de ataques não convencionais ou acidentes em locais do evento. A Força Aérea está criando equipes especializadas, sob a direção do Instituto de Medicina Aeroespacial (IMAE), localizado no Rio de Janeiro, no campus da Universidade da Força Aérea (UNIFA).

“Com a chegada desses grandes eventos, o Ministério da Defesa identificou a necessidade de que a Força Aérea Brasileira (FAB) também esteja preparada”, explica o primeiro-tenente Paulo Pires Jr., médico e assistente-chefe da Subdivisão Operacional de Saúde do IMAE.

Seis médicos do DBQRN, dois enfermeiros e 11 auxiliares de enfermagem estão designados para o IMAE. Até o final de 2015, a instituição será reforçada por mais 30 profissionais de saúde.

As autoridades militares realizaram dois cursos de formação para médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem desde 2013 e planejam promover mais dois até o final de 2015.

Cada sessão de treinamento dura cinco dias, com aulas realizadas oito horas por dia. Cerca de 30 profissionais de saúde participarão de cada sessão de treinamento, durante a qual usarão roupas de proteção especial, pois farão exercícios sobre como detectar agentes químicos e biológicos e descontaminar pessoas expostas a substâncias nocivas.

“Os exercícios envolvem toda a cadeia de ação, desde o contato no local do incidente até o final da missão, que é o transporte da vítima após a descontaminação”, diz o primeiro-tenente Pires Jr. “Vamos treinar exaustivamente para diminuir o risco.”

Vigilância será focada no Rio

Enquanto os militares se preparam para responder a qualquer local, o Rio de Janeiro será o foco principal da vigilância do DQBRN. O Comitê Olímpico Internacional (COI) dividiu os locais para as competições esportivas em quatro grupos: Barra, Deodoro, Copacabana e Maracanã.

Utilizando dispositivos que detectam substâncias químicas, biológicas e nucleares, o Exército vai monitorar três áreas, enquanto a Marinha será responsável por Copacabana. Para os estádios de futebol situados fora dessas áreas, a seção DBQRN do Exército monitorará São Paulo, Belo Horizonte e Brasília à distância, e a Marinha fará o mesmo com Salvador.

“No caso de um acidente ou um ataque, o tempo é a essência para minimizar danos colaterais”, destaca o major Guimarães.

O primeiro passo seria isolar a área. Em seguida, as equipes especializadas da divisão DBQRN fariam o reconhecimento na área contaminada, o que ajudaria as autoridades médicas militares a decidir o que precisariam fazer para minimizar os danos.

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