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Governo Temer – Conquistas Diplomáticas

Análise Especial para DefesaNet

Brasília — A atuação do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e do presidente da República em fóruns internacionais foi extremamente positiva em termos de obter financiamentos e tecnologia para o país. Apenas na 9ª Reunião de Cúpula do BRICS — bloco que inclui, além do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, realizada em Xiamen, acordou-se investimentos na casa dos US$ 35 bilhões para obras de infraestrutura. A imprensa, mais preocupada com as denúncias de Rodrigo Janot, deixou passar em branco o sucesso econômico da visita.

Não foi a primeira vez. Em julho, o Brasil firmou outro acordo importante durante o Encontro de Coordenação da Cooperação Espacial do BRICS, em que ficou acertada a integração das constelações de satélites dos cinco países do bloco. O impacto desta medida na proteção do meio ambiente e no combate ao crime transnacional pode ser facilmente medido pelo uso de imagens do satélite ALOS 1, da Agência Espacial Japonesa, entre 2008 e 2010.

Desmatamento

Empregando varredura radar, extremamente efetiva sobre a Amazônia, o ALOS 1 permitiu detectar o avanço do desmatamento na região. Os sistemas óticos, como o CBERS sino-brasileiro, não davam a exata dimensão do problema por não atravessarem a copa das árvores. Com o uso da Banda L, a estimativa da agressão humana sobre a floresta foi devidamente medida. Logo no início da cooperação, ajudou a detectar 57 novos polígonos de desmatamento, além de 26 polígonos não identificados pelo sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER), que empregava imagens óticas, em decorrência da presença de nuvens.

Com a integração das constelações de satélites do BRICS, o Brasil contará, a partir de 2020, com mais de 70 satélites de sensoriamento remoto para controle ambiental, 15 deles com varredura por radar nas bandas L e X. Ou seja, pela primeira vez na história o país terá ferramentas efetivas para impedir atividades criminosas nas áreas de fronteira e para planejar a expansão urbana e agrícola e para prevenir danos à produção agrícola em função de fenômenos naturais, como o El Niño.

Os benefícios não ficaram restritos à área espacial. Durante a visita de trabalho de Michel Temer à Rússia, o presidente Vladimir Putin mostrou interesse em participar do setor nuclear brasileiro e em uma parceria para exploração do Centro de Lançamentos de Alcântara (CLA).

Área nuclear

Além de manifestar o interesse russo em participar das obras de conclusão da Usina Nuclear de Angra 3, a Corporação Estatal de Energia Atômica da Rússia (ROSATOM) ofereceu equipamentos de segurança para o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). A Marinha do Brasil já estabeleceu um cronograma para a montagem e a construção do prédio no Centro Experimental Aramar.

O RMB servirá para testar os equipamentos de propulsão do Almirante Álvaro Alberto, futuro submarino nuclear brasileiro. A ideia, segundo o comandante da Marinha, almirante-de-esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, é que esteja operacional até 2023 no. Projetado para uso dual (poderá ser empregado na geração de energia para cidades de médio porte), o reator será construído integralmente com tecnologia brasileira para não ferir susceptibilidades dos países que já detém esta tecnologia.

O planejamento energético brasileiro prevê a construção de até 40 reatores similares em todo o território nacional, abrindo a possibilidade de instalação de uma empresa binacional no Brasil para a produção de sistemas de segurança. A Rússia, em função do acidente de Chernobyl, transformou-se em referência no setor e hoje domina o mercado mundial.

Também em Moscou, no encontro com empresários, Temer obteve sondagens interessantes nas área de exploração de rodovias, ferrovias e aeroportos.

Transportes

A Federação Russa possui, ao lado da República Popular da China, a melhor tecnologia de gerenciamento de cargas e de tráfico ferroviário de carga e já colocou na mesa uma proposta no sentido de criar uma estrutura de controle centralizada para as ferrovias. A rede brasileira encontra-se completamente sucateada. Submetida a um processo de privatização desastroso, a malha viária encolheu e perdeu composições. A melhoria se concentrou nos sistemas de transporte urbano de passageiros.

Dois grandes projetos, a Norte-Sul e a Transnordestina, encontram-se parados. A Norte-Sul, inclusive, tem um trecho completo que interliga Anápolis ao Porto de Itaqui, no Maranhão (o melhor do país, com calado de 80 metros), mas, por falta de planejamento, não tem quem opere a linha. Seriam necessárias obras de reparo, mas é necessário lembrar que vários portos-secos já foram instalados ao longo do percurso, o maior deles é o de Anápolis (GO), permitindo a integração com o sistema rodoviário brasileiro.

Com a abertura dos portos à iniciativa privada, acabaram-se os gargalos que atrapalhavam as exportações brasileiras de grãos e produtos agroindustriais. A ampliação do modal ferroviário expandiria enormemente este potencial.

Ao contrário da proposta estadunidense para uso do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), a Rússia pretende transferir tecnologia para o Brasil. O país ajudou a revisar o projeto original do VLS, desenvolvendo um estágio, o segundo, a combustível líquido. Por questões econômicas, o Comando da Aeronáutica priorizou o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM), que pode ser lançado em 2020. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, que está nos Estados Unidos tentando atrair interesse privado para o CLA, não quer monopólios na base. A exemplo de Kourou, da Agência Espacial Europeia, na Guiana Francesa, pretende ampliar o uso a vários usuários.

Com tantos exemplos de sucesso, fica difícil classificar a diplomacia brasileira atual como um fracasso. Infelizmente, os problemas internos terminaram por minar a imagem do trabalho de Aloysio Nunes como chanceler.

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