Roberto Godoy
O Estado de S.Paulo
Fora da linha da lei, o que há é o abismo. Desde a tarde desta quinta-feira, 26, vários gabinetes de Brasília trabalhavam com a informação de que o general de Exército Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira faria nesta sexta-feira, 27, em São Paulo, um forte pronunciamento, “focado na defesa da ética e dos valores da democracia”, como antecipou para o Estado uma fonte próxima do chefe do Comando Militar do Sudeste (CMSE).
A oportunidade, a solenidade comemorativa dos 72 anos de criação do II Exército, que depois daria origem ao CMSE, aproveitou o momento nebuloso da campanha eleitoral e da saraivada de especulações a respeito da análise, pelo Supremo Tribunal Federal, da prisão em 2.ª instância.
A mensagem do general Ramos foi clara – o cumprimento da lei não pode ser adaptado aos interesses dos atingidos. Mais que isso – se a ação política eventualmente é judicializada, é bom lembrar que todos os cidadãos da República estão sob o domínio da regra e da norma.
Ramos destacou que não preparou seu discurso, preferiu o improviso para “falar com o coração”. É pouco provável que não tenha antecipado a essência de sua fala ao seu superior, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. A sintonia entre ambos é fina. A indicação de Ramos, um hábil negociador, para o Comando Militar do Sudeste, está diretamente ligada à importância estratégica da área.
A defesa do limite constitucional, a legalidade, a legitimidade e a estabilidade, tópicos enfatizados nesta sexta-feira pelo general, constituem um mantra de Villas Bôas. “Serviu de alerta aos intervencionistas e defensores da exceção”, disse um integrante do Alto Comando. E também aos que acreditam no voluntarismo de ocasião.
Comando Militar do Sudeste e 2ª Região Militar comemoram aniversário: https://t.co/s5WKCbXbfj #CMSE #ProntaRespostaEstratégica #2RM #RegiãoDasBandeiras #Bandeirantes #TudoPeloBrasil #SeuExércitoNuncaPara pic.twitter.com/tIaFXkmi98
— Comando Militar do Sudeste (@CmdoCMSE) 27 de julho de 2018
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