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Forças Armadas Brasileiras no Haiti

 


 
Forças Armadas Brasileiras no Haiti

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1. Contingente Brasileiro no Haiti (CONTBRAS) e países que integram a missão :

– O Contingente Brasileiro é o maior no Haiti com um efetivo de cerca de 1450 militares.
– O Batalhão de Infantaria de Força de Paz (BRABAT): 1200 militares, sendo 888 do Exército Brasileiro, 244 da Marinha do Brasil, 34 da Força Aérea Brasileira, 31 das Forças Militares do Paraguai, 02 do Exército Canadense e 01 do Exército Peruano. Esses militares estrangeiros integram o CONTBRAS em virtude de um acordo com esses países.
Companhia de Engenharia de Força de Paz (BRAENGCOY): 250 militares, sendo todos do Exército Brasileiro.
– Além do Contingente Brasileiro, outros países também participam da missão com tropa: Chile, Jordânia, Uruguai, Paraguai, Sri Lanka, Argentina, Bolívia, Guatemala, Peru, Filipinas, Indonésia, Índia e Equador.

Além disso, a MINUSTAH possui no seu Staff militares de outros países também, como Canadá, EUA e França e 22 oficiais brasileiros. O Force Commander da Missão é o General-de-Divisão José Luiz Jaborandy Junior, do Exército Brasileiro.
 
2. Presença das Forças Armadas no Haiti

– As Forças Armadas Brasileiras estão no País desde junho de 2004, integrando a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, sigla em inglês MINUSTAH. Desde então mais de 23.000 militares brasileiros já passaram pelo Haiti.
 
3. Caráter voluntário da missão

– A tropa é formada integralmente por voluntários que passaram por uma criteriosa e rigorosa seleção em suas Unidades no Brasil.
 
4. Preparação da tropa no Brasil

– Durante o período de preparo no Brasil, esses militares foram submetidos a diversas avaliações (física, médica e psicológica), instruções de caráter comum e treinamentos específicos.
– Durante esse período os militares do Batalhão receberam instruções de tiro, utilização de armamento não letal, primeiros socorros, escolta de comboios, segurança e proteção de autoridade, regras de conduta da MINUSTAH, fundamentos das operações de paz da ONU, patrulhamento a pé e motorizado, operações de busca e apreensão, operações de controle de distúrbios, entre outras.
– Além disso, alguns militares do Batalhão, de acordo com a especificidade da função, foram designados para realizar alguns estágios, como Logística e Administração, Comunicação Social, Assessoria Jurídica, Comando e Controle, Coordenação Civil e Militar, Mecânica de viatura, Idiomas, Adaptação de Motorista Militar, Manutenção de Geradores e de Aparelhos de Refrigeração, Direção Defensiva, Manutenção de Motores Diesel, Eletricista, entre outros.
– No final da fase de preparação, a tropa participa, ainda, de um Exercício Básico de Operações de Paz, onde a mesma executa diversas oficinas de instrução, desempenhando ações similares às que estão sendo executadas pelas tropas brasileiras no Haiti; e de um Exercício Avançado de Operações de Paz, onde todo o Batalhão, inclusive o Comandante e o Estado- Maior, são avaliados na execução de diversas simulações.
 
5. As expectativas para a missão

– Apesar dos desafios, os nossos militares que estão se preparando para esse tipo missão, têm as melhores expectativas possíveis, pois normalmente estão motivados, foram bem preparados e estão confiantes no cumprimento da missão. Além disso, sabem muito bem da importância dela para o País e para o Haiti.
 
6. Como o Brasil entrou nas Forças de Paz da ONU

– O Brasil participa de missões de Paz da ONU desde 1957, quando foi empregado um Batalhão Brasileiro (Batalhão Suez) na Força de Emergência das Nações Unidas (UNEF I) para supervisionar e garantir a cessação das hostilidades entre as forças egípcias e israelenses.

Desde então o Brasil já participou de mais de 40 (quarenta) missões de paz, sendo algumas delas com tropa e outras com militares na função de observadores.

– Com tropa, o Brasil já participou das seguintes missões de paz:
– Em Suez, entre 1957 e 1967, com um Batalhão de Infantaria. Participação total de 6500 militares;
– Em Angola, entre 1995 e 1997, também com um Batalhão de Infantaria reforçado por uma Companhia de Engenharia. Total de 4200 militares.
– Em Moçambique, em 1994, com uma Companhia de Infantaria. Participação total de 170 militares;
– No Timor Leste, em 1999 e 2000, com um Pelotão de PE reforçado.
– No entanto, a missão de maior complexidade e envolvimento dos militares brasileiros, sem dúvida, é a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), que existe desde 2004.
 
7. Missão do Batalhão de Infantaria de Força de Paz (BRABAT) no Haiti

Realizar operações militares na sua área de responsabilidade para MANTER o ambiente seguro e estável (ação principal); APOIAR as atividades de assistência humanitária; e APOIAR o fortalecimento das instituições nacionais.
– O foco principal do Componente Militar da Missão é a manutenção do ambiente seguro e estável, mantendo um patrulhamento constante nas ruas e cumprindo diversas missões de segurança, pois isso é a base para que os demais atores da missão possam realizar as tarefas de ajuda humanitária/reconstrução do País e o Governo Haitiano possa fortalecer as suas instituições e prosseguir em busca do desenvolvimento e da geração de riquezas para o Haiti.
 
8. Missão da Companhia de Engenharia de Força de Paz no Haiti

– Prover o apoio de Engenharia para a MINUSTAH, tanto para o seu braço militar, quanto para seu braço civil e apoiar as atividades de reconstrução e de assistência humanitária no país.
 
9. Ações realizadas pelos Batalhões de Infantaria de Força de Paz no Haiti na área de segurança

– Escolta de comboio e segurança de autoridade;
– Patrulha a pé e motorizada 24h por dia nas áreas de responsabilidade;
– Check Point e Static Point nas principais avenidas e entroncamentos da cidade;
– Segurança de Ponto Sensível e canteiros de trabalho das Unidades de Engenharia;
– Operação Conjunta com a Polícia Nacional do Haiti (PNH) e a Polícia da ONU (UNPOL);
– Operação de Busca e Apreensão; e
– Operação de Controle de Distúrbios, quando necessário.
– Essas ações têm como objetivos dissuadir possíveis manifestações de natureza agressiva e a prática de delitos, a fim de proporcionar tranquilidade à população haitiana na área de responsabilidade do Batalhão, contribuindo para a manutenção do ambiente seguro e estável no Haiti. Cabe destacar que as mais realizadas são as patrulha a pé e motorizada, que são executadas 24h por dia durante os sete dias da semana. O Batalhão Brasileiro realiza em média mais de 3.000 patrulhas, por mês, nas ruas de Porto Príncipe.
 
10. Ações de Coordenação Civil e Militar

– O Batalhão de Infantaria realizam também, por intermédio da sua Seção de Assuntos Civis (G9), diversas atividades de coordenação civil e militar, sigla em inglês CIMIC, no gerenciamento de projetos que ajudam na redução da violência, na criação de empregos e na conscientização da população de aspectos importantes para a melhoria da qualidade de vida dos haitianos.
Segue abaixo, para exemplo, um dos principais projetos realizados pelo Batalhão de Infantaria de Força de Paz:
 
Projeto Luz e Segurança

Este projeto, realizado numa parceria do Batalhão com a Seção de Redução da Violência da MINUSTAH, sigla em inglês CVR, tem por finalidade implantar postes de energia solar em áreas críticas, consideradas violentas, para tentar diminuir a criminalidade e proporcionar melhores condições de segurança e a possibilidade de comércio e lazer noturnos. A escolha dos locais é realizada com base nos dados de violência dentro da área de responsabilidade do Batalhão.

Na sua primeira versão foram instalados 128 (cento e vinte e oito), em 16 lotes de 8 postes, com a utilização de uma empresa haitiana, sempre buscando fomentar a economia local. Nele foram atendidas cerca de 150.000 pessoas.
 
11. Ações Comunitárias

Além dos projetos do CIMIC o Batalhão realiza frequentemente ações comunitárias junto à população, principalmente em assuntos de valorização da mulher, prevenção de doenças e garantia dos direitos da criança, como entrega de alimentos em parceria com a Embaixada Brasileira no Haiti; palestras de prevenção da malária e da cólera; palestras sobre o papel da mulher na sociedade haitiana, amamentação, procedimentos em caso de abuso sexual e higiene bucal; corte de cabelo; sessões de cinema em locais públicos; atividades recreativas e desportivas para as crianças; recolhimento de lixo/entulho com equipamentos de engenharia; e distribuição de água.
 
12. Vantagens para as Forças Armadas e para o Brasil

– Para o Exército Brasileiro, em especial, trata-se de uma excelente oportunidade para o aprimoramento técnico e operacional de uma parcela da Força Terrestre.
– Maior integração com as Forças Armadas de outros países e a troca de informações e conhecimento.
– Atualização doutrinária nas operações de paz.
– Aperfeiçoamento dos equipamentos militares.
– Além disso, a participação do Brasil em missões de paz é um instrumento muito útil à Política Nacional, pois, além de representar o cumprimento com suas obrigações em nível mundial, contribui para estreitar as relações com países de particular interesse para a política externa brasileira.
 
13. Relação entre a população haitiana e as tropas brasileiras

– A capacidade de interação e adaptação inerentes ao povo brasileiro e amplamente demonstradas por nossos soldados, associadas ao profissionalismo nas diversas situações de emprego angariaram a confiança do povo haitiano no trabalho desenvolvido pelo contingente brasileiro ao longo dos últimos anos. Em decorrência, percebe-se um considerável apoio da população local às operações de nossas tropas.
– Fruto dessa relação de respeito e admiração aliado a facilidade de integração do soldado brasileiro, hoje encontramos muitos haitianos que falam bem o português, inclusive crianças.
 
14. Duração da missão

– Normalmente a missão é de seis meses.
 
15. Rotina Diária

– Diariamente, a tropa está envolvida em diversas missões de patrulha, de segurança de locais de trabalho, escoltas de comboio e serviços na Base. Em alguns momentos, parte da tropa permanece em situação de reserva, como Força de Reação, em condições de ser empregada dentro de poucos minutos para reforçar determinadas ações ou executar uma missão inopinada.
– Semanalmente o Batalhão, por intermédio das suas Companhias, realiza ações comunitárias (ver item 12) junto às comunidades da área de responsabilidade da Unidade.
– A rotina diária é bastante intensa e cansativa, pois trabalhamos nos sete dias da semana.
– Nas horas de folga, o militar aproveita para descansar, fazer atividade física, praticar algum esporte, assistir TV, falar com a família pela internet ou por telefone.
 
16. Onde moram

– Alguns militares moram em instalações parecidas com containers e outros moram em barracas. Após dez anos de permanência das tropas brasileiras no Haiti e fruto de um sentimento de que cada um que passa por aqui deve sempre deixar alguma coisa melhor para quem vem depois, as instalações, hoje, são bem adequadas e oferecem o mínimo de conforto necessário para quem está tão longe dos familiares, com diversas restrições, cumprindo uma missão de tamanha complexidade e importância.
– Nos containers, varia o número de militares, dependendo do tamanho e dos padrões estabelecidos pela ONU que leva em conta os diversos postos e graduações. Normalmente em um container de Cabos e Soldados temos 12 a 16 militares. Dentro desses containers existe pelo menos uma cama e um armário para cada militar, além de uma TV e uma geladeira para o grupo.
– Existe também nas imediações desses alojamentos uma sala de fonia social e internet social, com alguns telefones e computadores para os militares se ligarem com os familiares no Brasil.
 
17. Equipamentos de segurança utilizados e prioridade nas questões de segurança

– Todos os militares, quando saem para cumprir alguma missão, são obrigados a utilizar os equipamentos de segurança previstos (capacete e colete balístico). Esse material, embora seja pesado (ambos juntos somam mais de 12 Kg) e dificulte um pouco a mobilidade, é um item crucial na questão de segurança e os militares já estão acostumados com isso.
– Além dos equipamentos de segurança, sempre saímos da Base com o armamento de dotação (pistola ou fuzil) e armas não letais, para fazer frente a qualquer ameaça que se apresente.
– A questão da segurança é uma prioridade para os militares, que foram muito bem instruídos e orientados no sentido de desempenhar as suas atividades com a observância dos princípios de utilização da força mínima necessária e da proporcionalidade, visando sempre à preservação da segurança e da integridade física da população haitiana, bem como das regras de engajamento previstas no mandato da MINUSTAH.
 
18. Motivos para participar da missão

– Oportunidade de participar de uma missão de paz;
– Orgulho de representar o País no contexto das Nações Unidas;
– Oportunidade de conhecer outros povos e culturas diferentes;
– Oportunidade ímpar de ajudar um povo tão necessitado e estender a nossa mão amiga.
 
19. Ensinamentos colhidos

– Valorizar ainda mais o próximo e o que temos no nosso País;
– Maior valorização da família;
– Enriquecimento profissional, aprendendo e aprimorando as técnicas e táticas de emprego neste tipo de operação;
– Crescimento pessoal.
 
20. As maiores dificuldades que os militares brasileiros enfrentam no Haiti

– A convivência diária com a miséria local;
– A dificuldade de comunicação com a população, embora a tropa tenha tido algumas aulas do idioma creole;
– A diferença de valores e costumes da população haitiana;
– O afastamento da família e dos amigos (principal);
– Os riscos inerentes a uma missão real desta natureza.
 
21. Retrospecto e perspectivas

– Vinte contingentes já nos antecederam. Cada um superou obstáculos diferenciados à custa de muito suor e algum sangue. Já houve períodos de dominância das operações ofensivas de pacificação, períodos de prevalência da ajuda humanitária pós-terremoto e períodos de apoio a processos eleitorais. Atualmente as demandas de apoio aos organismos internacionais de ajuda humanitária e apoio às atividades de fortalecimento das instituições nacionais estão prevalecendo, mas continuamos atuando na manutenção do ambiente seguro e estável, para que as outras atividades de recuperação e reconstrução do País possam ser implementadas e a paz continue garantida.
– Apesar dos desafios da missão, as expectativas são as melhores possíveis, pois a tropa brasileira continua motivada e confiante no cumprimento da missão e da importância dela para a estabilização e a reconstrução do Haiti.

SEMPRE PRONTO PELA PAZ !

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