Tânia Monteiro
O Estado de S.Paulo
O perfil considerado ideal entre os militares para assumir o Exército, a Marinha ou a Aeronáutica, no atual momento do País, é de um oficial-general que tenha forte liderança e apetite político. Também precisa ter pulso para não permitir que a política volte aos quartéis, o que consideram inadmissível, assim como impedir qualquer tipo de interferência do governo nas forças e vice-versa.
A observação vale para PT, que já tentou interferir em assuntos internos no passado, e para Bolsonaro, que, segundo os oficiais, se eleito, não ficará à frente de um governo militar.
Na Marinha, o atual chefe do Estado-Maior da Armada, almirante de Esquadra Ilques Barbosa Júnior, é o favorito. Mesmo próximo de ir para a reserva, o que não é impeditivo, é quem reúne o maior apoio entre colegas.
A boa relação com o Exército também conta a seu favor para substituir o atual titular, almirante Eduardo Leal Ferreira. Mas a lista tríplice conteria ainda os nomes dos almirantes Paulo Cezar Küster, Comandante de Operações Navais, e Liseo Zampronio, Secretário-Geral da Marinha.
Já na Aeronáutica há divisões nas preferências internas. Quem hoje tem mais chances, segundo militares ouvidos pelo Estado, é o número dois na ordem de antiguidade, o atual chefe do Estado-Maior da Força Aérea, brigadeiro Raul Botelho. Caso escolhido, ele será o primeiro negro a assumir o posto.
Conta a seu favor também a influência do seu colega de turma na FAB, coronel Braga Grillo, que está assessorando a campanha e trabalha há anos com o filho de Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PSL), senador eleito pelo Rio.
O brigadeiro mais antigo, porém, é Antonio Carlos Moretti Bermudez, diretor do Departamento de Ensino da Aeronáutica (Depens). Ele também está próximo de ir para a reserva, mas ainda espera assumir o comando da Força. Recentemente, recusou um convite para uma vaga no Superior Tribunal Militar (STM) por acreditar que tem chances de comandar a tropa.
A mesma vaga foi oferecida a Botelho, que também a recusou pela chance de chegar ao posto mais alto da carreira militar. Há ainda um terceiro nome na possível lista da FAB: o brigadeiro Antonio Carlos Egito do Amaral, que está no Comando de Preparo.
Além do comando da FAB há ainda outro posto pretendido pelos quatro estrelas da Aeronáutica: o de chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, hoje ocupado pelo almirante Ademir Sobrinho. A FAB pleiteia que seja chancelado rodízio no posto que, seguindo este critério, deverá ser ocupado agora por um tenente-brigadeiro. Neste caso, valeria a mesma lista de concorrência.
Exército. A sucessão mais delicada, porém, é a do Exército. Caso Bolsonaro seja o eleito, os quatro primeiros na linha de antiguidade foram companheiros de turma do capitão reformado na Academia Militar da Agulhas Negras (Aman): generais Edson Leal Pujol, Paulo Humberto, Mauro César Lourena Cid e Carlos Alberto Neiva Barcellos.
Os nomes considerados mais fortes são o do chefe do Estado-Maior do Exército, general Paulo Humberto César de Oliveira – número dois na linha de antiguidade –, e o comandante Militar do Sul, Geraldo Antônio Miotto.
Embora seja só o quinto mais antigo, Miotto é quem aparece como favorito. Seu perfil é considerado semelhante ao do atual comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, além de ser ligado ao general Hamilton Mourão, vice na chapa de Bolsonaro. Na hipótese de vitória do presidenciável do PSL, Mourão e o general Augusto Heleno, cotado para o Ministério da Defesa, terão forte influência nesta escolha.
Haddad. Caso o eleito seja o candidato do PT, a avaliação é de que Haddad opte pelos primeiros nomes da lista de antiguidade, podendo haver um diferencial em relação ao Exército. Neste caso, há quem lembre que há possibilidade de que o general Marcos Antônio Amaro dos Santos possa ser o escolhido para o comando da Força. Chefe da segurança da presidente cassada Dilma Rousseff, ele foi fiel a ela durante o período em que esteve no Planalto.
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