Cãmara dos Deputados
Pedro França
Delegado Oslain Santana: maior parte da cocaína entra no Brasil pelo Centro-Oeste.Em audiência pública para discutir a entrada de drogas pela fronteira amazônica, nesta terça-feira (28), o deputado Márcio Bittar (PSDB-AC) defendeu a centralização das ações e o aparelhamento da Polícia Federal (PF) como forma de combate ao tráfico.
O parlamentar ressaltou que o País tem mais de 11 mil quilômetros de fronteira com os três maiores produtores de cocaína do mundo – Colômbia, Peru e Bolívia – e que efetivo da PF nessa área não chega a mil homens. Com isso, segundo ele, é quase impossível evitar a entrada de droga no Brasil.
“O problema é gravíssimo. A droga encontra na Amazônia estados muitos pobres como o meu [Acre], pessoas que têm muita dificuldade de acesso a bens de consumo e a lazer e muitos desempregados. Então a droga tem um campo fértil para se alastrar”, afirmou Bittar. Ele e os deputados Padre Ton (PT-RO) e Antônia Lúcia (PSC-AC) sugeriram o debate na Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Rural.
Segundo Bittar, o tráfico de cocaína continua a ser o principal problema a ser combatido nas fronteiras. Para ele, o óxi (constituído 80% por cocaína) não representa uma nova espécie de entorpecente.
Polícia
O delegado da Polícia Federal Oslain Campos Santana afirmou, na audiência, que a corporação vai priorizar as regiões de fronteira no combate ao tráfico de drogas. Para isso, destacou, será necessário ampliar a cooperação com órgãos nacionais e internacionais.
Santana informou que entre 60% e 70% da cocaína que chega ao Brasil vêm da Bolívia e do Peru – a maior parte entra pela Região Centro-Oeste. Segundo ele, o maior fluxo de consumo desse tóxico está nas regiões Sul e Sudeste, devido ao maior poder aquisitivo.
“Droga é um negócio. E para onde você vai direcionar um negócio? Para onde você tem um maior mercado consumidor e pessoas que possam adquirir aquele produto que você está vendendo”, disse.
O delegado disse ainda que a PF confisca de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões, por ano, dos narcotraficantes. Em 2010, foram destruídos mais de 1,7 milhão de plantações de maconha no País.
Óxi
Durante a audiência, o perito criminal federal Adriano Otávio Maldener também afirmou que o óxi – mais forte que o crack e com preço mais acessível – não é uma nova droga no mercado. “O que existe é uma apresentação clássica da cocaína”, disse.
Segundo ele, a versão de que existe uma quantidade muito grande de cal e querosene no óxi não é verdadeira. Segundo análise da Polícia Federal, disse, o querosene não chega a 1% do óxi.