Em um ano, no dia 5 de agosto de 2016, o Brasil sediará os Jogos Olímpicos Rio 2016. Será a primeira vez que as competições acontecerão na América do Sul. De forma integrada aos demais órgãos de segurança pública, o Ministério da Defesa (MD) entra em contagem regressiva para o início desse grande evento mundial.
Como parte dos preparativos para a atuação das Forças Armadas nos Jogos Olímpicos, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), general José Carlos De Nardi, participam na próxima sexta-feira (07) de apresentação sobre o andamento das atividades, às 15h, no auditório do MD, em Brasília (DF).
O objetivo é destacar o trabalho de planejamento e preparação que vem sendo feito desde 2012, sob coordenação do EMCFA e da Assessoria Especial de Grandes Eventos (AEGE). Em entrevista sobre o tema, o chefe da Assessoria Especial de Grandes Eventos (AEGE), general Luiz Felipe Linhares Gomes, adiantou como estão os preparativos, quais serão os eixos de atuação da Defesa e de que forma militares e civis estão se engajando nestes preparativos.
MD – Em termos gerais, como será a participação da Defesa para os Jogos Olímpicos Rio 2016? Qual papel terá a Assessoria Especial de Grandes Eventos (AEGE)?
General Linhares – O Ministério da Defesa, junto com o Ministério da Justiça (MJ) e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), será responsável pela segurança integrada dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Será desenvolvida uma conjugação de esforços dentro da competência de cada órgão de maneira que o evento transcorra em um ambiente pacífico e seguro.
Neste cenário, a AEGE desempenha um papel de coordenadora das atividades no nível estratégico defendendo as posições e transmitindo as orientações do ministro da Defesa e do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas junto a outros órgãos da Administração Pública nos níveis federal, estadual e municipal, assim como junto ao Comitê Rio 2016.
MD – As Forças Armadas já iniciaram os treinamentos para atuação nos Jogos? Cada Força desempenhará um papel específico?
General Linhares – Desde 2012, o MD intensificou os planejamentos para proporcionar a excelência como padrão de segurança para os Jogos Olímpicos, os primeiros a serem realizados em um país da América do Sul.
Inúmeras atividades foram selecionadas e converteram-se em 65 projetos das três Forças Singulares e do EMCFA, os quais foram estudados e priorizados, considerando o espectro de um grande evento, extremamente desafiador.
Muito importante na elaboração desses projetos foi considerar o legado dos grandes eventos anteriores nas mais variadas áreas: expertise, gestão, equipamentos, capacitação dos recursos humanos, entre outros, o que proporcionou uma racionalização efetiva dos meios e, ao mesmo tempo, facilitou serem aprovados pelos ministérios da área econômica.
Dentro do cronograma previsto, além dos projetos de entrega de capacidades para a segurança, já começaram os planejamentos estratégicos, operacionais e táticos dos comandos envolvidos nas competições: um no Rio de Janeiro, onde ocorrerá o maior número de competições, e por isso subdividido em quatro comandos, um para cada setor de instalações desportivas (Barra, Copacabana, Maracanã, e Deodoro); e outros cinco comandos para cada cidade do futebol (Manaus, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Brasília).
Junto a esses comandos regionais outros cinco comandos conjuntos atuarão em áreas especializadas (combate ao terrorismo, defesa cibernética, fiscalização de explosivos, ações aeroespaciais e aeroportuárias e logística). Todos esses comandos participarão dos eventos-teste que ocorrerão até maio de 2016 para aprimorar os planos de emprego.
Cada Força terá seu quinhão de responsabilidades durante os Jogos Olímpicos, fazendo-se representar nos comandos citados, constituindo Estados-Maiores Conjuntos e desempenhando atividades em suas áreas de competência.
MD – A exemplo do que ocorreu na Copa do Mundo FIFA 2014, a atuação da Defesa e das Forças de Segurança será dividia por eixos de atuação?
General Linhares – Sim. Seguindo o modelo adotado na Copa FIFA 2014, o trabalho integrado com os órgãos de segurança pública (OSP) federais, estaduais, municipais e com a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), proporcionará tanto a economia de meios, como a especialização dos esforços, respeitadas as áreas de competência legal de cada ente.
As atividades estão coordenadas no Plano Estratégico de Segurança Integrada (PESI), que retrata o trabalho integrado do MD, MJ, GSI e dos Comandos Conjuntos (CC).
São eixos de atuação da Defesa nos Jogos Olímpicos: Enfrentamento ao Terrorismo, Segurança de Dignitários e Família Olímpica, Polícia Ostensiva, Preservação da ordem pública e ordenamento urbano, Defesa civil, Segurança das instalações, Polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras, Inteligência, Comando e Controle, Ações Marítimas e Fluviais, Ações Aeroespaciais e Aeroportuárias, Ações de Transporte Aéreo Logístico, Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN), Proteção de Estruturas Estratégicas, Segurança e Defesa Cibernética, Fiscalização de Explosivos e Força de Contingência.
MD – Como será coordenação da atuação da Defesa nos Jogos Olímpicos?
General Linhares – Como previsto na legislação, os Comandos Conjuntos estão subordinados ao Ministro da Defesa. Cabe ao EMCFA a coordenação das atividades por intermédio da Chefia de Operações Conjuntas (CHOC) e de suas Subchefias, que atuarão nas áreas de operações, inteligência, comunicações e logística.
MD – Qual é avaliação que o senhor faz sobre o engajamento dos militares e civis da Defesa nestes preparativos?
General Linhares – Como em todos os grandes eventos anteriores, é marcante a dedicação e o comprometimento de todos os envolvidos. As experiências anteriores estão sendo compartilhadas, assim como a discussão sobre a racionalização dos meios em pessoal e em material e o cuidadoso planejamento na concentração das tropas e dos equipamentos. O espírito que permeia por todas as seções e repartições do Ministério da Defesa é o de fazer acontecer. É buscar entregar o melhor em sua área de trabalho, contribuindo para os Jogos Olímpicos, acelerando procedimentos, aperfeiçoando documentos, apresentando sugestões, enfim, participando, comprometendo-se com o objetivo comum que é o de demonstrar para o mundo a capacidade do Brasil realizar um grande evento de sucesso.
MD – A marca dos 365 dias para o início dos Jogos significa que, a partir de agora, o trabalho de planejamento da atuação da Defesa será intensificado?
General Linhares – Desde 2012 trabalhamos segundo um cronograma e aproveitamos a marca dos 365 dias que antecedem os Jogos para fazer um retrospecto das atividades, o que foi alterado, o que ainda está por fazer, o que fugiu ao planejamento.
Na nossa avaliação inicial, constatamos que muito ainda tem a ser realizado, mas que, graças ao trabalho de todos e também ao dos que nos antecederam, os planejamentos foram cumpridos em sua quase totalidade e as correções a serem implementadas já foram identificadas.
Dessa forma, estamos certos de que o Ministério da Defesa, mais uma vez, cumprirá seu papel de contribuir para a segurança e o sucesso desse grande evento de vulto internacional que são os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016.