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Crianças e jovens de região isolada na fronteira do país são atendidos pelo PROFESP

Crianças e jovens uniformizados, atentos à palestra ministrada pelas Tenentes Dentistas do Exército, Castelo Branco e Evelyn sobre escovação e prevenção de cáries. A cena pode ser considerada comum. Porém, ocorreu em um local bastante isolado, que não tem acesso por estradas e onde nove, entre dez habitantes, são indígenas: São Gabriel da Cachoeira, município do interior do Amazonas, situado na região conhecida como “ Cabeça do Cachorro”, na fronteira com a Colômbia e a Venezuela.

Lá, em 2003, foi criado o primeiro núcleo do Programa Forças no Esporte (PROFESP) na região de fronteira do País. Hoje, o PROFESP do Comando de Fronteira Rio Negro/5º Batalhão de Infantaria de Selva atende cerca de 200 alunos, que têm acesso não só a palestras como essa, mas a atividades esportivas, aulas de reforço escolar, alimentação e tratamento odontológico.

São crianças e jovens, muitos deles brasileiros das etnias Baniwa, Baré, Desana, Hupda, Kubeo, Kuripako, Tukano e Yanomani, com idade entre 8 e 16 anos, que, durante a semana, participam de atividades inclusivas e pedagógicas e recebem o principal: “carinho com disciplina”, conforme o lema do PROFESP.

Para uma população que vive muito afastada dos grandes centros, no coração da Amazônia, onde vários dialetos são falados, o Programa tem uma responsabilidade inclusiva ainda maior e mais complexa, pois além da situação de vulnerabilidade social, existem questões de costumes e comunicação.

A professora Edna Vasconcelos, natural do próprio município e “indígena pura”, como ela se autodenomina, começou a trabalhar no núcleo este ano e diz que já percebe a evolução dos alunos, não apenas no campo escolar e esportiva, mas também, no social e comportamental.

Para Edna, as mudanças alcançadas com o PROFESP no comportamento dos alunos influenciam diretamente a vida deles. “As crianças perdem o medo de se comunicar porque, devido às raízes indígenas, muitas vezes, são introspectivas na hora de falar e de se expressar. Com isso, vem o receio de buscar um sonho ou um futuro melhor e o Programa faz com que a perspectiva de vida delas mude para melhor”.

A professora ressalta ainda que as crianças que integram o Programa são carentes e dependem muito do que é ofertado pelos núcleos para desenvolver a autoestima, a organização, o respeito ao próximo e as noções de cidadania. E se emociona ao dizer que, trabalhando com o PROFESP, sente-se fazendo o bem. “Como indígena, sou igual a eles. Ao trabalhar junto aos militares, me sinto realizada vendo o avanço na minha região e o comportamento das nossas crianças, que são valorizadas, cuidadas e respeitadas. Gostaria que o Programa continuasse se expandindo e inserindo cada vez mais quem precisa, regiões afora”.

A aluna Maria Gorete Fontes Venâncio, 14 anos, da etnia Baniwa, cursa o 8° ano do ensino fundamental e, no contraturno escolar, é aluna do PROFESP. Para ela, o Programa oferece a oportunidade de conhecer novas pessoas e interagir com os colegas e professores, ao mesmo tempo em que pode praticar esportes e estudar. “Eu agora até penso em seguir uma carreira militar, assim vou poder ajudar em casa e prosseguir com meus estudos “.

A 3° Sargento Patrícia Silveira trabalha no núcleo há dois anos e reforça o papel do Programa como instrumento de desenvolvimento na vida das crianças e jovens da região. “Mesmo com um pequeno trabalho podemos ver o enorme resultado na vida dessas crianças, pois as retira ruas, dando a oportunidade de tomarem um simples café da manhã, de ter uma alimentação no almoço e esporte para praticar. E vemos a melhoria na vida escolar delas, se esforçando cada vez mais e pensando num futuro melhor”, fala a militar, que se sente grata ao contribuir com o projeto.

O PROFESP é um programa que tem por finalidade promover a valorização dos participantes, reduzir riscos sociais e fortalecer a cidadania, a inclusão e a integração social dos beneficiados, por meio do acesso à prática de atividades esportivas e físicas saudáveis e de atividades socialmente inclusivas, dentro de organizações militares. A iniciativa conta com apoio de parceiros, como o Ministério da Cidadania, o Ministério da Mulher da Família e dos Direitos Humanos e o Ministério da Educação.

Pela grande capilaridade das Forças Armadas, o Programa está presente em 129 localidades de todas as unidades da Federação, inclusive no Arquipélago de Fernando de Noronha e em comunidades indígenas no interior da Amazônia. No total são atendidas cerca de 29.000. Por sua abrangência geográfica e qualitativa, vem se tornando um dos programas mais eficazes, no que diz respeito à segurança pública e ao fortalecimento da Soberania Nacional.

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