Bruno Porto
Hoje em Dia
Os cortes no orçamento executados pelo governo federal bateram na porta do Ministério da Defesa e os impactos são percebidos em contratos já assinados. A chamada nova realidade orçamentária esticou em dois anos o prazo de entrega das 50 aeronaves encomendadas à Helicópteros do Brasil S.A (Helibras), montadas em Itajubá, no Sul de Minas, em um contrato de 1,9 bilhão de euros, com prazo inicial de entrega prevista para 2017, mas estendido para 2019.
A Helibras e a Força Área Brasileira (FAB) confirmaram a postergação do prazo pela necessidade de ajuste ao orçamento do governo federal. A FAB informou que está em curso a revisão do contrato, mas não detalhou se haverá outras alterações, além do prazo. O contrato foi firmado com o Ministério da Defesa em 2008.
A Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (Copac) da FAB já recebeu 15 das aeronaves EC-725, que fazem parte do Projeto H-XBR: quatro para a Marinha do Brasil, cinco para o Exército Brasileiro e seis para a FAB. “Atualmente o contrato está sendo revisto para adequação à nova realidade orçamentária do país. A previsão é de que a entrega da última aeronave aconteça em 2019”, diz a FAB, em nota.
Gradualmente a Helibras executa a nacionalização do helicóptero, que já atingiu 100% de mão de obra local e, por força de contrato, até a entrega da última unidade a aeronave deverá ter 50% de conteúdo nacional. A nacionalização do setor é calculada pelo valor dos produtos fornecidos pelos fabricantes locais e não o seu peso.
O último evento de nacionalização foi a validação da produção do primeiro punho do rotor do EC-725 feito pela fornecedora brasileira Toyo Matic, em Bragança Paulista. São 14 empresas nacionais em processo de transferência de tecnologia com companhias estrangeiras para se tornarem fornecedoras da Helibras nesse projeto. Outras 23, também brasileiras, suprem as demandas da fabricante de aeronaves.
Para atender ao contrato, a Helibras aportou R$ 420 milhões na construção de um novo hangar de 11 mil metros quadrados, em sua planta em Itajubá, para abrigar a linha de montagem do EC-725. O valor também inclui o treinamento de funcionários brasileiros na França, onde é a sede da controladora da Helibras, e a vinda de técnicos estrangeiros para acompanhar a implantação da nova linha no país.
A Helibras é a única fabricante brasileira de helicópteros e completou, em 2014, 36 anos de atividades. Desde a sua fundação, em 1978, a empresa já entregou mais de 750 helicópteros no Brasil, sendo 70% do modelo Esquilo, fabricado em Itajubá (MG). Em 2012, começou a produzir o modelo EC725 (militar), tendo construído uma nova linha de montagem e ampliado todas as suas instalações para esse novo programa.
A Helibras é subsidiária da Airbus Helicopters, que pertence ao Airbus Group, pioneiro mundial nos segmentos aeroespacial e de serviços relacionadas à defesa. Com participação de 47% na frota brasileira de helicópteros a turbina, a Helibras é líder de mercado e mantém instalações em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Sua fábrica, que emprega mais de 850 profissionais e tem capacidade de produção de 36 aeronaves por ano, produz e customiza diversos modelos que atendem aos segmentos civil, governamental e militar.
FICHA TÉCNICA DO EC-725
Peso máximo de decolagem: 11.200 quilos
Capacidade de transporte: dois pilotos e 29 combatentes
Velocidade: 261 quilômetros por hora
Autonomia: alcance máximo de 1.282 quilômetros.
Ministério da Defesa encomendou 2.044 veículos à Iveco
O Ministério da Defesa ainda tem em vigência com empresas mineiras um contrato para fornecimento de 2.044 unidades do Veículo Blindado de Transporte de Pessoal – Médio sobre Rodas (VBTPMR), o Guarani. A fornecedora é a Iveco Veículos de Defesa, com sede em Sete Lagoas, que já realizou a entrega de 190 unidades.
A Iveco não respondeu se os repasses estão em dia ou se o cronograma de entrega passou por revisão. No Ministério da Defesa, o responsável pela área não estava disponível para entrevista.
O contrato para renovação de frota dos blindados do Exército, de R$ 6 bilhões para as 2.044 unidades, motivou a criação da divisão brasileira de veículos militares da Iveco.
A Iveco Veículos de Defesa ainda tinha a intenção de participar de licitação prevista para o primeiro trimestre deste ano para o fornecimento de 186 Viaturas Blindadas Multitarefas – Leve de Rodas (VBMT-LR), um veículo blindado de porte médio com funções múltiplas, como o transporte de militares em locais inóspitos. A licitação, porém, ainda não tem edital publicado.
Uma fase anterior, de habilitação de empresas e recebimento de propostas de produto, já foi realizada. Além da Iveco, foram habilitadas as empresas Avibras/Renault, Amgeneral/Plasan e a Bae Systems.