Search
Close this search box.

Convencer os militares

 

Nota DefesaNet

É fundamental o leitor ver o vídeo com a entrevista na íntegra do Ministro Celso Amorim à Jornalista Miriam Leitão. Link

O editor

Míriam Leitão

O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou que as respostas dos comandantes militares foram burocráticas e administrativas porque estas foram as perguntas feitas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). Os comandantes negaram "desvio de função" dos órgãos que torturaram e mataram. A resposta causou perplexidade. Segundo o ministro, a CNV focou nas questões administrativas.

– No caso dessas sindicâncias (feitas nas três Forças) o foco das perguntas é muito administrativo. Ela foca na destinação dos imóveis e, com essas perguntas, a resposta acabou sendo formal. Até consigo entender, porque há a imprescritibilidade dos delitos administrativos. A Comissão não perguntou se as pessoas foram torturadas e mortas, ela assume que isso aconteceu.

A Comissão da Verdade mandou documentos para o Exército, Marinha e Aeronáutica, detalhando alguns casos de tortura e mortes em sete estabelecimentos militares e, entre outras perguntas, quis saber se houve desvio de função. Os comandantes fizeram sindicâncias e entregaram extensos relatórios em que respondem como foi adquirido o prédio. Fez isso com a sede do DOI de São Paulo, onde tantos perderam a vida. Conta que ele foi cedido inicialmente de forma precária pelo governo do estado e depois regularizado. Sobre o que se passou lá dentro, nenhuma palavra.

São dezenas de páginas sobre o irrelevante. Fui ao Ministério da Defesa, em Brasília, e entrevistei o ministro Celso Amorim, em meu programa da Globonews. Diante da resposta do ministro, perguntei se ele acha que a Comissão da Verdade fez as perguntas erradas:

— Não vou julgar a Comissão. Ela não perguntou se essas pessoas foram torturadas e mortas, ela afirmou. Entendo que a Comissão quer ter um quadro global. Quem determinou o uso do prédio, como foi designado o pessoal, como eram feitos os pagamentos. As respostas são formais, mas não são mentirosas, nem descumprem o que foi perguntado. Elas decepcionam.

O ministro vê como avanços, passos importantes, fatos como: um almoço da Comissão da Verdade com os comandantes militares, conversas com integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e a visita a instalações militares:

— Eu acho interessante que não tenha havido nenhum esforço para negar os fatos. O ministro, na entrevista, disse que as mudanças têm que vir aos poucos e que estamos no fim da transição. O regime militar acabou há 30 anos. Ele apontou como avanço o fato de os militares não comemorarem mais o 31 de março e disse que o ministro da Defesa está hoje na cadeia de comando. Não estava há quatro anos.

— Os militares de hoje não são os militares de ontem e é preciso dialogar com os atuais militares. Eles são importantes para o Brasil, como se vê na Copa, na pacificação do Alemão, da maré. Quando acontece uma seca, uma enchente, a primeira coisa que se vê é a farda. É preciso separar os militares de ontem dos de hoje, mas acho também que eles precisam ser capazes de separar.

Amorim acha que esse entendimento institucional não será feito por decreto, mas pelo convencimento. Perguntei se ele achava que os militares se deixarão convencer a pedir desculpas ao país pelos crimes cometidos durante a ditadura, e ele disse:

— Talvez, não sei. As Forças Armadas de hoje teriam que pedir desculpas pelo que não foi feito por elas, mas talvez fosse bom para eles. Ele foi afirmativo quando eu perguntei pelo material didático dos colégios militares. Acha que "não tem cabimento" não serem usados apenas o material indicado pelo MEC. De novo, disse que está tentando mudar, pelo convencimento.

Os pontos-chave

1 Para Celso Amorim, militares deram respostas burocráticas a perguntas administrativas

2 Comandantes negaram "desvio de função" dos órgãos que torturaram e mataram na ditadura

3 Ministro acha que é preciso convencer os militares a assumirem erros, mas não exigir desculpas oficiais

Comentário DefesaNet

A jornalista Miriam Leitão reproduz uma posição ativista / guerrilheira de seus tempos de participante da LIBELU ( Liberdade e Luta). Fato que ela omite em todos os momentos. Repete uma posição já tomada frente ao Gen Luis Eduardo Rocha Paiva há dois anos.

Também uma posição dúbia da própria Rede Globo que tem incentivado uma posição editorial de agressividade frente aos militares, em especial após os ataque dos "Black Blocks" à sua sede no Rio de Janeiro, em 2013..

Revisão das Organizações GLOBO – APOIO EDITORIAL AO GOLPE DE 64 FOI UM ERRO Link

É a preparação de uma forte campanha contra as Forças Armadas para após a Copa do Mundo. A tentaiva de liberar a ação dos Black Blocks como intimidação política e constranger os governos estaduais e as Forças de Segurança.

O Editor

Compartilhar:

Leia também
Últimas Notícias

Inscreva-se na nossa newsletter