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Com apoio de Bolsonaro, militares conseguiram o que queriam

Adriana Fernandes,

O Estado de S.Paulo

Estadão

 

BRASÍLIA – No início do ano, a exigência do presidente Jair Bolsonaro de que os militares das Forças Armadas ficassem de fora da reforma da Previdência era um dos temas mais polêmicos e sensíveis dentro de um governo que começou  recheado de generais nos mais altos cargos da Esplanada dos Ministérios. 

Havia na época a preocupação da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que a ausência dos militares na reforma inviabilizasse a narrativa construída pelo governo para conseguir apoio popular à proposta: regras iguais para todos.

Paulo Guedes até considerava que os vencimentos da caserna estavam defasados, mas integrantes da sua equipe e lideranças da Câmara o advertiram que o reajuste contaminaria a discussão da reforma da Previdência.

Guedes queria que a proposta de reforma fosse enviada junto com as dos militares. A categoria, porém, temia que os deputados aprovassem só a parte ruim (aperto nas regras), retirando a parte boa, o reajuste dos salários e a reestruturação das carreiras. 

Bolsonaro bateu o pé e a reforma foi para o Congresso sem os militares.

Deputados chegaram a condicionar a tramitação da reforma da Previdência ao envio do projeto dos militares, o que só ocorreu um mês depois. Enquanto o projeto não chegou, a PEC da Previdência não andou.

É surpreendente que, depois de tanta polêmica e críticas de que os militares seriam os únicos a serem premiados com aumento salarial, o ano tenha terminado com a aprovação do projeto pelo Congresso sem pressão e oposição da população.

O maior temor dos militares era justamente que o Congresso colocasse o projeto na geladeira.

Não o fez. A articulação dos últimos dias para a liberação de recursos para emendas deu o empurrãozinho que faltava. Os militares vão virar o ano aliviados.  Saem com regras diferenciadas, como queriam, e com a garantia da reestruturação das carreiras que permitirá aumento dos salários e gratificações.

O projeto de lei do Orçamento já tem previsão de R$ 4,7 bilhões para bancar o custo em 2020.

É só o começo.

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