Adriana Fernandes,
O Estado de S.Paulo
Estadão
BRASÍLIA – No início do ano, a exigência do presidente Jair Bolsonaro de que os militares das Forças Armadas ficassem de fora da reforma da Previdência era um dos temas mais polêmicos e sensíveis dentro de um governo que começou recheado de generais nos mais altos cargos da Esplanada dos Ministérios.
Havia na época a preocupação da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que a ausência dos militares na reforma inviabilizasse a narrativa construída pelo governo para conseguir apoio popular à proposta: regras iguais para todos.
Paulo Guedes até considerava que os vencimentos da caserna estavam defasados, mas integrantes da sua equipe e lideranças da Câmara o advertiram que o reajuste contaminaria a discussão da reforma da Previdência.
Guedes queria que a proposta de reforma fosse enviada junto com as dos militares. A categoria, porém, temia que os deputados aprovassem só a parte ruim (aperto nas regras), retirando a parte boa, o reajuste dos salários e a reestruturação das carreiras.
Bolsonaro bateu o pé e a reforma foi para o Congresso sem os militares.
Deputados chegaram a condicionar a tramitação da reforma da Previdência ao envio do projeto dos militares, o que só ocorreu um mês depois. Enquanto o projeto não chegou, a PEC da Previdência não andou.
Nosso Senado Federal no dia de hoje aprovou o PL 1645, foi uma vitória das Forças Armadas Histórica !! Os Senadores reconheceram a importância estratégica das Forças Armadas, bem como das Polícias Militares e Bombeiros !! Obrigado Pres Alcolumbre por sua atitude!! Muito obrigado! pic.twitter.com/zG52R3dLtS
— Ministro Luiz Ramos (@MinLuizRamos) December 5, 2019
É surpreendente que, depois de tanta polêmica e críticas de que os militares seriam os únicos a serem premiados com aumento salarial, o ano tenha terminado com a aprovação do projeto pelo Congresso sem pressão e oposição da população.
O maior temor dos militares era justamente que o Congresso colocasse o projeto na geladeira.
Não o fez. A articulação dos últimos dias para a liberação de recursos para emendas deu o empurrãozinho que faltava. Os militares vão virar o ano aliviados. Saem com regras diferenciadas, como queriam, e com a garantia da reestruturação das carreiras que permitirá aumento dos salários e gratificações.
O projeto de lei do Orçamento já tem previsão de R$ 4,7 bilhões para bancar o custo em 2020.
É só o começo.