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Censipam busca parceria para uso de satélite japonês

Para estudar uma possível parceria para operação de satélites de imageamento territorial, uma comitiva da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) esteve na terça-feira (22) no Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), em Brasília.

A Jica tem apoiado países em desenvolvimento em iniciativas de manejo florestal sustentável em associação a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (Jaxa). Uma das atividades é o desenvolvimento do Sistema de Alerta Precoce Florestal nos Trópicos (JJ-Fast), que usa o Satélite Avançado de Observação de Terra-2 (Alos-2).

Lançado em 2014, o satélite Alos-2 está equipado com radar de abertura sintética (SAR), que enxerga através das nuvens e observa as mudanças na floresta, o que permite monitorar o desmatamento durante todo o ano. O sistema é utilizado em 77 países e produz relatórios que apontam como as florestas podem impactar o planeta. A intenção japonesa é ampliar ainda mais essa iniciativa.

Os representantes da Agência de Cooperação Internacional do Japão, Hiroaki Okonogi, Takahiro Endo e Yutaro Tanaka, conheceram o sistema SipamSAR, que produz alertas de desmatamento para órgãos ambientais de fiscalização, de forma semelhante ao JJ-Fast. O coronel Miguel Archanjo explicou o funcionamento do sistema, desenvolvido pelo Censipam por meio do projeto Amazônia SAR. Ele mostrou como é o fluxo de trabalho na obtenção, processamento e divulgação de dados recebidos da constelação de satélites italiana Cosmo-SkyMed. O processo demora cerca de dois dias até o envio para os órgãos de fiscalização.

No ciclo 2017-2018, foi imageada uma área de cerca de 300 mil km2. No atual ciclo 2018-2019, já foram quase 250 mil km2. O próximo passo do projeto Amazônia SAR é a implantação das antenas de recepção em solo. Duas antenas foram adquiridas e serão instaladas este ano em Manaus (AM) e Formosa (GO). Elas abrangem todo o território nacional, o mar territorial e o bioma amazônico. O diretor técnico do Censipam, Cristiano Cunha, afirmou que as antenas são multisatelitais e podem receber imagens tanto de satélites ópticos quanto de satélites com radar de abertura sintética (SAR).

A perspectiva das instituições é que o Censipam possa utilizar imagens da nova versão do satélite japonês, o Alos-4, para monitoramento da Amazônia. Em contrapartida, os japoneses poderiam utilizar as antenas brasileiras para descarregar imagens. Existe também a intenção de cooperação para monitorar outras áreas temáticas e realizar treinamento de recursos humanos para uso e disseminação de imagens do Alos-2.

“Vamos levar as demandas do Censipam ao Japão e verificar qual caminho podemos seguir para firmar a parceria entre os dois países. Queremos promover melhorias para que o produto oferecido pelo JJ-Fast se adapte às necessidades do Brasil. Se conseguirmos combinar o SipamSAR e JJ-Fast, podemos ter um resultado para análise mais eficaz nas atividades contra o desmatamento”, disse o professor Hiroaki Okonogi.

Atualmente, o JJ-Fast produz alertas com resolução de 50 metros. Com o lançamento do Alos-4, o Japão pretende alcançar a resolução de 3 metros.

A Agência de Cooperação Internacional do Japão busca acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O chefe do Centro de Sensoriamento Remoto do Ibama, Edson Eyji Sano, afirmou que a intenção é utilizar inteligência artificial para ranquear os alertas de desmatamento, dando nível de prioridade às ações de fiscalização. “Queremos saber se o polígono está crescendo ou se está próximo a áreas de conversação. Esses parâmetros podem ser utilizados de forma que tenhamos diferentes níveis de prioridade. E queremos fazer isso de forma automatizada”, disse o representante do Ibama.

“Tendo em vista que o acordo com o Ibama está mais avançado, acredito que o Censipam poderá contribuir na cooperação como copartícipe, de forma a atender os interesses das três entidades. Nossa intenção é colaborar para aprofundarmos ainda mais essa parceria”, afirmou o general Luiz Felipe Linhares, diretor de Administração e Finanças do Censipam.

Fotos e texto:  Willian Cavalcanti/Censipam

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