Pelo menos dez pistas clandestinas utilizadas para pousos e decolagens de aeronaves a serviço de garimpeiros foram identificadas pela inteligência da Força Aérea Brasileira (FAB). Duas delas devem ser destruídas no âmbito da Operação Ágata 4 – ação conjunta que envolve as Forças Armadas brasileiras e agentes de segurança pública na fronteira do Brasil com a Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa, na região Norte do país. A FAB identificou as pistas em reservas indígenas no estado de Roraima. O comando da operação irá definir dentro dos próximos dias os locais que serão destruídos.
A informação foi transmitida pelo chefe do Comando Militar da Amazônia (CMA), general-de-exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, durante reunião com o vice-governador do Amazonas, José Melo, e representantes de entidades empresariais e jornalistas no Centro de Operações da CMA, nesta capital (foto ao lado). Villas Bôas – comandante da Operação Ágata 4 – avaliou que o principal resultado desta ação, que envolve mais de 8,5 mil militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, será o de mapear a área fronteiriça de pouco mais de cinco mil quilômetros.
“Essa operação está sendo realizada numa área que consiste num grande ponto cego para nós. Se sairmos de Bonfim e seguirmos até o Oiapoque, teremos uma grande área onde inexiste a presença do Estado brasileiro”, disse o general.
A Ágata 4 é a maior atuação na fronteira com os países sul-americanos coordenada pelo Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). As operações integram o Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), lançado em junho do ano passado pela presidenta Dilma Rousseff. Além da operação deflagrada pelo Ministério da Defesa, o plano estratégico conta com a Operação Sentinela, sob responsabilidade do Ministério da Justiça.
Efetivo militar
Durante as próximas semanas, tropas militares acompanhadas de fiscais de órgãos como o Ibama, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança, dentre outros, vão atuar no combate ao tráfico de drogas e de pessoas, descaminho e crimes ambientais. Além disso, o hospital de campanha da FAB se deslocou para o atendimento às populações ribeirinhas do distrito de Moura e do município de Barcelos, distante 490 quilômetros de Manaus (AM).
Na reunião com o vice-governador do Amazonas e empresários, o general Villas Bôas informou que, em função das enchentes que atingem cerca de 40 cidades do estado, ficou determinado que as tropas irão atuar em apoio aos funcionários da Defesa Civil. De acordo com dados repassados pelo governo do Amazonas, as localidades situadas nas margens dos rios Negro e Solimões enfrentam problemas com as enchentes que já desalojaram milhares de cidadãos.
“A atuação das Forças Armadas acontecerá de acordo com aquilo que for solicitado pelo governo do estado”, reforçou o general Villas Bôas.
Ao término da reunião, o governador José Melo disse que a Operação Ágata 4 “é muito importante para a região, pois vai permitir que o país tome conhecimento dos problemas em nossas fronteiras”. Segundo avaliou, “as Forças Armadas na Amazônia têm ido além daquela missão constitucional destinada a elas que é a de garantir a soberania nacional.”
Visita oficial
Durante a reunião no Centro de Operações do CMA, o general Villas Bôas informou que o vice-presidente, Michel Temer, e o ministro da Defesa, Celso Amorim, visitarão a região onde ocorre a Operação Ágata 4, nos dias 14 e 15 de maio. Ele explicou que, nesses dias, Temer estará como presidente da República em exercício.
Além dessa visita, o comandante da operação informou também a atuação de observadores militares da França, da Venezuela, do Suriname, da Guiana e da Guiana francesa. Villas Bôas explicou que todos os países da região de fronteira foram informados antecipadamente da Operação Ágata 4, em visitas realizadas na primeira quinzena de abril pelo chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general-de-exército José Carlos De Nardi.