Com a realização da Operação Ágata 4, o Ministério da Defesa conclui o patrulhamento na região fronteiriça do Brasil com dez países sul-americanos. A informação é do contra-almirante fuzileiro naval Jorge Armando Neri Soares (na foto ao lado, segundo da direita para a esquerda) – que acompanha as atividades na área do Comando Militar da Amazônia (CMA), onde se desenvolvem as ações de combate ao tráfico de drogas, contrabando de armas, crimes ambientais, garimpos ilegais, extravio de madeira, entre outros, numa área de cerca de cinco mil quilômetros.
A presidenta Dilma Rousseff autorizou, para este ano, três edições da Ágata. “Desde a primeira edição, estivemos atuando nas fronteiras de dez países com 11 estados brasileiros que totalizam 710 municípios”, explicou o almirante Armando.
O militar representa o Ministério da Defesa no comando da Operação Ágata 4. Parte do Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), lançado em junho do ano passado pela presidenta Dilma Rousseff, a operação tem por objetivo manter a presença do Estado brasileiro de forma mais efetiva. Para o almirante Armando, a partir de agora as Forças Armadas do país terão informações sobre essas regiões. A Ágata está sob a coordenação do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). “O governo tem interesse em marcar presença e coibir os crimes fronteiriços”, disse o almirante.
Hospital de campanha
A partir do fim de semana, o hospital de campanha da Força Aérea Brasileira (FAB), montado numa balsa, começa a atender a população ribeirinha no distrito de Moura, a 90 quilômetros de Manaus, e no município de Barcelos, que fica distante 490 quilômetros da capital do Amazonas.
Rebocado por uma embarcação pelo rio Negro, o hospital é dotado de modernos equipamentos para realização de exames, como raio-X, ultrassom e hemograma, e suas barracas possuem instrumentos para atender a população nas seguintes especialidades: clínica médica, dermatologia, ortopedia, pediatria, ginecologia – inclusive com exame preventivo – e odontologia.
O hospital tem capacidade para realizar até 400 atendimentos por dia. A unidade – que já foi utilizada para atendimento das vítimas do terremoto no México e no Haiti, bem como as populações dos estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina, atingidas pelas enchentes, despertou o interesse da presidenta Dilma Rousseff. O comando da operação recebeu informações de que a presidenta tem interesse em conhecer o hospital de campanha já na próxima semana.
Aparato militar
A Operação Ágata 4 se desenvolve no Norte do país numa área que faz divisa com a Venezuela, o Suriname, a Guiana Francesa e a Guiana. O patrulhamento mobiliza mais de 8,6 mil militares e civis com a participação de entidades governamentais, como Ibama, Funai e Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), além de fiscais da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O levantamento dos setores de inteligência das Forças Armadas resultou na identificação de, pelo menos, dez pistas clandestinas utilizadas para pousos e decolagens em áreas de garimpo. Nas últimas horas, militares da FAB, em parceria com funcionários da Anac, estão realizando uma operação “pente fino” nos aeródromos. O objetivo é verificar os documentos dos aviões, as licenças dos pilotos e as condições das aeronaves.
Entrevista coletiva
O chefe da Operação Ágata 4, general-de-exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, explicou em entrevista coletiva que um dos objetivos da ação é promover o mapeamento da região, que é considerada um “ponto cego” para as Forças Armadas. Com o levantamento dos dados, o governo poderá ter condições de estabelecer medidas para a área fronteiriça. Segundo o militar, a região tem entre 50 e 100 mil habitantes – excluídos os moradores de São Gabriel da Cachoeira (AM) e Boa Vista (RR) – e pouca presença das Forças Armadas.
“A operação que realizamos aproveita experiências das edições anteriores. A diferença entre a ação atual e as antigas é que o patrulhamento se dá numa região que é um grande vazio”, destacou o general Villas Bôas.